Dia desses me perguntaram por que “Pós Sobretudo de Lona”, se eu era outro depois de “um outro” Sobretudo de Lona. NÃO. Sou eu mesmo. Creio que o Sobretudo nasceu em 2000 ou 2001, não tenho certeza. Quando não estava trabalhando, eu vagava pelas madrugadas urbanas (ou não) com uma enorme motocicleta negra. Nesse período vi e vivi muitas coisas. Procurei narrar tudo ou quase tudo. O tempo passou e mudou. Eu fui envelhecendo e, igualmente, mudando. Experimentei fazer uns outros blogs com nomes diversos (alguns estão ativos) e, apesar de me reescrever e me redesenhar acabei percebendo que algumas coisas ficam, são atávicas e não deixei o espírito do Sobretudo. Por isso, sete anos depois (uma vida!) percebi que, se por um lado eu não era mais aquele, por outro, era. Então eu sou um pós eu. E como o tempo (e a vida) mudam mais rapidamente agora, quem sabe uma hora eu não serei o Pós-Pós Sobretudo? Não sei e não quero nem pensar nisso por enquanto. Bom, aí está a resposta – espero que tenha sido clara.
Por outro lado, sei que não tenho escrito legal, que as coisas vêm meio como desabafo, de forma não linear e as pessoas não entendem muito o que estou ou do que estou falando. SEI DISSO. Talvez uma hora eu tenha tempo de contar essas histórias que estou vivenciando de forma compreensível. Talvez também não tenha esse tempo. Dia desses um amigo comentou neste espaço que os textos de K são fluidos, dão para ler enquanto os meus são densos e exigem muita concentração do leitor. Sinceramente não creio que seja isso, simplesmente Kastor escreve melhor do que eu. Quando sento aqui e escrevo, não tenho a capacidade de narrar, de ser linear, de ser uma leitura agradável. Minha cabeça pula de um lado para o outro, os pensamentos e sentimentos se misturam, os espíritos guerreiam e a vida – como já disse – não é uma só… Ainda talvez o embasamento filosófico (se existe algum) se embaralhe porque eu me embaralho comigo, tenho, muitas vezes, a impressão de que sou um monstro com um corpo e várias cabeças que, evidentemente, não se entendem. Lógico. Juro que tento ordenar as coisas, mas confesso minha incapacidade (quem sabe, momentânea). Igualmente ocorre com minhas incursões na literatura e, quando me dou contra, estou lendo quatro livros ao mesmo tempo e seus conteúdos também me invadem já misturados. Não tenho pastas nem gavetas na alma, tudo me cai num enorme saco de gatos ou num poço sem fim (que eu perceba). Coisas da vida, coisas de quem, irracionalmente, inventou de ter, simultaneamente, muitas vidas, muitos eus. Portanto, meus amigos não devem se preocupar com o conteúdo, devo ser leitura breve e barata. Almanaque vagabundo de farmácia de cidade do interior (para quem ainda lembra que existiam esses almanaques).
Ainda não contei, mas adoro livros policiais, de mistérios e etc. Adoro literatura barata, quando não tenho que prestar muita atenção nem me concentrar demais. Adoro igualmente não fazer nada, olhar para tetos e paredes e deixar que as coisas me venham e, se não vierem, que eu possa inventar uma história qualquer, uma coisa rascunhada em guardanapo de bar enquanto tomo uma cerveja. Adoro saber que meus amigos e queridos estão bem e aos meus inimigos, as batatas. Me satisfaço igualmente jogando conversa fora no MSN ou revendo aquelas séries antigas como Os Monstros e tal. Sabe? Já repeti que sou espartano, que adoro miojo, que me interessam os azulejos do chão da minha casa, que observo as janelas do hotel em frente e fico pensando no que estará acontecendo naqueles apartamentos, que pessoas estarão por trás das cortinas, porquê se hospedaram ali e tal. Sorrio das pessoas não saberem o que sou, quem sou nem como tudo levou à esse personagem de si mesmo (que muda constantemente) que vos fala.
Queria saber escrever sonetos – isso me frustra um pouco, mas faz parte do jogo de sonhos versus realizações. Acho que é isso…
Disseram