Archive for the 'Poesias' Category

Eternamente abril

Entre idas e vindas e o ar fino iniando a esfriar abril começo a me debater entre isso e aquilo, possibilidade X ou Y, vontade e volúpia entre folhas secas e amarelas que já começam a cair para gáudio dos garis. Alegria também dos velhos, dos muito jovens, dos apaixonados… de todos. A percepção de ar fino, aprendi com Vinícius. Estar vivo é continuar a ter sensações, impressões, sentimentos e náusea, mas também de alegria, felicidade…. é, acredito, ser e estar pleno. E claro que nem sempre estamos assim. O que resta é caminhar à tardinha pela Lapa ou o Leblon, mesmo com uma chuvinha fraca, mesmo com a ignara à espreita, dentes negros e vampirescos, com seus eternos golpelhos à sorrelfa. Enquanto isso…

As Cores De Abril

Composição: Vinicius de Moraes / Toquinho

As cores de abril
Os ares de anil
O mundo se abriu em flor
E pássaros mil
Nas flores de abril
Voando e fazendo amor

O canto gentil
De quem bem te viu
Num pranto desolador
Não chora, me ouviu
Que as cores de abril
Não querem saber de dor

Olha quanta beleza
Tudo é pura visão
E a natureza transforma a vida em canção

Sou eu, o poeta, quem diz
Vai e canta, meu irmão
Ser feliz é viver morto de paixão

Roberto Carlos… Muitas Emoções

Olha, sem querer ser agressivo, eu queria fazer um depoimento…. Não existe coisa mais bela, mais terna do que assistir Roberto Carlos. Acho que esse apelido de “Rei” é pouco, surgiu numa época em que se escolhiam reis…. Desde a mais tenra juventude, cresci ouvindo Roberto Carlos e agora, velho e cansado, continuo me emocionando igualmente. Sim, precisamos de ícones, de mitos, de ídolos. E ele é um marco inqüestionável.

Hoje eu escuto aqui e ali pessoas falando mal dele, comparando a Paulo Coelho em vendagens e tal. Roberto Carlos é um marco. O que existe é antes e depois dele. E falar mal, bicho…. é resultado da ratataia, da gentalha, da ignara reinante. Tô fora. Eu e meus contemporâneos aprendemos a amar Roberto Carlos. E continuamos amando. O resto… bom, é o resto…

Muitas Emoções……

Drumond e M.

Como sou egoísta com as minhas coisas, nunca falei de uma menina que é minha super amiga há muitos e muitos anos. Ela não aparece sempre, não impõe sua presença, mas quando chega, vem sempre me oferecer uma palavra de carinho ou um texto que me renova. Seu nome? M. Ninguém aqui conhece. Aliás foi ela que me ensinou a montar meu primeiro blog.

Olha o texto de Drumond que ela me enviou:

Cortar o Tempo

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no
limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e
entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra
vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra
diante vai ser diferente

Emoção é Casulo da Vida

O que está acontecendo com a temperatura? No Rio de Janeiro está fazendo mais de 40° há dias, as pessoas não agüentam tanto calor. Efeito estufa? Bom, se é, podemos já parar com todas as ações preventivas porque o mundo já está mesmo perdido e a catástrofe não virá para nossos netos como se alardeia, a catástrofe já está instalada, o inferno já é aqui.

O inferno é um conceito metafísico e o diabo, sem dúvida, é alguém atraente, alguém capaz de elevar nossas vidas a uma espécie de paraíso inverso ou metafísico, onde o chifrudinho tomou o lugar do deus barbudo. E a considerar que tudo é filosofia, imagino que devemos rever todas as atitudes, todas as coisas que fazemos e que constituem nosso passado. O melhor é não haver passado (ao contrário do que eu disse uma vez aqui). Perspectiva de futuro é pura imaginação – bem verdade – mas é matéria salvadora, é possibilidade de ainda dizer ou fazer alguma coisa coerente, alguma coisa que dê prazer. Porque não posso deixar a vida ser alguma coisa assim, que me leva como uma forte correnteza. Diz-me uma conhecida que devemos lutar contra a maré, mas buscar sempre a felicidade a qualquer custo porque o homem só é pleno no estado de felicidade, só conhece e reconhece coisas e pessoas quando está bem.

Revisitar o passado pode ser um engano, pode ser um tiro na água (ou no pé), pode ser rebuscar coisas que não tem importância para o agora (boas ou ruins) porque valeram tão somente para um determinado momento em que foram vividas. Como um amor antigo, um livro já lido, uma guloseima já saboreada. O complicado dessa história é que resvalamos, nos perdemos, não entendemos o que está acontecendo e, no desespero de buscarmos um porto, nadamos da direção errada. Muitas e muitas vezes eu nado na direção errada.

Mas chorar não adianta, chorar é apenas dar vazão à dor, o que é muito bom mas não tem um caráter filosófico nem metafísico. Chorar é como beijar. Momento. Explosão. Mas tudo passa. As coisas estão passando velozmente e não estamos nos dando conta porque estamos sendo levados, não estamos entendendo que o caminho tem que ser inverso, a hora é de remar contra a maré, de buscar alguma coisa nova e saudável para o espírito. A hora de escrever um poema…ou um conto….ou uma linha. Não importa o tamanho da contribuição que damos à nossa alma, importante é estar presente e ver, somente no novo, a perspectiva de um encaminhamento melhor para as emoções – que terminam sendo o casulo na vida.

Repito: Emoção é Casulo da Vida. E se é assim e se o bem e o bem existem, estamos vivendo de quê num momento em que percebemos que tudo nos escorre entre os dedos, que perdemos a percepção de prazer – como se essa sensação estivesse presa, fosse um direito exclusivo do passado? Não é. Nada é o que imaginamos num primeiro pensamento. Nada é tão simples nem tão difícil que não possamos vivenciar todo o tempo, ainda que de formas variadas.

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Quando eu estou aqui
Eu vivo esse momento lindo
Olhando prá você
E as mesmas emoções
Sentindo…

São tantas já vividas
São momentos
Que eu não me esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que eu contei aqui…

Amigos eu ganhei
Saudades eu senti partindo
E às vezes eu deixei
Você me ver chorar sorrindo…

Sei tudo que o amor
É capaz de me dar
Eu sei já sofri
Mas não deixo de amar
Se chorei ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi…

São tantas já vividas
São momentos
Que eu não me esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que eu contei aqui…

Eu estou aqui
Vivendo esse momento lindo
De frente prá você
E as emoções se repetindo
Em paz com a vida
E o que ela me trás
Na fé que me faz
Otimista demais
Se chorei ou se sorrir
O importante
É que emoções eu vivi…

Se chorei ou se sorrir
O importante
É que emoções eu vivi…

Roberto e Erasmo Carlos

Eu e meus espelhos convexos

Vem chegando nem tão lentamente o movimento que dá início ao fim. O que entendo por fim é apenas conclusão (às vezes precipitada) de um processo. E, na verdade, estamos todos, sempre ‘em processo’. Vejo uma certa poesia estranha, talvez suja ou não, sonetos cantados com expectativa excludente dessa poesia. No final, vira um rascunho meu porque não questiono a atividade do poeta, daquele que escolhe dispor, anunciar o sentimento do povo. Não guardo más impressões de livros inconclusos (basta lembrar a genialidade de Kafka em O Processo – inconcluso). Talvez todo mundo, eventualmente, sofra de um “síndrome de Kafka”. Percebo minha imagem refletida no espelho e questiono a mim que o está mais inconcluso: eu ou a imagem refletida. Não obtenho a resposta substantiva que me agradaria. Pior: não existem respostas substantivas porque nosso reino ou mundo é fuído, escapa entre os dedos da mão. Sou uma ampulheta, imagino, que, ao invés de acondicionar areia em seu interior, tem água no lugar. Uma ampulheta que mede o tempo pela descida da água. Ou será o contrário? Posso imaginar que, na verdade, todas as ampulhetas sejam usadas com água como medidor e tão somente umas poucas, com areia, nos sejam mostradas para que tenhamos uma visão equivocada do universo. Tudo no universo implica numa visão errada, equivocada mesmo. Não posso admitir que nada seja como é, aliás, como parece ser. Os anéis de Saturno não me dizem nada mais do que apresentam: Saturno tem anéis. Espelhos, como num parque de diversões, deformam a visão que temos das coisas. Tenho a impressão que existem espelhos etéreos, que eles colocam-se eventualmente à nossa frente e deturpam o que vemos e sentimos. Ou sou apenas eu? Quando caminhos nessa rua chutando latas, esse hábito vagabundo, imagino que meu mundo seja refratário de um outro, que posso vivenciar reais irrealidades em outra  perspectiva. Não sou o que sou e menos ainda o que aparento ser. Sou um projeto (inacabado) de uma terceira coisa, algo que imagino que poderia ser se eu mesmo escrevesse. Um dia, se eu tiver tempo, vou escrever um script para mim mesmo, comprar roupas e máscaras, maquiagens, etc. para entrar em cena. Eu ainda não entrei em cena em 52 anos na coxia dos palcos. E olha que nasci num camarim. Meu pensamento foi tomando outro rumo…. Na verdade eu falava dos poetas e de interpretá-los e entender que eles são para- raios das pessoas e representantes da sociedade. Essa falta de encadeamento nos rascunhos parece um erro ou uma disritmia aos menos atentos, mas eu não me importo. Sigo em frente, chutando latas, escrevinhando quadrinhas em paredes sujas…. Pode ser ainda a influências dos vários e pequenos quadros nos teatros de revista, esses mesmos com que ando tão envolvido….Pode ser, mais provável, que não seja exatamente eu quem está aqui. Vou jogar tarô.

Caio Fernando Abreu

Embora agradável, sempre achei a leitura uma coisa difícil. Bem mais jovem, devorava Caio Fernando Abreu com um apetite de insano. Somos todos insanos mofados. Sei que, de antemão, somos todos amaldiçoados e os queribins gordos servem unicamente às senhoras bem velhas que já se despojaram de tudo. Quando há vida pela frente, existe uma esperança (ainda que pueril) no que virá amanhã (se esse amanhã chegar). Não temos medo da morte nem de maldições de quaisquer espécies, somos fortes, super-homens. Um dia, de madrugada, após derrubar uma garrafa de uísque, senti-me profundamente frágil, frágil como um anjo de gesso antes de ser pintado. Nesse dia, ainda lendo Caio Fernando, percebi que ninguém entendia o que eu falava – sentimento que permanece até hoje, 25 anos depois. Tomei, então, uma atitude extrema, uma atitude infantil talvez (mas não importava porque era sempre uma atitude!). Deixei Caio de lado e persegui outros caminhos, outros escritores, outros poetas. Hoje, arrependido, não tenho certeza se fiz bem ou mal, se fui coerente comigo e com ele ou não – não interessa mais. Estou voando sobre outras asas, conhecendo outros mistérios, me ‘divinizando’ em outros potes de mel. Erradao? Talvez… Prematuro? Sempre! Arrependido? Não, creio que jamais. O que posso fazer – e faço – é voltar a Caio Fernando, é ler e reler tudo o que ele me disse e escutar com esse velhos ouvidos aos novos ensinamentos. O mais? Ah, o mais….

Confissão

Sim, reconheço que exagero quando falo de mim. Não sou nem tanto nem tão pouco. Em meio a alguns sentimentos e atitudes que relato superlativamente, promovo algumas coisas com o sentimento de paz próprio dos desesperados. Me deixo enredar, por exemplo, pela mulher do terreno vizinho, a que me acena na manhã chuvosa e me oferece um pouco de alecrim. Ela sabe de algumas excentridades, mas entende, percebe minha trajetória oblíqua, mais ou menos ímpar. Ela sorri quando, armado com um regadorzinho de plástico, me alegro em molhar suas plantas, aquelas da cerca que dividem nossas casas.

Cuida de mim, quando a vontade de tudo me foge e, de mãos dadas, me conta isso e aquilo, pequenas coisas, breves acontecimentos da sua vida que me distraem e me fazem sorrir como um garoto. Se tenho expectativas? Sim e não. Não essas expectativas “de homem”, machistas mesmo. Não e não. São outras expectativas como por exemplo a esperança de tê-la sempre por perto, mesmo vizinha, mas atenta e gentil e carinhosa. Pensam naquele sexo arrebatador? Não. Porque ele é bom, mas é pulsão: vem, cresce, chega a um ápice e esfria. Pode acontecer, mas não só ele. Não é assim que nos damos.

Nos entregamos diariamente a pequenas carícias, às vezes críticas construtivas, outras vezes a banais observações sobre o tempo ou a política de nossa cidadezinha. Comentamos ainda notícias do jornal, mas temos uma coisa peculiar, um hábito diferente. Diariamente, ou quase diariamente, escrevemo-nos, preparamos uma cartinha carinhosa, estimulante, sensual e deixamos, sorrateiros como crianças, no umbral um da casa do outro. São as alegrias matinais primeiras: lermos o que nos escrevemos em qualquer momento do dia.

É uma história ainda a ser contada.

Itapoã

O dia ameno, o céu azul, a brisa que bate. Fico olhando todas essas coisas e me vêm à cabeça algumas poesias de Vinícius. Assim, sem mais nem porquê. Sérgio Porto, através do seu personagem Tia Zulmira disse uma vez que “Vinícius de Morais era mesmo uma pessoa plural. Se não fosse, seria Viníciu de Moral.”

E as poesias dele me chegam assim, como que trazidas pelo vento, como se fosse  uma tarde em Itapoã. Uma vez eu estava em Itapoã sentado numa cadeira na areia perto do mar. Olhei os coqueirais, olhei tudo e abri um papelzinho com a letra de Tarde em Itapoã. Li, reli, cantarolei. O mais importante foi perceber como a descrição de um poeta, como o olhar de um poeta embeleza e aumenta tanto as coisas. Entendi também que eu prefiro ouvir a música de Vinícius no Rio, em Ipanema do que propriamente ir a Itapoã.


Ela…

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"A descoberta do Prozac criou um universo de eunucos felizes"

"É-nos impossível saber com segurança se Deus existe ou não existe. Por isso, só nos resta apostar. Se apostarmos que Deus não existe e ele existir, adeus vida eterna, Alô, danação! Se apostarmos que Deus existe e ele não existir, não faz a menor diferença, ficamos num zero a zero metafísico" Albert Camus

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""Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia. E, no entanto, o leitor se desgasta, se esvai, em milhares de livros mais áridos do que três desertos."
Nelson Rodrigues

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