Archive for the 'reais fantasias' Category

Miar como meu Gato

Lendo Oceano Mar (já bem no finalzinho), indicação dela (que sempre indica o que há de melhor). Realmente um livro como poucos. Lembra-me um pouco Elias Canetti, mas não é bem isso, é de uma outra forma. Os livros voltam a se avolumar aguardando leitura. Tem os Ensaios Reunidos do genial Samuel Rawet e outras cositas más. Insisto em que o tempo é curto, não tenho como fazer todas as coisas que desejo mais as que necessito. Existe em mim uma pressa, um desassossego daqueles que estão com a morte decretada como se todos nós não estívessemos. A morte deixa de ser essa coisa longínqua em que não pensamos mais. Reflexo, com certeza da idade (muito embora conheça gente de oitenta anos que não pensa nisso). Ou então é de mim mesmo, talvez falta de assunto para pensar… sempre desejei pensar como a boneca Emília ou como Peter Pan, mas, castigado pelo ateísmo, isso me foi negado. Fico então especulando sobre isso e aquilo, sobre o porquê de algumas coisas que, mesmo explicadas, parecem-me inexplicáveis. Especular é uma forma de burrice, não tenho a menor dúvida. Uma pessoa que não tem nenhum sintoma de ignorância não especula sobre nada, faz apenas assertivas disso, daquilo e daquilo outro (ainda que não sejam totalmente verdadeiras – que não sejam comprovadas cientificamente). Mas é o que ocorre. Pode ser de passar muitas horas calado (ainda não aprendi a miar como meu gato), esse silêncio que me invade e eu adoro pode trazer em seu bojo determinadas neuroses (a mais) que eu ainda não possua, pode tornar-me uma pessoa com referências equivocadas ou, mais provável, sem nenhuma referência. Não sei ao certo. Sei apenas que o tempo passa, as coisas acontecem muito vagarosamente e vou me perdendo em pântanos jurássicos, desses que eu nunca imaginei encontrar. Lembra-me uma carta do Tarot pela qual sempre tive simpatia e admiração. O Tarot não deixa de ser meu refúgio mítico porque inventei uma teoria sobre o baralho (que não é baralho, é livro) e um certo discípulo de Freud. Igualmente descobri que Freud foi completamente descartado e vencido pelos cientistas, pelos Químicos de hoje em dia. E assim, de história em história vou pulando como quem pula de pedra em pedra para não enconstar na corredeira de lavas incandecentes que passam por aí.

Breve explicação

Não deveria ser necessário, mas acho por bem escrever uma rápida explicação sobre o óbvio. Primeiro: Não tenho pesonalidade nenhuma.

Segundo: Além de Zé Maria, sou um seguidor doentio do dedinho torto de K. (sempre fui, antes de saber do charme do dedinho). Antigamente eu escrevia longas cartas a ela por aqui, mas parei porque estava revolucionando tudo, convulsionando meninos e meninas (e nem tão meninos e nem tão meninas) e acabei por deixar de lado (para meu site não entrar na lista negra de várias empresas como o dela).

Há um tempo atrás passávamos várias noites tomando vinho ou uísque (pelo MSN, bem entendido, pelamordedeus!) e conversando sobre nossos livrinhos, nossas experiências e tal, mas agora ela evoluiu e só discute Proust com um erudito. Quer dizer: não sou mais nada, fui definitivamente jogado às traças, defenestrado cabalmente. Diante disso, fiquei imaginando o que mais poderia fazer além de ligar dia sim dia não para ela e finalmente descobri: copiá-la em tudo. Comecei pelas roupas, mas o pessoal do trabalho me olhou de modo estranho. Resolvi então copiar o template do seu blog, mas descobri que, para ter um igual teria de desembolsar, VEJAM SÓ, vinte dólares! Essa moça paga vinte dólares para customizar seu template! Diante disso, passo ante passo, – babando eu fui (com ela ao telefone se entupindo de Valium pra me agüentar)buscando um template intermediário. E eis-me aqui. Ainda tem uma barrinha lá embaixo que insiste em não sumir, mas enfim, enfim…

Terra Crioula

O Revista Brasil (domingos, 17 h.) é um programa moderno porque é uma revista e um documentário. Ao mesmo tempo. O espectador mais atendo irá perceber que falamos de assuntos fundamentais e lúdicos, que “botamos pra quebrar” e, ao mesmo tempo, há ternura pelos temas, pela forma como é feito e pensado. Não pretendemos nos encontrar unicamente com a zona sul do Rio de Janeiro (nada contra). Pretendemos ter uma visão de Brasil, de brasilidade. Nossos “âncoras” são Darcy Ribeito e Câmara Cascudo. E mais os milhões de brasileiros que fazem essa terra malemolente, cheia de abaeté, de cuscuz e camarão. Nossa terra de índios tuninambás e nossos cablocos do Candomblé: Salve Zé Pelintra! Salve Mãe Menininha. Salve todos os Orixás! Salve Vinícius, poetinha camarada, salve Badem, salve Dorival, Amado, Gilberto Freire e todas essas almas que me vêm ajudar… me ajudem a levar esse barco mestiço e sem rumo, esse anão gigante, essa terra deliciosamente crioula…

Dialogar com os mortos

Entro e saio por determinadas portas que me levam a outras. Labirinto que reputo à própria alma e não a uma realidade improvável. Claro que estou lendo as mensagens que chegam a mim de formas imprevisíveis, misteriosas, de formas que me induzem a não acreditar em nenhuma delas (como as oníricas) muito embora saiba que, sim, são verdadeiras e têm endereço certo. Meu endereço! O salto agulha não chega a me dizer muita coisa depois que a vi descalça. São os movimentos independentes, esgares e ritos de prazer que não me impressionam, que recebo com a naturalidade de quem já viveu processos semelhantes (embora continue me surpreendendo com tudo). São impressões vagas como bruma rala, como cenário de papelão, como uma existência fake mais ou menos à partir de um script velho e mais do que decorado. Scripts velhos não deixam de emocionar e surpreender (como bons livros e bons vinhos). Esses personagens (quase folclóricos) que me aparecem do nada devem ter uma ligação profunda com um mundo imaginado, um mundo em que acreditamos, embora não apareça como realidade vivida – e comprovada.

Decido então seguir em frente e atirar com minha arma de bolas de sabão, munição que, ao atingir os mortos, ressuscita-os. Meus mortos são de cera como no museu, não são realmente mortos porque em vida não se pode entender a morte. Se os mortos são os outros, então não são verdadeiros mortos, apenas “deram um tempo” porque a morte é um privilégio meu (e de cada um). Se reparamos bem, percebemos que os ditos mortos continuam nos falando, conduzindo, induzindo. E, para muita gente, podemos também estar mortos, o que me parece natural. De todo o modo, dependendo da situação, estamos vivos ou mortos e só não pensarei mais assim quando, de fato, eu estiver morto. Cremado. Creio que posso vivenciar apenas o momento da situação imediata, de uma realidade que se imponha a mim sob qualquer forma, qualquer explosão que me faça (a todos nós) saltar de um ponto ao outro na imaginação ou nessa possível matrix.


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"A descoberta do Prozac criou um universo de eunucos felizes"

"É-nos impossível saber com segurança se Deus existe ou não existe. Por isso, só nos resta apostar. Se apostarmos que Deus não existe e ele existir, adeus vida eterna, Alô, danação! Se apostarmos que Deus existe e ele não existir, não faz a menor diferença, ficamos num zero a zero metafísico" Albert Camus

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""Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia. E, no entanto, o leitor se desgasta, se esvai, em milhares de livros mais áridos do que três desertos."
Nelson Rodrigues

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