Archive for the 'reconstruindo' Category

Máscaras

A proximidade (do carnaval) me lembra sempre a história dos mitos e das máscaras. Máscaras que, no fundo, são nossas personas, nossos avatares, nossos inúmeros “eus” (mesmo para aqueles que não entendem ou não acreditam em nada disso. O carnaval ‘coisifica’ o que fazemos o ano inteiro de maneira discreta). Através do trabalho, do estudo, das relações, da leitura e da escrita vamos experimentando máscaras que possam se amoldarem melhor à persoonalidade, ao instinto em que estamos no dia. Parece meio incompreensível ou falso, não é verdade? Mas é assim mesmo – até nos que não têm consciência dessas coisas que, num primeiro momento podem parecer uma espécie de engano ou aparentar  alguém de caráter claudicante. Mas não é isso. Somos todos assim, eu repito. O que incomoda é que existem pessoas que fazem mudanças enormes, drásticas, draconianas do seu “eu”. Na minha opinião é razoável que mudemos, que estajamos sempre nos reconstruindo como já disse inúmeras vezes aqui. Mas não podemos chegar ao absurdo, à troca frequente de acordo com humores porque a troca excessiva de humores nos encaminham ao paradoxo. A mudança em-si dificulta a compreensão do outro ou, pior, faz com que o outro não se dê atenção àquilo que o companheiro deseja exprimir. Esse desgaste é quase metafísico, vai além do nosso controle racional (e acho impossível a relação descontrolada, ainda que seja absurda). Nada contra o absurdo, nada contra o susto, nada contra o mar revolto. Tudo é aceitável – até mesmo o desconhecido, a surpresa – mas dentro de parâmetros em que não estejamos dentro de um… como um minotauro manso. O carnaval é a época apropriada para usarmos diversas máscaras por dia, trocarmos de hora em hora com o intuito de assustar aquele que pensava ter visto… e não viu, viu outra coisa. Exatamente para iso existem três dias de carnaval. Prefiros os mascarados de Veneza.

sobre as coisas

Lendo, lendo e lendo. Coisas boas e más… O queridinho da hora é Martim Page, o modernoso de livros curtos e simples. Francês. Li todos. São livros bastante leves e até engraçados. Não os levaria para uma ilha deserta simplesmente porque precido de Trama e DRAMA. É um equívoco: viver só (e evitar pessoas) não é só neurastnia. A Excentricidade muitas vezes advém do existencialismo e não, necessáriamente, do niilismo – como as vezes é confundido. A referência que tenho mais forte é a solidão no líquido amniótico. Lá pode e aqui não? Por que? Por quê “lá” é normal e aqui neurose? Parece que é simples: o ser humano não consegue assumir todas as responsabilidades pelo que faz e diz e, quando em grupo, dissolve esse “peso”, essa “cruz”… Isso é traduzido em vários signos e símbolos, como o casamento, os amigos do peito, os simplesmente amigos e os colegas. Grupo. Homem: ser essencialmente social. E se você não quer fazer parte dessa tribo meu irmão… você é doente e excêntrico. Se afastam (o que não é ruim) de você e, um tempo depois, você é deletado do inconsciente pessoal e coletivo. Você não existe. O mesmo com o ateísmo. Parece que você chegou aqui para incomodar os outros. E não nego. Mas incomodar não é a palavra certa.

Se eu espermatozóide venci a corrida, tenho o direito de criar a minha vida, vivenciar meus momentos da maneira que mais me agradar e ser -MUITO  responsável por mim mesmo. O Existencialismo bate nessa tecla: você é responsável totalmente pelo que faz. E se a vida é o jardim (feio ou bonito) da minha casa/vida, planto então o que quero e bem entendo. Imagino que seja bastante chato conviver com pessoas assim. Chato não: conveniente ( por isso Borges, Calvino, etc.). Em nome do “social” os homens “camkinham” vagarosamente aceitando tudo que a vida e deus acham certo. Como gado indo feliz para o abatedouro. Não pertencer a essa fila é como ser um marciano (obviamente verde). A irrelevância das coisas comezinhas da vida não são levadas em consideração. O homem comum não se apercebe da impossibilidade da “normalidade”. Normal? Normal é gado? É a crucificação de quem “se atreve” a pensar com seus próprios neurônios (sejam poucos ou muitos). Daí toda a filosofia e antropologia do filme MATRIX, por exemplo (pena que deram continuidade fazendo o 2 e o 3 duas belas porcarias).

São flores roxas em jardins etéreos, verdadeiras holografias de um mundo que se reparte um milhão de vezes e mantêm sua unidade, o seu todo. Ou seja: sou o todo repartido um milhão de vezes. Os milhões ou bilhões de pessoas que optam por essa alternativa, já que a vida é única e finita, não são  astronautas catatônicos nem elfos ou pirilampos de uma amazônia nórdica. Somos a realidade que, como a areia fina, escorre entre nossos dedos. – ...e junta-se mais adiante….

P.S. Não esquecer do livro de Philip Roth em que ele conversa com Primo Levi, Isaac B. Singer, Milan Kundera, Saul Below – saudade ! – e muitos outros.

do front

Olhando por determinado prisma (sim, esférico) reconheço que 2009 foi para mim um “ano Não”. Desses anos que não deviam existir assim como não existem décimos terceiros andares em alguns prédios americanos. Foi tudo muito confuso e creio que cansarei vocês com um número mínimo de posts suficientes para explicar tudo. Assim, proponho uma anistia. Nem me perguntam nem eu conto nada sobre 2009. Na verdade não há nada de muito errado, nada escatológico, nada digno de nota. Como disse: “UM ANO NÃO”.

Estou em dívida com a minha eterna musa, a Kastor, com O Pior Homem do Mundo e outros poucos sobreviventes que ainda vêm aqui. E a verdade é que têm encontrado somente escombros. Em 2009 eu não escrevi e nem li uma única linha. Brabeira. Na verdade estive preso do outro lado do espelho (sem lamentações). Como a pane foi relativamente grave tive que me reconstruir em grande parte e em lugares sensíveis. Mas consegui. Consegui sorrir de mim mesmo, consegui perceber melhor ainda o nascer do sol… Continuo uma pilha inenarrável de dúvidas. Continuo sem saber como estão totalmente as coisas,  muito menos como será amanhã. Mas admito o amanhã. Os atores que tentaram me dar uma rasteira foram todos devidamente defenestrados, detonados, o que me deu enorme alegria. Mas nada de vinganças pueris. Eles chegaram ao fim e eu renasci. Em breve mando notícias do front.


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"A descoberta do Prozac criou um universo de eunucos felizes"

"É-nos impossível saber com segurança se Deus existe ou não existe. Por isso, só nos resta apostar. Se apostarmos que Deus não existe e ele existir, adeus vida eterna, Alô, danação! Se apostarmos que Deus existe e ele não existir, não faz a menor diferença, ficamos num zero a zero metafísico" Albert Camus

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""Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia. E, no entanto, o leitor se desgasta, se esvai, em milhares de livros mais áridos do que três desertos."
Nelson Rodrigues

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