Archive for the 'G.' Category

Memória vazia

Recebi um e.mail com as estatísticas do blog em 2010. Números interessantes muito embora simples se comparados com outros sítios. Ainda mais porque não escrevi aqui duraante não sei quanto tempo. Anos, acredito. Não me aconteceu nada digno de ser narrado durante o ano, estive retirado, em casa, sem atividades nem literárias nem de outra espécie. Talvez o blog seja mesmo o lugar onde se contam coisas, fatos, atividades e, se não acontece nada, não há material para a narrativa. Normalmente o blogueiro é um livre memorialista – pelo menos me vejo assim. E quando não há nada na memória… E… é verdade… nenhuma perspectiva….

púcaro

Engraçado essa coisa de eu passar a vida escrevendo a minha história…. descobri que eu não sou esse ente que umas poucas pessoas conhecem. Não, sou um personagem criado por uma abstração, por um lapso de deus, que me deixou nascer e chegar a quase decrepitude. Mentira. Cheguei à decrepitude ainda antes dos trinta anos, mas não tinha consciência exata.
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Era uma coisa vaga, um sentimento estranho, um frio na barriga e uma vontade de fugir para uma outra dimensão que não conseguia explicar nem ao papa. Depois a coisa foi piorando e os analistas faziam juntas médicas para tentarem compreender. Não adiantou nada. Nem poderia.
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Quando você trata com uma não pessoa, com um ser que está sendo escrito por outro, quando você trata com uma alma fugida do Purgatório de Dante tem que estar atento para entender as reviravoltas que a história pode dar. Freud dançou feio nessa e seus seguidores até hoje rodam feito baratas tontas aplicando soporíferos aqui e ali sem conseguir um resultado palpável.
Seria preciso uma conjunção de teóricos de várias vertentes com médicos, pais de santo, eruditos, prostitutos, padres e freiras lésbicas, todos juntos, estudando um personagem, seguindo os meandros da história e tentando captar-lhe a essência.
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O problema é que personagens mal escritos por espíritos impuros normalmente não têm essência o que acaba tornando tudo mais difícil. Acho que Guimarães Rosa poderia entender isso um pouco melhor, mas não existem mais “Guimarães Rosas” dando sopa por aí. Para esse caso seria necessária a entrada do pai de santo que faria uma consulta ao Senhor das Esferas e, em transe, tentaria contato com o escritor.
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Ainda assim acho que não daria certo. A ala politicamente correta ia ser do contra e coisa ia acabar em nada, acabar num banho de banheira com hidromassagem e creolina. Tudo isso porque eu tentei explicar para outrem o verdadeiro motivo de eu ter revelado a estada de Nadja na minha casa, uma estada breve, diga-se de passagem, que acabou numa gritaria danada com vizinhos na janela e ameaças de chamarem a polícia. Por aqui existe a cultura de se ameaçar chamar a polícia (o que, de fato, nunca acontece porque todo mundo sabe que não adiantaria nada, que a desordem aumentaria).
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Me falta alguma coisa, tenho certeza. Vergonha na cara pode ser uma delas, mas me faltam outras coisas, coisas banais que todo mundo tem (e nem sabe!). À partir de amanhã vou sair em buscas dessas coisas, vou de loja em loja, de mafuá em mafuá, de bairro em bairro. Tudo isso porque tem uma voz renitente que não pára de gritar na minha cabeça insistindo sempre e em vários tons que sou um púcaro sem tampa, púcaro sem tampa!

… dos carnavais…

 TIVE uma profunda relação com o carnaval quando trabalhava com o arlindo rodrigues. ele era um mestre diligente em seu processo de criação, minimalista às vezes. foi na prancheta dele que esbocei meus primeiros desenhos de planos de imagens. ele discutia meus story boards, desenho por desenho. tinha paciência infinda em me ouvir explicar o porquê das posições das câmeras.

tempos depois o haroldo costa me revelava bastidores da montagem do orfeu, do vinícius porque eu estava roteirizando um documentário que dirigi posteriormente chamado ‘em verdade, vinícius’. o haroldo é híbrido, transita vários caminhos e se refaz depois através dos seus comentários.
no ano de 1983 eu conheci o diretor alcino diniz e pedi para produzir eventos na recém nascida tv manchete. o que eu não esperava era que desse o rolo que deu no ano seguinte, 84, quando a globo resolveu não cobrir o carnaval em oposição ao brizola e à inauguração do sambódromo.

me peguei percorrendo todo o sambódromo, fazendo o mapeamento de onde ficariam as câmeras, os comentaristas e toda a parafernália de cobertura de um carnaval. saiu na revista manchete uma foto nossa (eu e alcino) de página dupla, caminhando na pista. achei engraçado. daí eu sentei numa sala de reunião com o jaquito e o alcino (tinham mais pessoas que não lembro, ah, o geraldo matheus!) e ficou acertado que cobriríamos todos os bailes importantes da cidade e o desfile das escolas.

a manchete não tinha todos os recursos e a gente saía muito na porrada pra conseguir as coisas. fizemos camisas amarelas para a equipe e crachás rodados na gráfica da revista (que imprimia também na época os folhetos da loteria esportiva, olha que doideira…)… a coisa tomou rumo e, muito antes do carnaval, eu já estava dirigindo um programa chamado ‘esquentando os tamborins’ que cobria os barracões e os ensaios na quadra das escolas. nesse programa tinha outro diretor: o jacy campos.

em paralelo, o roteirista eloy santos me propôs fazermos uma documentário sobre o Zé Ketti na TVE. daí eu me aproximei do zé ketti também e passei o pão que o diabo amassou com ele que começava a beber no início das filmagens e numa hora lá eu tinha que parar porque o zé estava bêbado. um dia, estava gravando um quadro com o zé, ele se embriagou e foi dormir na casa de uma mulher num subúrbio… no dia seguinte estávamos no estúdio gravando o quadro (que tinha continuidade). nos ensaios o zé declamava e cantava e eu sentia que havia uma coisa muito errada, mas não descobria o que era.

aquilo me encucou demais. comecei a gravar logo na tve porque à noite eu ia dirigir a filmegem da manchete numa quadra de escola com o joãosinho 30. foi aí que eu percebi! o zé ketty esqueceu os dentes postiços superiores na casa da mulher!…. os sambistas que andavam com ele começaram a telefonar para todas as mulheres pra saber em qual casa a dentadura tinha ficado…o zé não lembrava. o tempo passava, meu horário de estúdio ia terminando e acabei sendo obrigado a gravar com o zé de qualquer jeito. botei uma grua porque, enquadrado por cima, se percebia menos a ausência dos dentes.

nesse programa tinha uma cantora que me deliciava, andávamos juntos para cima e para baixo. um dia o alcino mandou eu chamar uma comentarista, historiadora e tal (não era a maria augusta) para uma reunião. pois essa mulher era homônima da cantora… putz… a mulher (cantora) atendeu a convocação e chegou na sala. o alcino me fuzilou com os olhos rs… chamei a pessoa errada….

poucos dias depois eu tive que sentar numa mesa de bar com o pamplona. era tudo regado a muito uísque e o pamplona esbravejava contra o sambódromo, o niemayer e o brizola. mas ele tem um carinho paternal por mim e foi lá ser o comentarista nos desfiles.
montaram uma estrutura enorme no estúdio B da praia do rússel e lá estávamos nós, em frente à mesa de corte e às comunicações entre caminhões de externa na avenida, pequenas unidades nos clubes, mais o controle mestre da rede…. um rolo só.

acontece que o adolpho bloch, já que era dono de tudo, resolveu chamar a família e amigos para assistirem a transmissão justo de lá, do corte. toda a equipe de operações, técnicos, produtores e diretores… e a platéia do adolpho atrás, falando, comentando, dando palpites.
a gente tinha que prestar atenção a muita coisa ao mesmo tempo e aquela balbúrdia atrás era uma coisa de louco, mas o adolpho era o dono!

eu e o alcino nos falávamos pelos fones, cada um pilotando lá sua geringonça, ele o diretor geral, claro. ele me olhava desesperado, indagando o que podíamos fazer naquela situação. alcino me disse entredentes: eu não tô aguentando mais, garotinho…. falei pra ele se acalmar.
quando a primeira escola se posicionou na concentração, quando ia começar o desfile, para surpreza geral, o alcino levantou, socou a mesa, disse que assim não dava e mandou o bloch sair com toda aquela gente.

todo mundo ficou branco. pronto! estávamos todos, a começar pelo alcino, demitidos por justa causa! foram segundos de um silêncio sepulcral… ouvíamos o coração do outro pulando…
o adolpho levantou, chamou o grupo todo e saiu da sala de corte. o desfile estava começando e ele não podia fazer nada, era a inauguração da manchete!!!

pensei que ao final do carnaval o adolpho ia demitir todo mundo, mas ele fez exatamente o contrário: nos contratou por anos para dirigir sempre os carnavais da manchete (que foram mesmo memoráveis)

Eco

Meu primeiro contato com o italiano Umberto Eco foi através do romance O NOME DA ROSA. Naquela época eu não sabia que aquele homem era um intelectual vigoroso, grande em seu estudo da semiótica, das artes, da história da Idade Média. Não sabia nada, portanto. Depois, pouco a pouco, vim tomando conhecimento de ensaios, textos, palestras, etc. do autor. Ele não era mais aquele homem que me escrevera um livro policial autêntico passado em plena Idade Média. Tratava-se, eu ia vendo, de um intelectual raro, fino, verdadeiro. Desses semi-deuses que raramente chegamos perto fisicamente (academicamente nem se fala!). E foi lendo dezenas de livros de Eco que comecei a entender o que era tudo aquilo, quem eu lia e porquê eu lia, bem como percebia cada vez mais a fineza do livro O NOME DA ROSA. As coisas iam-se  juntando e eu compreendendo um pouco mais de cada vez. Não é fácil ler Umberto Eco, não é fácil compreendê-lo e sinto muitas vezes enorme falta de uma preparação acadêmica para que eu o alcance em toda a sua plenitude. Agora é tarde e devo apenas me esforçar e entender um pouco mais e outro pouco aqui e acolá. Compreender esse intelectual com certeza nos ajuda um pouco (não, muito !) a entender a vida.

KD V ?

by K.

Eu, elefante em loja de cristais (cartas)

Há um tempo atrás, num momento em que eu estava profundamente irritado postei uma reclamação contra uma senhora de idade de uma forma nada elegante. Hoje, muito tempo depois, recebo correspondência (justíssima) da filha da octogenária livreira. Ei-la:

prezado Geraldo,
Somente hoje, dia 12 de maio, tive conhecimento sobre seus comentários,
feitos em 29 de janeiro último,  a respeito da “mulher com sotaque”  que
lhe atendeu por telefone aqui na livraria.
Esta “mulher” é uma senhora de mais de 80 anos, italiana de nascimento,
e por acaso, minha mãe.
Como já dizia o saudoso Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra, não
se pode agradar a todos, todo o tempo.
Minha mãe não é “dessas estrangeiras que fizeram fortuna no Brasil”,
senão não moraria num apartamento mediano em Copacabana, não andaria num
Peugeot  fabricado em 2000, nem continuaria a trabalhar passados os 80.
Não se deita em louros passados, não fica se vangloriando nos jornais,
continua trabalhando duro.
Me pareceu sentir no tom de seu blog um rancor contra estrangeiros, como
se os únicos habitantes realmente autóctones de nossa terra não fossem
apenas os índios. (Aliás, me parece que Iglésias deve ser espanhol, não
é mesmo?). Ser “mulher” e ainda por cima “gringa” não é defeito, é
condição contra a qual nada se pode fazer, assim como ser “negro” ou
“japonês”.
Também estranho sua opinião a respeito do suposto local de moradia dos
“intelectuais”, apenas “fora do Rio”, ou “Ipanema-Leblon”. Saiba que há
vida inteligente em vários outros bairros do Grande Rio, muito além do
perímetro Arpoador-Dois Irmãos, não apenas em Copacabana, Flamengo,
Botafogo, Laranjeiras, mas também na Tijuca, no Méier, na Ilha do
Governador, em  Olaria, Campo Grande, Niterói,  ou seja, em todos os
lugares do Estado do  Rio de Janeiro!!Talvez você tenha querido se
referir às recentes “celebridades globais”, que não ultrapassam as
fronteiras do Jardim Botânico, mas que, infelizmente, com  raras e
honrosas exceções, pouco ou nada lêem…
Fnac ( na Barra) e Saraiva (em vários bairros), ambas grandes empresas
do tipo SA, podem ter várias qualidades, mas certamente não são
especializadas em livros importados ou raros, nem pretendem sê-lo, pois
fundamentam sua estratégia de marketing na venda em altos volumes de
best-sellers, e também de outros produtos que não livros.
Perguntar qual era exatamente o “livro Negro” que você procurava não foi
“deboche”  nem “crítica”, ninguém consegue acompanhar  o número nem a
velocidade dos lançamentos que jorram diariamente das editoras.
Ninguém é perfeito, e isto nos permite melhorar sempre, ao reconhecer
nossos defeitos, mas me parece que seu objetivo não era realmente fazer
uma queixa (poderia ter enviado uma mensagem via internet, reclamando),
e sim apenas extravasar seu aborrecimento, jogando-o na rede. Você pode
não ter gostado do “jeito” com o qual minha mãe respondeu ao telefone,
mas lhe garanto que não havia qualquer intenção de ofendê-lo.
Quando tiver tempo, venha passear no centro da cidade, verá que há
muitas atrações por aqui, teremos prazer em lhe oferecer um café e uma
água !
Até breve,
Milena Piraccini Duchiade
(filha de pai romeno e mãe italiana, nascida no Rio de Janeiro,
brasileira com muita honra)”

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Ao que respondi:

Milena

Há dois anos e meio, resido no centro do Rio, próximo à Lapa.
Não pretendi denegrir sua mãe (que conheço pessoalmente). E sua livraria é
sem dúvida importante na formação cultural da nossa cidade.
Realmente meus avós são espanhóis com muita honra. Eu não disse que só havia
vida inteligente na zona sul. Disse que eles (eruditos) se “mudam para lá”.
Apenas uma coisa eu reafirmo: sua mãe (talvez em função da idade – o que é
plenamente justificável) nem sempre é muito gentil num primeiro momento de
atendimento. Não é possível que você jamais tenha percebido isso ou ninguém
tenha falado.
O blog são minhas memórias e não procuro nenhuma fama ou sensacionalismo.
De toda forma se, contra minha vontade, fui agressivo, se ofendi, quero
reparar meu equívoco e pedir sinceras desculpas.
obrigado
Geraldo Iglesias”

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E ela a mim para finalizar:

Prezado Geraldo,
Fico feliz por sua resposta, tão rápida e gentil !
Concordo que minha mãe, às vezes, é ríspida e impaciente (aliás,
estes também saõ defeitos que tenho, e dos quais tento me policiar, nem
sempre com muito sucesso).  Eu mesma lhe digo com frequencia que  é
preciso ter mais calma, mas saiba que não é fácil, a idade tende a nos
tornar mais ranzinas e rabugentos…Desculpas feitas, desculpas aceitas,
de parte a parte, seguimos em frente…
Será de todo modo um prazer conhecê-lo pessoalmente. Não se preocupe em
divulgar minha mensagem,  faça como achar melhor.
Enquanto isso, aqui ficamos, insistindo, persistindo e resistindo às
lojas da internet, às grandes redes, aos camelôs, às feiras de livros,
etc e tal.
Até breve,
um abraço,
Milena”

Almodóvar

“Caminhando e cantando e seguindo a nossa canção”. E qual é a minha canção? Depois de Caetano, Tom jobim… não sei. A canção é uma coisa tão importante, tão séria que eu acho meio bobo quando se diz que “se gosta de música”. Se gosta de literatura, se gosta de artes plásticas? Sim. Mas dessa maneira? Assim tão genérica? Tom é igual a música sertaneja? Preconceitos à parte, eu acho que não, que não é assim. E como é eu também não sei dizer. Espero que alguém me diga. Sei que os dias continuam amanhecendo com um sublime e emocionante céu vermelho (digno de Almodóvar)

Tanto mar

Acabo de receber um presentão do nosso Mr. Almost. Fiquei pensando se deveria contar o que havia dentro da sacola que atravessou o oceano em minha direção… Sim ou não? Perdi alguns segundos pensando, mas me convenci de que realmente o NÃO era a resposta correta. Não vou contar até porque as pessoas que me conhecem minimamente saberão, com certeza, advinhar. O habitante do priorado não é então o pior Homem do Mundo. Por outra: pode ser, dependendo de quem o vê bem como do ângulo que o percebe. Dirão os incautos, os de cognição ralentada que esse “elogio” ocorre pelo presente recebido. Nada mais falso. O que aconteceu de fato é que demorei a entender (ou aceitar) esse amigo que a  “tanto mar” está distante. Ou seja: foi um problema meu que ele soube ‘utilizar’ (rsrs) muito bem, tratando de me irritar bastante. Já de muito tempo nos correspondemos e eu passei a admirá-lo muito. E agora, surpreso, absolutamente surpreso, recebo essa gentileza. O resto, meus caros, é o RESTO


Homenagem ao Homem do Priorado

Eu Passarinho

Quando observamos uma pessoa que gosta de Fidel, Chavez, Lula, MST e – principalmente – das Farc é o sinal de alerta não apenas pela pequenez do indivíduo, mas, antes, por sua periculosidade e claudicante honradez. Mas é ilusão achar que esse tipo de conceito nos livra de desilusões e sobressaltos, rasteiras e outras arapucas ao longo do caminho. Na arenas das “frasecas” temos Nelson Rodrigues, Paulo Francis, Otto Lara Resende e, recentemente, Diogo Mainardi entre tantos. Eu me contento com algo mais suave, com Mário Quintana:

“Esses que aí estão atravancando o meu caminho, esses passarão, eu passarinho”

Porque me satisfaz ser suave. Não ser “esperto”, não estar atrelado às ‘boquinhas”

P.S.

Existe uma parte da população (boçal, mas pequena, é bem verdade) que trata os trabalhadores funcionários públicos, como se esses fossem menores. Como se trabalhar para o governo fosse errado, desonrado, etc e etc. Essas mesmas pessoas se utilizam desse mesmo governo em cargos um pouco superiores. Assim, eles não são funcionários públicos, podem falar mal destes, eles são apenas a turma da boquinha.

Ainda o imortal Updik

E olha que eu falei dele antes de ontem…..

Atualizado às 17h31.

John Updike, vencedor do prêmio Pulitzer, autor profícuo de cartas e crônicas sobre sexo, divórcio e outras aventuras do pós-guerra nos EUA, morreu nesta terça-feira aos 76 anos.

AP
O escritor John Updike morreu aos 76 anos em decorrência de um câncer no pulmão
O escritor John Updike morreu aos 76 anos em decorrência de um câncer no pulmão

Updike morreu em decorrência de um câncer no pulmão, de acordo com comunicado de seu editor nos EUA, Alfred A. Knopf.

Veja álbum de fotos do escritor.

Um frequentador assíduo das listas de mais vendidos, Updike escreveu novelas, contos, poemas, críticas, as memórias ”Self-Consciousness” e ainda um famoso ensaio sobre o jogador de baseball Ted Williams.

Updike era ainda colaborador constante da revista “New Yorker”.

Convicto do trabalho duro, ele publicou mais de 50 livros em sua carreira que começou na década de 50. Updike ganhou praticamente todos os prêmios literários, incluindo dois Pulitzers e dois National Book Awards.

No Brasil

Paulo Henriques Britto, tradutor de algumas das principais obras de Updike, tinha uma relação epistolar com o autor.

“Ele era dos autores mais acessíveis. Respondia cartas através de correio tradicional”, contou Britto.

O tradutor e escritor lembra ainda de uma visita que o autor fez ao Brasil. “Foi na época da ‘Tetralogia do Coelho’, saímos para almoçar. Ele era uma pessoa muito cordial”, relembra.

Para Britto, Updike será sempre lembrado pela Tetralogia do Coelho. “Ele pega um personagem da pequena burguesia, um americano médio da região nordeste dos EUA, cujo único momento de glória foi vencer o campeonato de basquete no ‘high school’.”

“Ele ganha o apelido de Coelho na faculdade e só o narrador o chama assim. E há a peculiaridade de o romance ser narrado no presente”, explica Britto.

Para o tradutor, que também é professor da PUC-RJ, o autor é um “ótimo criador de personagens e fino analista psicológico”.

Outro ponto que Britto destaca é a proficuidade de Updike: “Ele escrevia mais de um romance por ano, contos, além de resenhas de artes plásticas para a ‘New Yorker’. Ele dava a impressão de não ter tempo de mais nada na vida”.

Das fobias mundanas…

Ontem estive num estabelecimento comercial que, já tentei descrever para mim mesmo, e não consegui. Uma casa estranha, de certa forma sinistra. Paredes pintadas numa estranha cor que me lembrou um salmão velho. Uma comida ruim, tudo estranho. A dona então é de meter medo. Não exatamente pelo que ela pode fazer, mas pelo que ela é. Quando percebo, o mundo lá fora não é mais noturno, é dia, as pessoas saem para cumprirem suas obrigações, entrarem nesses ônibus lotados, com aquela marmita nojenta em baixo do braço. Saio do estabelecimento e chego à rua (e a rua é sempre mais assustadora do que aparenta). Ter medo da rua não é somente uma neurose fóbica e tal: não! Temer as ruas é uma situação natural se considerarmos os índices de violência. Não mais se conta uma história através das suas ruas como fizeram (de uma outra maneira, João do Rio e mesmo Brasil Gerson). A rua é a exposição, a vitrine que você faz de si mesmo. Claro que você pode ter um ataque do coração em casa, mas na rua você pode ter esse mesmo ataque e soma-se a isso: assaltos (os mais variados), “saidinhas de banco”, raptos, sequestros (que falta faz o trema!), atropelamentos, pedaços de marquises que, eventualmente (nem é tão raro) caem na tua cabeça, balas perdidas, brigas de trânsito seguidas de morte e mais um sem número de possibilidades reais e contumazes.

Claro que vão me perguntar: e aí? Ninguém sai mais para estudar, para trabalhar, para se divertir? Sim, todo mundo tem que sair, mas que rola um medinho, ah, isso rola

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Vida nova

A descoberta do Prozac criou um universo de eunucos felizes

O querido Fabio Sabag em paz (muito obrigado, meu amigo)

Nessa madrugada morreu Fábio Sabag, um grande homem. Um grande ator, um grande homem de teatro e televisão… um grande diretor, uma pessoa extremamente sensível e brincalhona. Foi imensamente amigo da minha tia Zilka Sallaberry (muito mais do que as pessoas podem imaginar!). Foi para mim também um grande amigo. Aprendi muito (quase tudo) com ele. São tantas pessoas que me deixam que nem sei mais o que dizer. Muito obrigado meu amigo. Tenho certeza de que está em paz.

Essa menina…

Olha que bacana!

Hoje

Hoje é lá

Eureca!

VEJA O QUE ENCONTREI

Por mais tolo que pareça, essas mudanças me fazem algum bem. Deve ser insegurança…rs

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antes do banho

Escrever bobagens

Escrever, escrever e escrever aqui pode não ser nada (e certamente não é). É apenas a minha libidinagem mental, um certo exibicionismo jeka, uma certa maneira de me reafirmar na medida em que posso gritar aos quatro ventos sem ser imediatamente internado num manicômio (tenho um certo tesão de ser internado num manicômio rs). Escrever é nada e é tudo. É reclamar da vida e, ao mesmo tempo, inventar uma nova vida. Escrever é negar o que somos ou aparentamos ser. Escrever é descarga para o que lemos. Escrever é terapia apocalíptica, orgasmo cerebral, supressão de realidade, é metalinguagem como a….. é ser um menino deus tornado homem. E rivalizar com todos os homens e pequenos deuses!

A falta de ar de cada dia

Existe uma determinada parte da existência que é tola, chatinha, cheia de reveses e essas coisas todas que trazemos de um ontem que deveríamos ter aprendido a deixar para trás definitivamente. Somos todos responsáveis, de certa forma, pela gosma que trazemos atrás de nós, como a nos lembrar do que aconteceu numa determinada época, uma época que já deveria ter caído no buraco negro da noite do tempo.

Porque se andamos carregando sempre o desequilíbrio do que se foi, continuamos presos num espaço-tempo que não é, que não admite a possibilidade do que chamamos futuro tornar-se presente e, apesar de todas as nossas impressões, a vida implacável, dona de um tempo todo próprio, diferente que conhecemos, vai passando, vai nos deixando suspensos no ar ou na falta de ar.

Ainda não morri

A falta de tempo não tem me permitido voltar aqui com a freqüência que fazia antes. Recebo e.mails dos meus três leitores “cobrando” minha ausência e só posso pedir desculpas. A preparação de um produto áudio-visual que pretendo seja diferente do comum me encarcera dentro de uma ilha de edição, além de outros mil e poucos probleminhas que me aparecem diariamente e tento administrar (já que não administro, nem nunca consegui administrar minha própria vida). Mas acredito que tudo isso seja um processo passageiro, que em algum momento, as coisas entrem nos trilhos e me sobre algum tempo para mim mesmo. Hoje o que há é pouco tempo para comer, quase nenhum para dormir ( até porque minha cabeça não pára mesmo na cama) e todas essas coisas da vida. Vai melhorar. Acredito e torço para que melhore, para que eu conseguiga voltar em breve a me desconstruir diariamente nesse espaço aqui. Mas a vida é cheia de momentos com pequenas e enormes armadilhas. Perseguir ética e estética que serão analisadas por milhões de pessoas também me empurra em direção a um despenhadeiro existencial e de trabalho braçal. Diga-se: 90% desse trabalho braçal e 10% – ou um pouco mais (destruindo a regra dos 100%) – fazem de mim hoje eu dia um não-eu, um ser estranho, marciano talvez, que vagueia entre fitas com gravação de imagens, textos e 850 pessoas perguntando um milhão de coisas, como seu eu, por acaso soubesse. Mas vai passar (ou melhorar)

Absorvição ou forca?

Agora começam a aparecer no circo na imprensa sensacionalista que muitas coisas faladas contra os possíveis réus do caso da menina em em São Paulo não são tão verdadeiras assim… Não existe mais garantia de que o sangue no carro era da menina, não existe mais a “prova” do vômito da menina. Ou seja… por mais indícios que hajam a sociedade deve aguardar mais, deve aguardar um julgamento justo e honesto (muito embora, particularmente, se houver prova absoluta do crime perpetuado pelo pai e madrasta eu entenda que a forca é pouco).

Calar

Esperam do velho apenas a escrita (e lúcida) porque gostam de dar risadas das idéias inverossímeis daquilo que não pode se dar, que ele escreve e é lixo do lixo, produto de esclerose. São vasos entupidos, sangue que não mais flui normalmente, interrupções, ausências sem retorno, visão do fim sem, no entando, se dar conta. É risível um escrito assim. Risíveis seriam todos os escritos, mas somos condescendentes com a novela curta e lógica e jamais com um ajuntamento de palavras que não se encaixam, que não fazem sentido dispostas dessa maneira vã, tosca, como a criança que balbucia…. Não, a criança tem a sua graça, a criança, por si, é perdoável, é criança. Não tratamos disso aqui. Tratamos de outra coisa, de outro mundo, de outra pretensão, falamos da invasão do estranho em terras azuis, desse azul límpido que só os super potentes adentram, como a América. Esse texto me sai confuso porque entremeado com uma conversa com o único amigo verdadeira da turma de vagabundos estagiários que contratei para a ex TVE. Mas isso é outra história – que não cabe aqui. Falava de esclerose e, por sinal, não lembro mais o que ia dizer. Mas, muitas vezes, é melhor calar.

Tempo…

Tenho andado meio por fora do que rola aqui pelos blogues. Falta de tempo mesmo e não de atenção. Igualmente recebendo e.mails carinhosos e respondendo a poucos. Mais um tiquinho de paciência, responderei tudo. De vez em quando passamos por momentos de tormenta (externa) mesmo. Mas é preciso dar conta de uma série de coisas, de empreitadas, de necessidades que se repetem e aumentam diariamente. Esse desgaste e ocupação parecem-me naturais num momento de transição, de implantação de novos projetos. A vida, de uma maneira geral, é assim mesmo: eternamente implantando novos projetos, certo?

Homem barata

Candura de estrelas, trânsito infernal. Casas noturnas e sua barulheira insuportável. Doentes que não dormem. Então esse é o nosso paradigma? O século XXI começa mal em todos os sentidos: educação, saúde e segurança. Os políticos definitivamente não querem saber de nada. E, de certa forma, a população também não se interessa por nada, é jekinha, aceita qualquer nota. Isso mesmo. Se não existem homens com ideais, a sociedade igualmente não tem ideais. E se ninguém quer nada, não temos nada. Mais uma vez comprova-se que a vida imita a arte, dessa vez criando e dando veracidade ao universo kafkaniano – não me refiro ao período em que viveu Kafka, mas ao mundo que ele imaginou. Ainda não temos humanos transformando-se em baratas, mas já aceitamos a imortalidade das baratas mesmo num conflito nuclear. Ou seja: de alguma maneira, seria bem melhor se nos transformássemos logo nas tais baratas. Eu, por exemplo, tenho pavor desses bichos, mas se fosse um deles não teria medo de um “irmão”. Baratas à parte, os jornais de segunda feira são tão magrelos e sem consistência…. parece que todo mundo escreveu no sábado e domingo e, como não acontece nada no final de semana, tratam de criar um cadernos de Esportes – o que não me interessa em nada. Odeio futebol, acho uma coisa menor, reles. Por outro lado, reconheço que jornal não é uma coisa muito séria, que necessitamos de uma alta dose de avaliação pessoal (e crítica) para não entrarmos de cara nas mentiras e omissões.

Quanto à realidade paralela, puxa, é tolice não percebê-la “em cada vão momento”. Borges não era absolutamente louco. Muito pelo contrário. Toda a sua obra tem uma veracidade bíblica – um cuidado extremo em provar cada conto que escrevia. Não usava o termo “realidade virtual” porque não existia, mas falava em outras dimensões e tratava das “estranhezas” do mundo. Somente Casares vivenciou a descoberta de Borges. Pois eu também possuo uma enciclopédia em que falta um verbete e um amigo meu possui a mesma enciclopédia, da mesma edição que contempla o verbete! Como? Não sei. Acredito piamente que esse verbete saiu da minha enciclopédia e alojou-se em outro livro com o intuito de me confundir (e conseguiu!). Enfim… são essas coisas que me chamam tanto a atenção (muito mais do que os comezinhos dias – de calendário). E também é muito lógico que me achem maluco (porque sou mesmo) rsrs. Mas também é verdade que é necessária uma dose de inconsciência para aceitar essa história toda de vida.

Fábrica de biscoitos de ar

A realização não se dá no geral. Ela é parcimoniosa. Detesto coisas que vêm aos poucos, com parcimônia. Quero ter inteiro, me dar inteiro, ir de vez, de cabeça. O mundo é político e eu não sou. E não sendo, não participo ativamente desse mundo. Não me desagrada ficar de lado, meio à margem. Sempre vivi à margem. Tenho certeza de que sou marginal em todos os sentidos (menos em fazer mal às pessoas). Fico tentando me definir e, conclusivamente, não consigo. Não queria dar uma satisfação aos outros, queria me convencer, dizer: olha, você é assim. E não consigo nem isso. Uma pergunta ronda meus pensamentos obscuramente: por que existe o dia da mulher e não existe o dia do homem? Já não está tudo equiparado, já não acercertamos os ponteiros? Parece que não. Eu homenageio as mulheres diariamente (desde muito jovem!). E por quê uma data específica?? Se eu fosse mulher, seria radicalmente contra um dia em minha homenagem, como existe para um santo qualquer. A mulher é um santo desses de alfarrábio? Não sei responder (ou melhor: sei, mas não quero falar). Ontem eu caminhava, após um dia exaustivo de trabalho e muito tenso e pensava nisso… Por que?

Queria transcrever pensamentos de autores que admiro, mas tenho preguiça. Tenho uma preguiça do tamanho do mundo (Macunaíma é patético perto de mim!). Ao mesmo tempo, uma vontade insana de realizar me consome como um fogo interno. Na verdade, eu não existo, eu sou produto das minhas parcas realizações. Não sou uma pessoa, sou uma obra vulgar. Adoro escrever, mas não tenho conseguido escrever posts longos. Minha inquietude trava uma linha de raciocínio minimamente coerente. Escrevo fragmentos. Idéias e considerações fluídas, que se perdem no éter. Eu sou esse próprio éter. Talvez eu não seja o que fui nem o que serei. Sinto-me como uma assombração que se apresenta a mim e aos outros. Claro que não assusto ninguém, sou um fantasma banguela. Talvez devesse estar continuando a leitura da biografia de Silvia Plath, talvez devesse estar lendoMolloy, de Beckhett. Não tenho, entretanto, ânimo para nenhuma empreitada. Quero dormir um sono mínimamente razoável. Amanhã tenho que falar muitas coisas (que não tenho medo), mas me soam desagradáveis. Por outro lado, talvez amanhã eu seja outro. Sim, é verdade, eu mudo quase sempre (por isso não sei de mim). Não vem ao caso. Uma coisa de cada vez e todas as coisas ao mesmo tempo! Quem terá a responsabilidade de julgar? Sou uma fábrica de biscoitos de povilho

Todas as mulheres do mundo

Existe uma certa rivalidade entre homens e mulheres como se um fosse melhor do que o outro. E não é. Ambos os sexos tem qualidade e defeitos. Mas quando a gente escreve uma coisa que, de alguma maneira, ataca a mulher, cria-se uma espécie de espírito de corpo jeka para defender a ‘classe’. Ora, não é preciso. A mulher é tão independente quanto o homem e sabe muito bem se defender sozinha através de inteligente argumentação. Quando uma mulher se revolta para tomar as dores de outra, está, na verdade, subestimando todo o sexo feminino. E por que a mulher deve se subestimar? Não há razão nem há lógica. A gente pode defender um pássaro, um gato, um cão e não uma mulher como se ela fosse irracional. Esse tratamento só vai minando a capacidade da mulher, vai expondo-a a um ridículo desnecessário, vai criando uma espécie de “consciência de inferioridade” no sexo feminino que é completamente desnecessário. Sim, houve um tempo em que foi importante um movimento de mulheres em busca de sua independência, seu acesso ao trabalho remunerado, divórcio, voto. liberdade de expressão, etc., etc. Mas isso já foi conquistado (pelo menos no mundo ocidental). Agora, insistir nisso é uma enorme tolice, uma enorme babaquice, é chamar a outra mulher de burra, de incapaz. Estudei (e estudo com mulheres, minha médica é mulher, a presidente da empresa que eu trabalho é uma mulher e eu votaria tranqüilamente numa mulher para a presidência da república. Pronto. Qual é o problema? Onde está a mulher frágil de 50 anos atrás? Simplesmente, acabou-se, não existe mais. Portanto, permitam-me criticar coisas, homens e mulheres naturalmente, sem culpa.

A maior

Pra gente se deleitar, se desesperar, gritar e chorar. Ela, o máximo.

Triste Rio

Mortos nas cidades serranas do Rio. Muita chuva, muita gente sem abrigo e um carnaval triste, desses sem graça, uma espécie de inverso do que era para ser. Olho pela janela e nenhum bloco passa na rua. Ou melhor: ninguém passa na rua. Ninguém sai de casa, nem pra dar uma voltinha. Não era dessas águas de março que Tom Jobim falava. Não. Esse não é o Rio de sol, céu e mar. Melhor: esse não é o Rio que eu conheço e que as pessoas imaginam. É uma cidade triste, sorumbática, com poucos passantes de cabeça baixa, com gente que não gosta de nada disso. Lama, água, alagamentos, mau humor, lágrimas. Não tem carnaval, não tem turista (na rua), não tem criança brincando. Computadores e televisores à toda, só que agora infelizmente. Chegam vários e.mails de conhecidos me perguntando como estão realmente as coisas e não sei dizer porque não me aventuro a sair de casa. Sei o que  leio na net e vejo na TV. O que eu sei, todo mundo sabe. Esse post, portanto, não é informativo. O calor não diminui ou diminui muito pouco. Falam em mais dois dias de chuva: exatamente para quando acabar o carnaval. E por que eu, que não ligo à mínima para carnaval, falo tanto em carnaval? Por causa das pessoas. De todas as pessoas. Eu vivo no Rio há 52 anos e sei exatamente o que o carnaval significa para o meu povo. Eu falo mal quando tá tudo numa boa, mas sei que vem gente do mundo todo ver e brincar no carnaval do Rio. Os morros que eu clamo que sejam dinamitados (por causa dos traficantes) estão de luto: os barracos estão desabando e com eles, as fantasias compradas em doze prestações retiradas de salários-mínimos. Não escuto sirenes de alegria e sim de carros da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros. Nem um tamborim, nem uma pluma! Estou confortavelmente digitando aqui, mas como estarão todas as pessoas (maioria da população) envolvidas em tudo isso? Eu brado que não creio em Deus, mas quantos não estão orando fervorosamente agora? Fantasias, alegorias destruídas e gente morta, gente sem ter abrigo. Isso é o Rio de Janeiro hoje.

Mais uma carta para K.

Kastor

Eis a primeira linha de Camus no livro ‘MITO DE SÍSIFO’:

“Só existe um problema filosófico realmente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder à questão fundamental da filosofia” A. Camus.

Como vê, nossa discussão daquele dia é mais complicada do que parece. Precisamos entender o suicídio não exatamente como uma atitude pensada e sensata ou um destrambelhamento momentâneo qualquer, mas como uma questão filosófica. Claro que o suicida que avaliou bem as coisas e fez a escolha mais ou menos sem emoção (difícil porque a emoção é inerente ao humano), está agindo melhor do que a pessoa que se desespera e se mata como forma de livrar-se de um problema (ainda que seja um problema enorme). Mas não dá ainda para dizer que a pessoa que avaliou bem e resolveu colocar um ponto final em sua vida está bem e coerente filosoficamente. Não mesmo. Claro que eu já pensei em me matar e muita gente boa que anda por aí já pensou e apenas não tem coragem de assumir que pensou nisso (pelo menos uma vez na vida). Psicanaliticamente falando então… nossa… quantas vezes pensamos em suicídio. Mas estávamos falando do fato concreto. Certo. De qualquer maneira é muito complicado. Porque é uma questão filosófica e não apenas de raciocínio sobre si mesmo. Claro, eu posso pensar, pensar e pensar com toda a tranquilidade do mundo e concluir que já está bom, que não desejo continuar vivendo. Da mesma forma posso resolver terminar com a vida para não sofrer dores lancinantes de uma doença terminal. Tudo pode, até mesmo o que se desespera, não pensa e se mata porque, afinal, essa pessoa é assim e não deve ser criticada.

Porque tem um detalhe nessa história. Por mais avaliado e bem pensado que tenha sido o suicídio, nossas ações são todas compartimentadas. Então você pensa e avalia a hipótese de morrer por seis meses, por exemplo, e conclui conscientemente que sim, que não deseja mais viver. Certo. Essa é a parte pensada (e muito digna, por sinal), mas existe uma outra parte, um outro momento que é o da concretização. Entende? É outro momento. Deixa eu tentar me explicar melhor. Eu posso, com toda a calma do mundo e avaliando todas as coisas, concluir que desejo finalizar a vida, que não vale mais à pena. Certo. Mas, o lado animal e instintivo de qualquer ser é não morrer. Então, resoluções pensadas e dignas à parte, a hora de consumar a morte é outra. É a hora que vou contra o instinto. E para ir contra instintos evidentemente tem que haver um certo desespero. Sei lá. Tem muita gente que tem muito medo, pavor mesmo de viajar de avião, mas a vida assim o exige e a pessoa, desesperada que seja, se joga no avião e vai de qualquer maneira. Essa viagem é um momento de desespero ainda que não deixe de ser feita porque conscientemente a pessoa sabe que precisa pegar o avião. E, na poltrona ao lado tem alguém que adora andar de avião! Fico pensando que uma pessoa consciente de que deseja morrer não se livra do desespero do ato. Você me entende? É quando vai contra o instinto básico. E se, mesmo  bem pensado, a execução é um momento difícil, não-natural, contra o instinto…. então alguma coisa não está certa.

Eu não penso em me matar, mas não nego o meu suicídio. Não sei o que vai me acontecer e como estarei pensando mais na frente, como a vida estará se apresentando. Portanto, eu que sou contra o suicídio posso me matar sim e uma pessoa que vê o suicídio com muita tranquilidade pode não consumar o ato. Impulsivo ou bem avaliado, o suicídio demonstra que determinadas situações da vida de uma pessoa estão além da capacidade delas de lidarem com aquilo. Então passa a não valer à pena viver. Repare, entretanto, que outras pessoas, passando por situações adversas análogas não vão para o suicídio. Ou seja, não existe uma situação crítica generalizada que leve a pessoa a dar cabo da vida. O que existe é o limiar de cada um. Alguém pode perder um filho tragicamente e, depois de  cinco anos sofrendo aquela perda, concluir que apesar de todos os esforços que fez realmente não adianta, que é melhor colocar um ponto final na sua vida. Conscientemente. Já outra pessoa pode perder o filho, sofrer igualmente à primeira, mas, ainda assim, não cometer o suicídio.

Resumindo: o que eu acho é que o suicídio não pode ser avaliado genericamente. Ah, fulano pensou bem, portanto seu suicídio foi louvável enquanto sicrano, suicidou-se levianamente, sem pensar. Este eu não aceito, mas aquele eu entendo e aceito. Existe um traço de desespero em quem se mata, mesmo nos que avaliaram tudo muito bem avaliado. Não é uma ação natural. Isso não ! (Se fosse, haveriam muito mais suicídios). Claro que falei, falei e não disse nada. Por que? Porque é um dilema. O maior dilema filosófico. Vamos continuar pensando nele. O mais prudente talvez seja não fechar questão como a Psiquiatria, por exemplo, que afirma que todo suicídio é sintoma extremo de doença.

Caminho de OZ

Ter um enorme bloco …. não…. um palimpsesto onde eu possa anotar todas as coisas que me pareçam estranhas. “Navalha na Carne” de Plínio Marcos encenada num teatro poeira ao lado da minha casa (embora com os melhores atores vivos e mortos), por exemplo. Esse evento que só ocorre quando sou obrigado a me chapar de soníferos em troca de algumas horas de sono. Por que chamo isso de sonho, como se esse sonho não fizesse parte da minha realidade? Ou eu estou querendo alterar os conceitos estabelecidos há milhares de anos pela humanidade? A mulher absurdamente gorda que idealizou essa montagem e está ali, sempre presente naquela ruela como a lamber sua cria. E a cena das frutas que o próprio Plínio não criou? São todos momentos de um diário louco, irreal que a minha fantasia mercê da minha vontade cria. Não posso mais fazer nada nesse estágio. E ainda tem a mulher mal humorada que vai dizendo coisas sem escutar o que está sendo dito, talvez drogada, que não responde aos estímulos propostos. Desisto de responder a tantos e fecho-me em mim para me proteger, para cuidar sozinho das minhas possíveis loucuras. Estou seco, tomo dois litros de água. Nada faz afeito. Resta-me despencar num sono agitado e suarento, induzido por químicas e fuga de um mundo que não desejo ver. E igualmente angustiado, desperto quando ainda é madrugada e faço anotações antes de me levantar para não permitir que desvaneça essa fantasia tropicalista que assoma como meus fantasmas. Fantasmas, diga-se, que convivem há muito comigo, que não me assustam mais, que são verdadeiros corvos que se comprazem em estarem pousados nos meus galhos ressequidos. Sou um espantalho que não dança nem tem estrada amarela. Sofro a influência de um Allan Poe sem a inocência dele.

Águas de Março

O céu vai carregando-se de nuvens negras. Nuvens grossas e pesadas, dessas ameaçadoras que prenunciam as grandes tempestades. Algum vento movimenta-se sacudindo meu relógio de parede, desses vagabundos. Está óbvio que a chuva virá e cairá sem dar tráguas, muito provavelmente inundando a minha rua. Não queria chuva hoje, ou melhor, não contava com ela. A luz dá pequenas alternadas fazendo o estabilizador do meu computador gritar. A chuva vem chegando devagar, com pingos distantes, alternados e grossos. Observo na mesinha ao meu lado o volume de Prosa Completa de Pessoa. Desse jeito, ele será minha distração hoje já que minha televisão que é por sistema fechado de antenas, sai do ar se o que agora é chuva transformar-se em tempestade. Logo agora que eu ia sair para tomar um caldinho de feijão! O vento está fraco, parece-me improvável que dissipe a tempestade anunciada.

Penso em meus amigos e fico feliz por não ter um só inimigo. Sim, têm pessoas que não vão com a minha cara, pessoas que evitam o cumprimento, fingindo que não me viram, mas são muito poucas, menos de um por cento das que conheço, um saldo bastante razoável. Mas inimigo mesmo, nenhum. Parte agora o helicóptero da chefatura de polícia, com certeza levando o secretário de segurança para seu merecido descanso.

Recebo um telefonema da minha assistente dizendo que já não consegue marcar nenhuma entrevista para a semana que vem porque as pessoas estão já envolvidas com o carnaval. E é mesmo verdade. De hoje até dia 11 de fevereiro vários países simplesmente páram em função do Carnaval. Creio que o Brasil é o que mais e melhor festeja o reinado de Momo. Eu acho o Carnaval, assim como o futebol completamente irrelevantes, mas devo ser a minoria da minoria. Na janela em frente à minha uma mulher se debruça e olha o céu, certamente angustiada por ver o folguedo da sexta à noite estragado pela chuva justo aqui na Lapa, o bairro da boemia. Não sou um boêmio no sentido pleno da palavra, diria que posso, no máximo, ser boêmio de mim. Mas isso é difícil de narrar, ainda que a narrativa me altere o espírito, me renove forças e me dê extremo prazer.

Perto do meu trabalho existe um restaurante/bar muito agradável com o sugestivo nome de Salsa & Cebolinha. Pois é lá que, vez por outra, meus companheiros de trabalho e eu damos uma passada quando são findos os trabalhos para ouvir um pouco de MPB ao vivo  tomando um chope e deliciosos tira-gostos. Enquanto escrevo, a chuva pára apesar do céu não desanuviar. Esse trimestre no Rio de Janeiro é muito complicado: excesso de calor e temporais, o que inspirou o genial mestre Tom Jobim a criar Águas de Março.

Gente, esse vídeo é uma preciosidade, é o documento de dois monstros sagrados que, ao nos deixarem, tornaram o mundo muito, mas muito mais pobre culturalmente

Depois de um dia de médicos e exames (falcatruas)

Penso na fragilidade do corpo humano. Mais ou menos como um oceano sem fim onde podemos simplesmente afundar num processo irreversível e sem qualquer possibilidade de ajuda real. O corpo é frágil, muito mais frágil do que nos damos conta e o fim aparece de modo insuspeito, numa surpresa macabra. Não temos onde nos amparar. A medicina é falha e os médicos, sempre muito distantes. Tudo parece estar bem quando, de repente, não está mais. E quando não está mais, ficamos pendurados num tênue fio que rompe-se ou não a qualquer momento. Sim, existe a prevenção, mas ela é subjetiva, não dá nenhuma garantia. Não existe garantia para se viver, não existe garantia para nada, só para a morte, o fim. Parece meio trágico ou talvez exagerado, mas não é. Trata-se de um átimo de segundo, um tempo improvável e difícil de ser medido. Tudo acontece assim, de repende, sem nenhum sintoma, nenhum aviso. Quando percebemos o mal está instalado bem ali, rindo-se de nossa cara, desafiando o super-homem a fazer alguma coisa verdadeiramente útil. Nesse momento percebemos nossa impotência, nossa inconseqüência em não termos acreditado no obviedade na imprevisibilidade da vida.

o N° 8

A política sobressai numa emissora pública. Tudo é uma questão de momento. Com isso talvez em breve eu deixe o Comentário Geral e retome minha função de documentarista. Verdade que dá muito mais trabalho, mas não deixa de ser um produto muito mais prazeiroso de fazer. Especialmente esse ano que a Bossa Nova completa 50 anos e que o ano de 68 está fazendo 40 anos. É um período de muitas efemérides, minha cabeça chega a fervilhar um pouco sobre por onde começar, mesmo não tendo ainda a confirmação que vou poder realizar esses projetos.

Os juquinhas

Algumas pessoas imprimem um ar bom-mocista em tudo aquilo que fazem como se fossem juquinhas de calça curta. Até quando se pretendem em guerra, quando acham que estão numa posição meio bélica, falta-lhes tão somente um chapéu confeccionado de jornal velho. Esse tipo de coisa acontece quando acontece o fenômeno não raro de a vida passar, crescerem e não se darem conta que esperamos atitudes adultas de gente adulta e se esses adultos são bebês chorões ficamos sem saber o que fazer, se damos uns tabefes na bunda, se colocamos de castigo ou se concluímos simplesmente que “enviadaram”.

Triste Rio de Janeiro

A atriz Helena Rinaldi, há anos sofreu um assalto em São Paulo e veio para o Rio. Aqui, nesse finalzinho de ano, teve seu carro perseguido e metralhado por bandidos. No mesmo dia e na mesma hora, Paulinho da Viola igualmente estava sendo assaltado (levaram seu carro e bolsa da sua mulher). Paulinho da Viola está pensando seriamente em sair do Rio de Janeiro (no que faz muito bem).

Mas, convenhamos, como pode existir um Rio de Janeiro sem Paulinho da Viola, um dos seus maiores ícones? Claro que violência existe em qualquer lugar do Brasil (e do mundo), mas a que ponto permitirão que chegue a violência no Rio? Aqui as pessoas não são assaltadas, são metralhadas. Lídio Toledo Filho, ortopedista, filho de Lídio Toledo médico da seleção dos bons tempos foi metralhado e está entre e a vida e a morte (mais a morte).

Porque não há uma reação firme dos governos municipal, estadual e federal? Por que não se retira os trabalhadores das favelas dando-lhes casas populares nos subúrbios e depois não se bombardeia todos os morros cariocas com napalm? É necessário calcinar os morros, não deixar pedra sobre predra, não deixar nenhum facínora vivo, não permitir que exista a possibilidade de tentarem voltar. Por que não? O Brasil já teve uma experiência bem sucedida em Canudos!

Não adianta prender marginais porque eles saem, porque comandam de dentro das penitenciárias. Não adianta deixar na mão do Poder Judiciário. Tem que matar, fuzilar, passar de avião jogando bombas pesadas ainda que morram alguns inocentes. Bandido tem que ser executado!  Isso que o pessoal dos direitos humanos chama de chacina, pois é exetamente isso. Tem que chacinar todos os marginais. Todos, não pode deixar nenhum, tenham 30 ou 12 anos de idade.

Quando Paulinho da Viola diz que vai embora do Rio, diz que está sendo expulso da sua casa, do seu berço, diz que aqui é uma terra sem lei, diz que não confia em nenhuma autoridade carioca, diz que o Rio hoje não é cidade pra se morar.

Seria realmente fundamental o extermínio da bandidagem. (A turma dos Direitos Humanos que vá para a puta que o pariu) Extermínio com morte, no atacado. (Alguns, com tortura antes da morte porque a tortura é eficaz para que uns entreguem os outros). Quantos cidadãos de bem mais o Rio vai perder?

TURISTA: NÃO VENHA AO RIO DE JANEIRO, VÁ PARA BAGDÁ

Emoção é Casulo da Vida

O que está acontecendo com a temperatura? No Rio de Janeiro está fazendo mais de 40° há dias, as pessoas não agüentam tanto calor. Efeito estufa? Bom, se é, podemos já parar com todas as ações preventivas porque o mundo já está mesmo perdido e a catástrofe não virá para nossos netos como se alardeia, a catástrofe já está instalada, o inferno já é aqui.

O inferno é um conceito metafísico e o diabo, sem dúvida, é alguém atraente, alguém capaz de elevar nossas vidas a uma espécie de paraíso inverso ou metafísico, onde o chifrudinho tomou o lugar do deus barbudo. E a considerar que tudo é filosofia, imagino que devemos rever todas as atitudes, todas as coisas que fazemos e que constituem nosso passado. O melhor é não haver passado (ao contrário do que eu disse uma vez aqui). Perspectiva de futuro é pura imaginação – bem verdade – mas é matéria salvadora, é possibilidade de ainda dizer ou fazer alguma coisa coerente, alguma coisa que dê prazer. Porque não posso deixar a vida ser alguma coisa assim, que me leva como uma forte correnteza. Diz-me uma conhecida que devemos lutar contra a maré, mas buscar sempre a felicidade a qualquer custo porque o homem só é pleno no estado de felicidade, só conhece e reconhece coisas e pessoas quando está bem.

Revisitar o passado pode ser um engano, pode ser um tiro na água (ou no pé), pode ser rebuscar coisas que não tem importância para o agora (boas ou ruins) porque valeram tão somente para um determinado momento em que foram vividas. Como um amor antigo, um livro já lido, uma guloseima já saboreada. O complicado dessa história é que resvalamos, nos perdemos, não entendemos o que está acontecendo e, no desespero de buscarmos um porto, nadamos da direção errada. Muitas e muitas vezes eu nado na direção errada.

Mas chorar não adianta, chorar é apenas dar vazão à dor, o que é muito bom mas não tem um caráter filosófico nem metafísico. Chorar é como beijar. Momento. Explosão. Mas tudo passa. As coisas estão passando velozmente e não estamos nos dando conta porque estamos sendo levados, não estamos entendendo que o caminho tem que ser inverso, a hora é de remar contra a maré, de buscar alguma coisa nova e saudável para o espírito. A hora de escrever um poema…ou um conto….ou uma linha. Não importa o tamanho da contribuição que damos à nossa alma, importante é estar presente e ver, somente no novo, a perspectiva de um encaminhamento melhor para as emoções – que terminam sendo o casulo na vida.

Repito: Emoção é Casulo da Vida. E se é assim e se o bem e o bem existem, estamos vivendo de quê num momento em que percebemos que tudo nos escorre entre os dedos, que perdemos a percepção de prazer – como se essa sensação estivesse presa, fosse um direito exclusivo do passado? Não é. Nada é o que imaginamos num primeiro pensamento. Nada é tão simples nem tão difícil que não possamos vivenciar todo o tempo, ainda que de formas variadas.

.

Quando eu estou aqui
Eu vivo esse momento lindo
Olhando prá você
E as mesmas emoções
Sentindo…

São tantas já vividas
São momentos
Que eu não me esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que eu contei aqui…

Amigos eu ganhei
Saudades eu senti partindo
E às vezes eu deixei
Você me ver chorar sorrindo…

Sei tudo que o amor
É capaz de me dar
Eu sei já sofri
Mas não deixo de amar
Se chorei ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi…

São tantas já vividas
São momentos
Que eu não me esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que eu contei aqui…

Eu estou aqui
Vivendo esse momento lindo
De frente prá você
E as emoções se repetindo
Em paz com a vida
E o que ela me trás
Na fé que me faz
Otimista demais
Se chorei ou se sorrir
O importante
É que emoções eu vivi…

Se chorei ou se sorrir
O importante
É que emoções eu vivi…

Roberto e Erasmo Carlos

Grande Otelo

Biografia de Grande Otelo escrita por Sérgio Cabral (Editora 34 – 2007). Muito material interessante. Coisas que não conhecemos de Otelo, coisas que conhecemos, painél dos anos dourados do Rio de Janeiro, do Cassino da Urca, etc.

Esse tipo de leitura não “erudita” interessa para entender como se manifestou o Rio como capital Cultural do Brasil. E nesse panorama, assim como Oscarito, Grande Otelo contribuiu enormemente para o condicionamento exportador de cultura bem como da importância do artista negro no Brasil e iniciando um processo contra o racismo.

Imagino que conhecer o movimento artístico do início e meados do século passado nos faz optar por uma releitura do que acontece hoje em dia. Eu, por exemplo, acho que existe uma “desmontagem” da produção cultural. Não vejo nada de novo nem interessante o bastante para pensar em novos avanços, num processo de riqueza intelectual.

De uma certa forma, acho a internet responsável pelo esvaziamento de uma cultura ‘séria’, de um engajamento das pessoas buscando, através da História, recriarem ou criarem novamente uma espécie do que eu chamaria de uma nova vanguarda. Não manusear enciclopédias e dicionários, trocar a leitura de livros fundamentais pela leitura de blogues vagabundos… enfim. Se pensarmos um pouco, é uma questão de tempo: não podemos ler um livro de valor e um blog ao mesmo tempo.   É importante escolher no quê vamos investir nosso tempo. Realmente a internet interessa na medida que fornece rapidamente informação e conteúdo, que disponibiliza produtos específicos… a questão é compreender e aprender a lidar com essa ferramenta, desprezando tudo o que é tolo, irrelevante, doente ou descartável em prol do que nos é verdadeiramente útil.

Trabalhei com Grande Otelo na Peça Lola Moreno (Lucélia Santos e Nei Latorraca – Teatro Ginástico, RJ). Otelo, que trabalhou com toda a minha família, era muito carinhoso comigo, me ensinou muita, mas muita coisa e, diariamente, ao final do espetáculo me dava uma carona para Copacana em em Fiat 147 azul calcinha. E ver Otelo em cena bem como conversar com ele diariamente me ensinou muito mais do que ler qualquer blog. As pessoas deveriam se tocar dessas coisas em seu dia a dia.

Vou almoçar camarões.

Fim dos créditos.

Li o tolinho. Não vou responder. Acabou a graça. Sou um ser superior. Falar de coisicas que eu não conheço é falar de nada porque eu conheço tudo. Responder bobagens é igualar-se.  Assunto encerrado. O defunto foi cremado e as cinzas jogadas no Atlântico ( se ele as aceitar)…


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"A descoberta do Prozac criou um universo de eunucos felizes"

"É-nos impossível saber com segurança se Deus existe ou não existe. Por isso, só nos resta apostar. Se apostarmos que Deus não existe e ele existir, adeus vida eterna, Alô, danação! Se apostarmos que Deus existe e ele não existir, não faz a menor diferença, ficamos num zero a zero metafísico" Albert Camus

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""Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia. E, no entanto, o leitor se desgasta, se esvai, em milhares de livros mais áridos do que três desertos."
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