Archive for the 'Mulher' Category

Medo?

O suor escorre mesmo nessa baixa temperatura. Como se a febre consumisse tudo o que vai em mim. As drogas consentidas que rolam no meu sangue. Sangue inócuo, apagado, frágil. A mulher atravessa a rua e eu observo apesar da neve. Bela e fugidia. A neve não me incomoda mais. A mulher segue em frente num passo apressado de quem não quer se molhar, de quem tem frio, de quem tem medo. Medo. Medo. Minha gente tem medo, minha gente corre com medo mesmo sem saber exatamente de quê ou exatamente porque acredita saber em quê.

A passarinha de Balza K.

As meninas quando fazem trinta anos deveriam estar comprando o primeiro sutiã ou o primeiro salto alto ou abandonando a última mousse de chocolate… Meninas são estranhas porque se assustam rapidamente (hormônios, hormônios….)… Essas moças de hoje (que não andaram no bonde da Praça Tiradentes e só conheceram a Av. Atlântica com duas pistas), que adoram nosso glorioso Noll, mas não têm paciência para ler “O Paraíso Perdido”, de Milton, não têm paciência para se casarem e menos ainda para filhos… Sampa. Meninas independentes, olheiras profundas por excesso de trabalho, de emoção pelo que foi, pelo que vem e pelo que virá, estressadas pelo que viveram e pelo que viverão, o que é e o que será… São Francisquinho de Assis, deixa um pouco de lado os passarinhos e olha para tudo aquilo que brota no meu solo varonil ou melhor, meu puro santinho…: Olha apenas para ela, se não todos, pelo menos para a passarinha (a ave, meu santinho) que revoa hoje nessa agitação de seus trinta aninhos como quem goza o nascimento de mais uma mulher plena, dessas que, cansadinhas de serem meninas brincando de senhoras, serão agora mulheres que sabem ser meninas para sempre. Existe umazinha apenas que inverteu, reverteu, reinverteu tudo e agora não sabe mais onde está. É hora de mostrar, definitivamente, a cidade iluminada, mesmo com fumaça, mas antes, acena e mostra pra ela primeiro São Salvador e, lá não ficando, acena ainda com o calçadão de Copacabana, a Lagoa e, igualmente, a Lapa dos malandros de antes e dos, igualmente, de agora. É hora de amansar essa passarinha (a ave, meu santinho, pô!) não para o cativeiro. Ao contrário: para a vida, longa vida . . . (vida longa, vida breve, né? .. yéh! rs)

Quando

O dia enfarruscado faz-me lembrar de ti, do campo de pasto ao gado, das nuvens muito baixas ao amanhecer, dos cães brincando pelos quintais, do orvalho ainda presente em todas as flores. Na roseira com as rosas abrindo-se e (para meu espanto), enormes. Tudo era novo para mim naquela época em que acreditei ser possível mudar, alterar tudo, rever todos os conceitos até ali. O dinheiro não era farto (nunca foi), mas não me faltava e comíamos um queijo tipo Minas feito na fazendola ao lado. Achei que tudo era possível.

O mundo tinha outro cheiro e outra cor, os achaques da cidade tinham me abandonado todos, como encanto, a telefonia e as antenas eram um luxo que não me faziam falta porque meu mundo era outro, havia a lareira, o crepitar da madeira queimando nas noites frias onde preferíamos dormir na sala bem perto ao fogo. Nunca pensei se tudo era possível ou não porque o presente me bastava de sobra e eu buscava não olhar o futuro como se, não olhando, ele não chegasse.

Não, não havia má fé, em nenhum momento pensei em ser mais ou menos esperto em nada e tratava de cumprir com minhas obrigações de maneira firme, mas extremamente calma. No lugar de álcool, preferia o chocolate quente que preparavas para mim e que tomávamos rindo com a brincadeira dos gatos que se tornaram tão amigos. Não podia mesmo haver amanhã. Esse amanhã era apenas um novo céu vermelho e minha contemplação silenciosa de como dormias nos cobertores.

Quando chegou o dia em que me levantei (bem cedo, como de costume) e lá estavas sentada na varanda, quase escuro ainda, a névoa ainda longe de dissipar-se e teus cigarros ansiosos (que acendias um no outro), me dei conta de que havia chegado o momento que eu sabia que viria, mas que sempre guardei numa gaveta do inconsciente.

Foi nesse momento, após essa conversa, que algo partiu-se em mim, algo tão violento e profundo que, na hora, não me dei conta. Mas sim, foi à partir daquele momento, à partir daquele fim de sonho que acordei definitivamente para o que chamam limbo. Verdade que, assustado, demorei a me dar conta de tudo o que estava acontecendo e das conseqüências futuras que foram um eterno mergulho numa noite estranha, sem sonhos nem esperanças – simplesmente expectativa do pânico.

 

Fazes-me Falta

“Não importa o que se ama. Importa a matéria desse amor. As sucessivas camadas de vida que se atiram para dentro desse amor. As palavras são só um princípio – nem sequer o princípio. Porque no amor os princípios, os meios, os fins são apenas fragmentos de uma história que continua para lá dela, antes e depois do sangue de uma vida. Tudo serve a essa obsessão de verdade a que chamamos amor. O sujo, a luz, o áspero, o macio, a falha, a persistência”

Inês Pedrosa, em FAZES-ME FALTA

a eterna descoberta

Um sentimento que não damos nome – não tem – por essa possibilidade de conhecer a intimidade de cada uma das pessoas, essa coisa de cada pessoa ser única, nem que seja por um ‘bilionésimo’ da outra. surpreendo-me encontrando gente – mesmo quando não procuro – gente que chega e diz coisas, gente que disse coisas, gente que se relaciona com quem nos relacionamos e, no entanto, nunca nos falamos. algo muito parecido com o que diz Milan Kundera em ‘a insustentável leveza do ser’ (livro que deve ser relido sempre). a angústia existencial de provar o néctar de cada flor exatamente por isso… todas tem néctar, todas são flores, mas existe uma coisa diferente em cada uma, uma surpresa, uma diferença mínima. e necessito então pousar sobre cada flor com igual suavidade mesmo sabendo que não viverei o tempo bastante para provar todas, mesma angústia do erudito que não conseguirá ler todos os livros. mas, antes, ser consciente da diferença da possibilidade e impossibilidade que se entrelaçam no que seria uma dança macabra não fosse deliciosa. igualmente vejo o amanhecer e reconheço que nenhum é igual a outro, que os tons coloridos que se mostram aos primeiros raios de sol sempre tem algo diferente, sempre sorriem porque as colorações são infinitas. pessoas são infinitas. possibilidades também. e a consciência da finitude da vida, ao contrário do que parece, é estímulo para nossa busca sem fim – mesmo sabendo que não encontraremos tudo e isso é um paradoxo porque ‘não descobrir tudo’ é a vantagem, o desejo de não parar…

Maracatú atômico

Ontem encontrei um espaço fantástico e uma pessoa mais ainda. E ainda me surpreendo quando acontecem as explosões dos encontros. São coisas que ultrapassam o previsto e destroem o conceito de destino. São situações de BIG BANG, flores que despontam no jardim (e já aparecem abertas e com néctar). E eu tenho muito a falar sobre essa história (que já me surpreende – sim, eu me surpreendo sempre!). Mas é nada disso o mais importante. Como sempre digo sou um amador muito sujeito à explosões de paixão por coisas e pessoas. Essas coisas nos mantém vivos, não fosse isso, haveria um suicídio coletivo. E também vivo das coisas que descubro e mantenho segredo, coisas que, por um período de maturação, são exclusivamente minhas. Se sou possessivo? De certa forma sim… e quem não é? Até Sartre era! Portanto, permito-me silenciar de certa forma. Porque o prazer do encontro, da descoberta e da “descoberta do encontro” merece um pouco de gozo do segredo (na minha opinião). Pessoas, pessoas, pessoas… quantas pessoas existem para cada pessoa? Uma, duas, dez, mil?

Mas é claro que se existem comentários nada é escondido… o ato de esconder é um exercício meu – por mais que esteja divulgado… coisas de um neurótico existencial..rs… Há muito há dizer, muito a sentir, muito o que explicar (para mim mesmo), muito o que exercitar no encontro de átomos… não se deve invadir os domínios da natureza, li em algum lugar

Betty Blue… delírios do Ricardo

Dessa vez em não agüentei e roubei descaradamente essa foto de Beatriice Dalle do blog do Ricardo. Quem aí não delirou com Betty Blue?

Jovem K.

Acabo de ganhar uma coleção de banners feitos especialmente para mim pela jovem K. Não são o máximo? Pois é… babem de inveja.

Outros lados de moedas

Bom. essa menina insiste em me provocar…. Não posso fazer nada, por enquando… Na hora certa, farei sim…. sou, de certa forma, o outro lado da moeda (somos uma moeda, embora ela não perceba e diga que vai ler Auster pra me satisfazer..rsrs Já, já volto ao assunto…

Ainda sobre ela

K. é a mulher da minha vida. Não nesse sentido bundinha que vocês estão pensando, de um chopinho aqui ou uma trepadinha ali. Nada disso. K. é ancestral. Nasceu antes de mim embora eu tenha vinte e quatro anos a mais do que ela. É quase pedofilia. Hoje mesmo, enquanto conversávamos ao telefone (ISSO…MORRAM DE INVEJA, NOS FALAMOS AO TELEFONE), eu falava disso. K….. sou um pedófilo de você. As pessoas que não nos conhecem e não imaginam o que conversarmos por e.mail e por MSN, não têm idéia do quanto nos amamos e do quanto brigamos. Realmente as pessoas fantasiam, mas não fazem idéia do que fazemos ou, por outro lado lado, deixamos de fazer. Teve até uma proposta de me delatar a uma Delegacia de Mulheres mas, como sou uma pessoa muito bem relacionada, (sou amigo até do Ricardo.)…fiquei amigo do comandante-em chefe- das delegacias de mulheres de São Paulo. Ou seja, K. ficou absolutamente minha refém…. a polícia jamais dará ouvidos às chorumelas dela contra meus ataques (quase fatais). O que eu ganho com isso? O que sempre quis, o controle absoluto sobre K. O que perco? Nada porque sou uma pessoa que, nessa altura, não tem mais nada a perder. Vejo no blog dessa menina (que é a menina dos meus olhos (?)) umas senhoras que se preocupam com ela sem saberem exatamente o que ela gosta de fazer comigo  (De quantas barbaridades ela é capaz!). Essa menina faz, senhoras e senhores, barbaridades comigo, muitas vezes sem fazer algo real, palpável. Sou um escravo, um sem-razão. Não me queixo de maneira nenhuma. Temos um pacto abençoado pelo demônio, vermelho como ele só! O que faço daqui pra frente? Nada. Perguntem a ela se tiverem coragem. Como realmente não têm, ignorem, comodamente, esse post e deixem a pedófila K. abusar desse menino que eu sou. À propósito…. você conhece a teoria do duplo? (Leiam Operação Shylok do Philip Roth) Se a teoria for correta, alguém existe em algum canto do mundo exatamente como nós. Se for incorreta, existe uma divisão mental em nós mesmos que faz com que criemos outro eu… Ou seja: quem é quem?

Breve explicação

Não deveria ser necessário, mas acho por bem escrever uma rápida explicação sobre o óbvio. Primeiro: Não tenho pesonalidade nenhuma.

Segundo: Além de Zé Maria, sou um seguidor doentio do dedinho torto de K. (sempre fui, antes de saber do charme do dedinho). Antigamente eu escrevia longas cartas a ela por aqui, mas parei porque estava revolucionando tudo, convulsionando meninos e meninas (e nem tão meninos e nem tão meninas) e acabei por deixar de lado (para meu site não entrar na lista negra de várias empresas como o dela).

Há um tempo atrás passávamos várias noites tomando vinho ou uísque (pelo MSN, bem entendido, pelamordedeus!) e conversando sobre nossos livrinhos, nossas experiências e tal, mas agora ela evoluiu e só discute Proust com um erudito. Quer dizer: não sou mais nada, fui definitivamente jogado às traças, defenestrado cabalmente. Diante disso, fiquei imaginando o que mais poderia fazer além de ligar dia sim dia não para ela e finalmente descobri: copiá-la em tudo. Comecei pelas roupas, mas o pessoal do trabalho me olhou de modo estranho. Resolvi então copiar o template do seu blog, mas descobri que, para ter um igual teria de desembolsar, VEJAM SÓ, vinte dólares! Essa moça paga vinte dólares para customizar seu template! Diante disso, passo ante passo, – babando eu fui (com ela ao telefone se entupindo de Valium pra me agüentar)buscando um template intermediário. E eis-me aqui. Ainda tem uma barrinha lá embaixo que insiste em não sumir, mas enfim, enfim…

Dercy

Não sei qual o meu sentimento em relação a Dercy Gonçalves tanto em vida quanto agora, na morte. Uma grande atriz? Creio que não. Uma mulher que aproveitou a vida? De certa forma sim. Enfim, realmente eu não sei. Não fiquei triste nem pesaroso.

Revisitando mais ao norte

Essa mulher ao norte que altera minha percepção do lado de cá, que invade meus sentidos conscientes e inconscientes, minha percepção e me empurra no despenhadeiro do desequilíbrio. Que me acorda no meio da madrugada, que acalanta as tantas voltas que dou na cama em torno de mim mesmo como se pudesse fugir do meu próprio corpo, que ela machuca por não fazer, que provoca por prazer (mútuo), que toca e se afasta que sussurra e emudece para depois voltar a dizer as coisas da ‘Canção do Amor demais’ como se fosse a própria Elizeth. Penso de longe em Amaralina e imagino o Abaeté hoje, já. Mas o redudo é o visor de uma câmera… essa maneira de ver o mundo enquadrado do meu ponto de vista que, por ser único, mostra coisas, insinua outras tantas que não consigo explicar, prisioneiro que sou de mim mesmo, das percepções inimagináveis da visão recortada e libidinosa que mora em mim.

O meu DUPLO

Grandes confusões por causa de um convite que fiz a K. Na verdade tratava-se apenas de um degrau para ela tornar-se a maior estrela de cinema de todos os tempos. O talento e a beleza da menina (vejam seu template novo!) são inegáveis. Mas já mudei de idéia. Ela nem precisa de nenhum “degrau”. Tenho certeza de que produtores gigantes do mundo inteiro devem estar de olho, aguardando a hora certa.

Agora é verdade que meu OUTRO/DUPLO (porque todos nós temos um duplo em algum lugar, certo?) em São Paulo fica de artimanhas maldosas para demover a bela. O motivo é simples: ele vai ficar em São Paulo e tem pavor que a K. venha para o Rio.  Fica, pois, a dúvida, o mistério, o silêncio dos inocentes…mas tem gente que vai para o Pantanal e quando o caditado a gato sai, o rato faz a festa, ditado conhecido por todos…rs

DELETEI UM PARÁGRAFO QUE PODIA INSINUAR O QUE NÃO É. MINHAS MADRUGADAS COM K. SÃO EXCLUSIVAMENTE PARA DEBATES LITERÁRIOS.

K. em Hollywood

EU QUIS TORNAR A K. UMA FAMOSA ESTRELA DE HOLLYWOOD, MAS ELA (SEMPRE TÃO MODESTA) SE ESQUIVOU.

As formas do amor

Todos nós seguimos caminhos tortuosos em nossas relações de bem querer. Nem sempre as coisas rolam de cara como esperamos. Nem sempre nada é como deveria ser (ou achávamos que deveria ser). Mas, como a água, o sentimento escorre, procura pequenos canais, pequenas oportunidades de nascer e explodir. Essas explosões são a prova final de que sim, estamos certos quando percebemos alguma coisa em nós e no outro, alguma coisa não realizada e, aparentemente, impossível. Sim, há vida, desejo, carinho.

Poetas do mundo

O contato se estabelece. Inventa-se outra forma…. e outra… e outra… Desconstruindo sempre. Ampliando e minimizando. Minimalista. Obscura forma de desejo. Vontades irracionais… certa confusão mental entre o que é romance e o que é História. Não se faz História. Nem ela tem tanto valor prático. Filosofia é mais prático do que realidade. Poesia, mais ainda! Poesia é vida imaginária e doce. Não atentamos para a força da poesia-vida. Do que foi e será. E será sempre. Mais e diferente. Afinal, o que somos uns dos outros?

K. além do horizonte

Pretendo do mundo apenas fazer as coisas – boas ou más – apenas mostrar o que deve ser mostrado, o que eu acho que pode chamar a atenção das pessoas para assuntos relevantes. Melhor: gosto de proporcionar coisas diferentes, falas e imagens que levem minha inquietude a outros, outros tantos que, como eu, estão cansados das velhas fórmulas, dos velhos embrulhos da informação. Acho que essa proposta não de adequa a internet ou a televisão, ela é mais própria a livros e debates (não necessariamente acadêmicos). Assim, de vez em quando tenho a impressão de que estou patinhando, chovendo no molhado. Verdade ainda que não foi sempre assim, houveram momentos em que consegui falar o que desejava para as pessoas e recebi respostas dessas pessoas – concordando ou discordando. O tempo traz pasteurização, atravanca idéias e pessoas, expõe ao mundo uma coisa mecanicista, ainda que boa. Imagino que todo mundo espera por algo, acredita que alguém está preparando alguma coisa que mexa com corações e mentes. Essas pessoas que vivem à reboque de alguma mídias apenas deixam de conhecer grandes obras que, de uma forma ou de outra, são material bruto para quem está criando um produto mais palatável. Só não compreendo a expectativa de quem aguarda ‘o mais palatável’. De certa forma, novas mídias e tecnologias criaram uma geração mais preguiçosa intelectualmente, gente que não corre atrás de nada porque sabe que vai receber aquilo tudo mastigado. Ao mesmo tempo, não vejo como reverter um processo que está arraigado e é global. Sento na varanda da vida, observo céus e nuvens, gente que vem e gente que vai. Folheio meus livros, converso com Artur, meu gato (não se choquem, K. conversa com as plantas…) e percebo que esse céu insiste em avermelhar-se com num sinal transcendente. Mas…. e além do horizonte?

Sonhos em fuga

Caminho pela madrugada e atravesso grandes espaços de ruas totalmente sem iluminação. Estranhamente, não sinto medo, muito provavelmente por não ser um homem da noite, não ser uma espécie de lobo. Dia desses me perguntaram como conjugo minha insônia renitente com minha afirmação de que “não sou um homem da noite”. Creio que expliquei que um homem da noite se diverte nas madrugadas e um insone crônico, sofre. Josué Montello me contou que sofria de uma insônia terrível. Chegava do trabalho em casa… jantava… conversava com sua mulher, ficava com ela até que dormisse. Depois levantava-se ia para o escritório e escrevia a noite inteira, escrevia à mão, num caderno para que o barulho da máquina de escrever não incomodasse a esposa. Esta, em retribuição, durante o dia datilografava todo o material de Josué. E assim, ele escrever mais de cento e cinqüenta livros!

Se eu tivesse talento, faria como ele, escreveria muitos livros. Na falta de talento, resta-me ler, assistir televisão ou contar carneirinhos. Aliás essa história de contar carneirinhos é o conselho mais vil que se pode dar a uma criança. Adultos são sempre vilões de crianças.

Aproveito o final de semana para colocar a leitura de alguns livros em dia e acompanhar na internet notícias dolorosas como a morte de Zélia Gattai. Não exatamente pela morte porque esse é o futuro de todas as criaturas que se aventuram em viver, mas por contar com menos um artista que me faça surfar na onda das reminiscências.

Novamente K(astor)

Curioso como as pessoas fazem perguntas a Kastor sobre eu e ela, se fazemos isso e aquilo e outras cositas más. Ela brinca com as respostas, ri muito e termina dizendo que é “brincadeirinha” rsrsr. Será mesmo? K. é um Beuvoir pós moderna, ou meta-Beuvoir. Não posso dizer que tenho um caso com ela – principalmente dependendo do que chamamos “caso”. Mas não posso negar que estamos muito próximos, um de olho sempre atento ao outro. Imagino que saibam porque ela é “minha Castor”. A verdade é que nossas vidas e nossas histórias misturam-se com biografias outras e novelas outras num mosaico, num paradoxo entre o Ser e o Nada. Nesse momento, ambos estamos trabalhando muito, sem tempo para nada, o que não impede de trocarmos rápidas correspondências. Mais ou menos sabemos o que está rolando com o outro. Verdade também que ela me adotou, é minha mãe total, mas ela igualmente sabe o quanto sou incestuoso. O único fato concreto é que não somos equilibrados, nunca fomos e jamais seremos. São Paulo e Rio: Lua e Sol. Vamos nos revezando em encontros e desencontros. Mas que tem alguma coisa nessa história, ah, isso tem.

K. e eu

O longo feriado é uma coisa chata. Prefiro “cabular” o trabalho. Feriado é prisão, é dizer “que você não pode fazer um monte de coisas e TEM que fazer outras tantas”. Acho um saco e subverto a ordem das coisas: trabalho no feriado e procuro me divertir quando não é feriado. Afinal trabalho com metas (embora na ex-TVE tenham inventado um tolo cartão de ponto – herança da pífia administração anterior). Mas não chega a me desesperar. Afinal, é tempo de mudanças, mudanças não compreendidas pela maioria das pessoas. Azar. Esse assunto já cansou. O que me interessa mesmo é o dia de sol, os pássaros que cantam próximos à minha janela, os livros à minha disposição e, principalmente, o telefonema que recebi de K. Ainda existe gente que não sabe que K. é minha Kastor (nós dois sabemos porquê) e trocamos idéias e falamos de nossas descobertas como se tivéssemos, ambos, 15 anos de idade. Nesses momentos ela me conta tudo sem reservas e eu a ela. Falamos de nossas vidas, nossas dúvidas profissionais e trocamos informações sobre livros. De certa maneira, somos “um casal virtual”. Já fizemos mil promessas de nos conhecermos pessoalmente, mas até agora nada. Ambos trabalhamos muito, dormimos pouco, temos hábitos de leitura alucinantes, buscamos com certeza, coisas que ainda estão distante de nós e desdenhamos uma certa categoria de pessoas tolinhas. Temos amigos em comum. Pelo menos UM amigo. K. tem a vida pela frente e eu tenho a vida já vivida. E isso é bom. Conseguimos trocar muitas coisas, conseguimos ensinar muito um ao outro além de, juntos, descobrirmos um milhão de novidades. Prova de que a distância não impede uma parceria sólida, honesta e, sobretudo, carinhosa. Por incrível que pareça, “somos um do outro”. Esse é o barato. Mas isso é outra história e ninguém – normal – pode perceber como é a história, o que também não me importa porque a história é nossa mesmo.

A estética dos livros, a burrice humana e o repúdio

Às vezes coisas se misturam, se fundem, se atravessam de uma forma bacana porque dessa fusão resultam obras interessantes tanto ética como esteticamente legais ou mellhor: fundamentais como oxigênio. Eu tava discutindo determinados livros com um grupo e rolou uma certa resistência, discordância do que eu estava dizendo. As pessoas entendem a questão estética somente no que é visível, na composição de elementos em todas as artes. Não é verdade. A carpintaria da literatura talvez seja exatamente a que agrega a maior necessidade da composição estética e é bom que se reflita bem sobre isso antes de negar. Entendo que todos os grandes livros, os autores legais (ou sabidamente importantes) têm uma visão estética na composição da obra igual ou maior do que a de um produto de cinema ou de televisão por exemplo. Claro que cinema e televisão – teatro – são arte, obra de artistas. Óbvio. Mas imagino que o diretor de qualquer tipo de produto audiovisual esteja automaticamente preocupado com a estética – ou deveria estar, né? – enquanto o escritor parte do nada, de uma folha em branco. Não conta com bons atores, equipamentos ou efeitos visuais. O escritor carrega o mundo nas costas. À partir do nada absoluto – nada absoluto! – ele cria ambiências, personagens, tramas, lógica (nem sempre percebida pelo leitor). O escritor e o poeta são os únicos que procuram descrever o amor, o ódio, a morte, a culpa… Não existe sociedade sem livros. Pessoas não crescem sem livros. É na literatura que encontramos a base do existir, a possibilidade de entender-se, recriar-se até – se for o caso. E querem me dizer que o escritor não tem responsabilidade estética? Não só a estética como tudo nasce de um livro. Inclusive Deus.

P.S. Repudio o Dia da Mulher, do Índio, do Negro etc. Isso é discriminação! Mulheres, negros e índios não diferem em nada. Todos são seres humanos iguais! (Particularmente acho as mulheres mais inteligentes, capazes e aptas… melhores no todo…)

Quando nos perdemos e a possibilidade de engodo de Borges

Eu falo muito de andar chutando pedrinhas enquanto penso, mas talvez nem tudo seja verdadeiro (ou tão verdadeiro). Em muito momentos eu fico em casa… sentado em algum lugar olhando para a parede. Nela encontro formas, figuras, pessoas, frases. Não sei se já se deram conta de, com a mente aberta,  a importância de olhar uma parede. Eu tava pensando nisso porque desejava ansiosamente encontrar o oráculo de Matrix (que, inclusive, me fizesse biscoitos). Talvez, de uma forma física e, igualmente, metafísica, observar a parede seja meu oráculo. Ainda talvez eu não perceba as coisas que estão na minha frente. Porque a verdade é que blasfemo (aprendi com Caetano Veloso há muitos anos) demais – e não vou parar. Adoro blasfemar contra todas as divindades que se dizem isso e aquilo, mas no fundo, não atendem em nada. Não blasfemo contra pessoas vivas: digo a elas duramente (ou candidamente, claro! rs)o que eu penso. Como eu já sou doido mesmo, proponho que façam a experiência (principalmente K., minha Kastor). Pode dar certo, pode ser legal, pode aliviar e renovar forças para enfrentar o rio de trabalho ou adversidades. Tudo pode. Pode não acontecer nada. De toda a forma, não custa falar, não (me) custou experimentar, minto, descobrir por mero acaso (nenhum mérito especificamente meu). Só pra lembrar: diante de qualquer escada, continuo (e continuarei até o fim) em busca do Aleph – essa é uma das  realizações que desejo concretizar. Já pensei inclusive que Borges pode ter nos enganado naquele conto e o Aleph ser, na verdade, uma figura feminina (ou estou pensando demasiadamente no feminino). Evidentemente não confio em Borges como ele também não acreditava em si (nem em Casares e vice e versa). Portanto, parto mais uma vez do zero. Talvez, se eu sentar e ler uma enciclopédia velha inteira, descubra coisas que se perderam nos tempos, mas como também não acredito no tempo (em si), talvez nós é que tenhamos nos perdido.

Eu roubando frases e mais frases que nem sei mais dizer

“Me alimento de fantasias”

Tirado daqui

Todas as mulheres do Mundo

Mulher. Mulher. Mulher. Dia, semana e mês da mulher. Mulher, mãe, cálice, útero do mundo. Responsável pela Humanidade. Grande Deusa. Esteio meu e todos nós. O repouso, o porto, o entretanto. Metade. Mais da metade. Mulher que és minha companheira, minha mãe e minha filha. A Terra. A vida. A sorte. A virtude. A morte.

Sendo tanto, é fácil falar da mulher, retratar a mulher, dizer: eis a mulher? Esse é o motivo da minha insônia e angústia atuais. Tenho cinco dias para fazer um documentário que fale da mulher. Quanto? Quanto conseguirei? Quanto é humanamente possível fazer? Quanto serei capaz? Existem adversidades, muitas, para uma empreitada onde não deveria haver nenhuma. Principalmente, o tempo. Tempo, tempo, tempo tempo. Eu quero tempo e não tenho tempo, parece que o tempo me quer, não com tempo, mas como a me desafiar a desdobrá-lo – o que não sou capaz (ainda). Porque eu preciso falar muito, eu preciso mostrar o objeto amado: mulher. São tons, sons, percepções, visões da mulher, de quem me deu a vida, de quem gerou nossos frutos, de quem me acalanta e, por fim, repousa suavemente a mortalha sobre mim. Onde encontrar agora todas essas mulheres, que fio condutor, que palavras, que músicas, quais entre tantas? Falo de Ana C. e não falo de Sylvia Plath? Falo de Pagu e não falo de Beuauvoir? O que mostrar de cada uma, o que explicar sobre cada uma, onde encontrar seus depoimentos, que frases melhor as definem, quais imagens, épocas, sentidos, pontos de vista, expressões, olhares, esgares? Quais segredos? O que não foi dito? O que foi feito? Será que elas influenciaram só no que sabemos? Não. Existe um lado oculto nas biografias, nas fotografias e nas poesias. Hannah Arendt.. Olga Benário? Quem mais? Mais milhares e milhares, metade da população de qualquer época. E como se fala da população de qualquer época em uma hora de duração, como se juntam todas em cinco dias, como? Como? Como? Estou – minha cabeça – nadando em mulheres – Todas as Mulheres do Mundo. Estou me afogando em mulheres, sendo atraído inexoravelmente para dentro do útero que me cabe inteiro, desse tamanho que estou, dessa maneira, dessa forma descontrolada… Sou uma mulher? Sexo frágil? Sim, quem não é frágil, quem não é mulher, quem não é “estar”, quem duvida da força, do poder, da emoção, do desvario de apresentar a mulher – mas que ousadia malsã é essa? Help!

Todas as mulheres do mundo

Existe uma certa rivalidade entre homens e mulheres como se um fosse melhor do que o outro. E não é. Ambos os sexos tem qualidade e defeitos. Mas quando a gente escreve uma coisa que, de alguma maneira, ataca a mulher, cria-se uma espécie de espírito de corpo jeka para defender a ‘classe’. Ora, não é preciso. A mulher é tão independente quanto o homem e sabe muito bem se defender sozinha através de inteligente argumentação. Quando uma mulher se revolta para tomar as dores de outra, está, na verdade, subestimando todo o sexo feminino. E por que a mulher deve se subestimar? Não há razão nem há lógica. A gente pode defender um pássaro, um gato, um cão e não uma mulher como se ela fosse irracional. Esse tratamento só vai minando a capacidade da mulher, vai expondo-a a um ridículo desnecessário, vai criando uma espécie de “consciência de inferioridade” no sexo feminino que é completamente desnecessário. Sim, houve um tempo em que foi importante um movimento de mulheres em busca de sua independência, seu acesso ao trabalho remunerado, divórcio, voto. liberdade de expressão, etc., etc. Mas isso já foi conquistado (pelo menos no mundo ocidental). Agora, insistir nisso é uma enorme tolice, uma enorme babaquice, é chamar a outra mulher de burra, de incapaz. Estudei (e estudo com mulheres, minha médica é mulher, a presidente da empresa que eu trabalho é uma mulher e eu votaria tranqüilamente numa mulher para a presidência da república. Pronto. Qual é o problema? Onde está a mulher frágil de 50 anos atrás? Simplesmente, acabou-se, não existe mais. Portanto, permitam-me criticar coisas, homens e mulheres naturalmente, sem culpa.

Meus heróis morreram de over dose

Certo, muitas pessoas se aproximam e muitas pessoas se afastam. Não sei realmente se eu queria que fosse assim ou não. Acho simplesmente que são movimentos da vida, movimentos pendulares que, muitas vezes, não nos damos conta. E a pessoa que se afasta sem que você esperasse que se afastasse? Bom, essa pessoa tem opções a serem analisadas. Ou ela não entendeu nada do que você disse (o eterno problema de cognição), o que é bem frustrante, ou ela não é a pessoa que você imaginava que era. Eu não posso agora começar a achar que todo mundo é burro, não é verdade? Então eu prefiro um movimento inverso, prefiro achar que o burro sou eu que acreditei em algumas palavras (campesinas). Ok, o burro da história sou eu. Mas…. espera! Se o burro, reconhecidamente, sou eu, a pessoa (que não é birra) é esperta. Espertalhona. E o que é um espertalhão? Um nada. Um burro de salto alto. Ou seja, a mulher que ameaçou ser burra e eu concluí que não era, que o burro era eu, terminou tomando o caminho inverso e sendo burra ao cubo. Sou um burro e ela é burra-burra-burra. Mas esse também é um raciocínio burro (de achar que, no fim das contas, todo mundo é burro). Não. Não pode ser. E agora? Como avaliar quem é, pelo menos, pouco burro? Creio que Unamuno, com outras palavras, trata disso. Mas eu não lembro detalhes e não quero pesquisar agora porque estou envolvido com Sylvia Plath. Não estou muito envolvido, mas estou porque fico avaliando esse temperamento de mulheres suicidas e começo a achar que TODAS as mulheres são suicidas em potencial (!) (o que, reconheço, é um pensamento insano e suicida). Porque Clarice Lispector, por exemplo, que é meio “musinha” e tal era bacana e não se suicidou, mas, em contrapartida não foi a fundo em nada. Sim, vamos ser francos, Clarice é muito legal, genial que seja, mas não foi fundo nem em Água Viva. Não adianta me crucificar por dizer isso, essa crucificação seria tolinha, meio cabocla. Você pode ser maravilhoso sem pisar em terreno minado e ser maravilhoso (ou nem tão maravilhoso assim) pisando em terreno minado. E eu estou falando de pisar em terrenos minados porque só essa atitude nos coloca no limbo e quem não se arrisca ao limbo não vive, não é, trata-se de uma expectativa, de uma proposta de. Mais nada. Então quando uma pessoa se afasta de mim após dizer tudo o que disse… me manda a seguinte mensagem: ‘ok, rapaz, não gostei do que você disse e não sou mulher de pisar em terreno minado nem de ir ao limbo, sou jekinha, sou do interior, portanto não continuo nesse jogo seu’. E continua: ‘Eu banco a muherona enquanto eu domino a parada, enquanto eu dou as cartas, mas não aceito ser uma participante, não quero me arriscar a perder, a me perder e a perder o estigma que eu criei e as outras mulheres acreditaram que era verdadeiro”. Se é assim, eu entendo. Fico meio assim com essa história, mas fazer o quê? No máximo, tomar um suco de laranja.

E por que toda essa choradeira? Por nada nem é choradeira. Apenas observo pessoas que dizem que são isso e aquilo, mas encolhem-se diante da primeira adversidade cultural (Lembrando que a vida imita a arte e por isso toda essa história começou). Fazer o quê? Eu até poderia lamentar, mas não lamento não. Não lamento em absoluto porque vejo claramente quem é quem e, como não sou esperto, vou descobrindo, pouco a pouco, qual é a de cada um e entendo melhor porque Cazuza disse que seus heróis morreram de over dose. Eu morro de over dose das verdades tristes que vou descobrindo dia a dia. Não me aquieto, entretanto. Sinto vontade de expor mais, de rasgar mais a minha carne para que no fim sobre algo ou alguém. Ou não.

Quando as mulheres se descontrolam

Uma vez, eu disse num texto outro, num blog outro que “O silêncio não é dos inocentes”. Naquela época eu não tinha motivo pra falar, era apenas uma forte impressão, agora tenho. Encontro-me no limbo, ou melhor, na borda de um mundo que estou deixando em troca de um outro, o do amor pleno. Nem adianta muito falar dessa plenitude de amor que entro pela porta da frente e de peito aberto. Há muito tempo não ia dormir sentindo tanta paz e o sono me era tão fácil. Mas são movimentos internos, difíceis de reproduzir em palavras. Não há uma excitação no sentido ruim ou danoso. Existe apenas a conversa carinhosa, o olhar carinhoso, o ajeitar engraçado da camisola, o quanto rimos com isso. Não tenho mais a decepção de quem diz ‘vou à padaria e volto já’ … e não volta. Às vezes me parece que tudo fazia parte de um universo patife que agora está distante de mim, está no interior e eu na cidade grande. O vôo da gaivota faz eu me perder em pensamentos que, igualmente, voam. Passo de um estado a outro, de uma maneira de perceber todas as coisas a uma outra maneira, algo louco que me faz lembrar estar mudando de país ou de planeta. Exagerado, penso que nossa vida está por um fio, a de todos nós e torço para que a dela permaneça em detrimento da minha que já voei mais do que necessário. Penso no disparate de Ana C. e acho engraçado o desespero de Guimarães Rosa ao lançar Magma e depois querer recolher cada exemplar. De onde vem o temor de ser poeta? O poeta é um ator das letras, simples e complexo assim. O poeta é o médium dos homens, é quem liga o profano ao sagrado, o material ao sentimento. Então, por que o temor em poetar? Clarice não era poeta em prosa? Viver mesmo não é coexistir com um poesia ora remota e ora intrínseca? Verdade que minhas cadernetas de poesia estão bem guardadas e de lá sairão apenas com meu corpo devidamente embalsamado. Aliás, meu cadernos, cadernetas e blocos não estão organizados. Hoje ninguém saberia bem onde encontrá-los, sua cronologia (embora muita coisa esteja datada) nem o que fazer com eles. O melhor caminho deve mesmo ser o incinerador. Minhas estagiárias não sabem o que é um memorando nem uma folha de papel almaço. Parece que o papel está mesmo perdendo terreno. Mas não para ela. Ela não é balzaca ainda (muito cuidado com as balzacas!), mas sabe coisas que muito velho não sabe. Está nos meus planos mostrar a ela onde se encontra cada um dos meus papéis e o porquê. De todo o resto, ela cuida.

Carta a K (III)

Querida K. (Kastor)

Continuo lendo ‘nosso’ livro e meditando sobre o amor. E, pasme, continuo cheio de dúvidas. Consigo definir o objeto do meu amor e, em paralelo, o (os) objetos de desejo que podem acontecer ao mesmo tempo. Fico imaginando que num outro meio social isso seria normalíssimo, mas não no que vivemos. Coloco-me na posição do outro e bem posso imaginar a carga de ciúmes e sofrimentos, muito embora seja melhor essa ‘honestidade explícita’. Ando de um lado para o outro com minha dúvida, minha indecisão sobre o que é melhor a ser feito e não chego a parte alguma. De uma certa maneira, já vivencio essa situação e sei como essa convivência com realidades ‘dualizadas’ pode ser difícil (converso com você em particular quando você se restabelecer).

Ora, repito que concordo que o ser humano não é monogâmico, mas o amor, este sim, é monogâmico. E gora? Correr pra onde? Estamos todos dentro do curto espaço-vida e, nele, não há para onde fugir. Posso concluir que, de certa forma, o amador é um sofredor feliz. Que sempre foi e sempre será assim e que apenas teorizamos sobre o assunto porque um casal, um dia, resolveu abrir a discussão. E, criada a possibilidade de análise constante desses sentimentos, torna-se impossível prescindir deles. Porque esse amor é substantivo demais, sua constituição é muito mais real e palpável do que a própria sexualidade que advém dele. Esse é um lado a ser analisado. Perceba que, em geral, temos mais sonhos com o amor do que com o sexo puro. Não é a aceitação pelo outro do nosso amor e sim nossa própria consciência desse amor o que podemos chamar de porto seguro. É maravilhoso compactuar com o outro, mas nada é mais importante do que a nossa consciência do nosso amor. Porque essa consciência (fora os desajustados ou mal resolvidos) do nosso amor nos completa e torna cada um de nós demasiadamente humano. De uma certa maneira compreendemos que o ‘porto seguro’ está em nós e em nossos sentimentos e não estou tratando de amores platônicos não! Esse exercício de amar e ser amado (ou não), de pensar o amor e ocupar boa parte do nosso tempo é uma espécie de dádiva, de Pedra Filosofal. Esse é o momento de caminharmos um pouco mais (e caminhar para ‘dentro’), que, com certeza, é o verdadeiro caminhar. E ainda…. perceba, só caminhamos para dentro se caminhamos no amor (o que poderia ser contradição, mas não é). Muito menos eu trato de caminhar para dentro, claro que não. Você entendeu.

Beijo

Carta a K (II)

Minha menina

Coisas muito interessantes estão acontecendo. Não posso ter certeza de todas, mas de algumas sim. Coisas que conversamos ontem e que foram intermediadas por outras pessoas, igualmente. O dia hoje nasce diferente, sob um signo estranho como se eu estivesse no País de Alice. Quem ontem era meu amigo hoje me vira o rosto e quem ontem era meu inimigo, continua chato, pentelho (rs). Ou seja: as máscaras (como sempre) começam a cair. Os covis estão fervilhando, parece que existe uma alegria repentina, uma ‘verdadeira tomada de posição’. Mas o que me impressiona mais é exatamente nada disso me impressionar. Parece que meu distanciamento do homem como modelo de retidão está me servindo agora de proteção contra sustos, contra decepções. Se há uma coisa nessa história toda que me deixa tranqüilo e mesmo feliz é exatamente não estar me surpreendendo nem me chocando com nada. Vai para minha galeria de aprendizagens: as pessoas nem sempre são o que dizem nem o que tentam parecer. De qualquer forma, as coisas podem demorar um pouquinho, mas aparecem. E mais: não sinto raiva também. Não sinto nada…. talvez um pouco de pena, mas não por mim. Observo o tabuleiro e vejo que houve uma rearrumação completa: não ficou pedra sobre pedra e eu não precisei mover um dedo, o que corrobora minha impressão ferrenha de que a vida imita a arte. Os personagens surpreendem o leitor distraído. E mais: pretendo continuar sendo distraído, cuidando apenas para não ser leviano. Entrei num local, veja você, que me pareceu com alguns versos do limbo (rs), do Purgatório, de Dante. Veja bem a sensibilidade da coisa: do Purgatório e não do Inferno. Nesses versos observe-se que as pessoas não sofrem nem se arrependem. Ao contrário, festejam como quem está num paraíso infernal. Sei que você me entende. Elas é que não entendem.

Ah, uma amiga me procurou para falar daquele post-baixaria. O nome do rato, Pedro Leitão, (ou porco), corre como rastilho na internet: fim de mistério! (rs) Essa amiga ficou chocada, disse que nunca viu tanta babaquice na vida dela e acabamos rindo muito. É como na cruxificação de Cristo: hilário é o mau ladrão. Observo essa coisa toda com o olhar profissional de quem examina um roteiro, um script. E, mais uma vez, percebo melhor o ditado que diz: ‘Deus não dá asas a cobras’.

Bom, assunto momentaneamente morto e enterrado. Continuo a leitura frenética daquele livro, embora tenha que fazer pausas por causa de Mário de Andrade e meu compromisso com meus meninos, como os chamo carinhosamente. Minha vista anda cansada de ler e tenho que voltar ao oftalmologista em breve. Não sei não, mas Borges dizia que a cegueira, sob um ponto de vista, era benéfica por dos dispensar de ler asneiras rs. Talvez ele tivesse mesmo razão. Encontrei um livro muito antigo de crônicas de Nelson Rodrigues (A cabra vadia). Esses livros continuam brincando de se esconderem de mim. (Só agora entendo porque se diz que pérolas atrem porcos. Acaba de chegar um comentário em nossas cartas e, munido de Detefon, vou até ali deletá-lo).

Beijos

O que eu realmente quis dizer

Eu ia deletar o post abaixo porque escrevi unicamente para duas mulheres e, sem querer, generalizei causando um mais do que justo mal estar e permitindo uma interpretação errada. Mas não vou deletar para não perder os comentários. Assim, reescrevo o pensamento com mais tranqüilidade e menos açodamento:

calma – calma – calma – calma

“Tenho 52 anos de idade. Já me chamam de ‘senhor’ em todos os lugares. A velhice bate, sorrateira, à minha porta e eu a deixo entrar e tomar todos os cômodos. Se me perguntassem se eu gostaria de voltar aos 30 anos, seria categórico: não. A vida tem seu tempo e eu, ‘confesso que vivi’. Entretanto, nos últimos doze meses tive umas experiências insólitas que me deixaram meio assim. Conheci duas mulheres, uma beirando os 50 e a outra com 50. Mulheres carentes, solitárias e, pasmem, desesperadas. Mulheres de relacionamentos desfeitos e, temerosas com o avanço da idade, pularam no meu pescoço, entendendo que eu seria um ‘par’ ideal. Não sou e fiz ver às duas, com educação, que não seria ideal, que meu momento é de estar só, de estar voltado antes de tudo para mim. Normal, não é? Pois as duas (uma meio cultinha e outra analfabeta) se desesperaram e, diante da minha negativa, foram profundamente agressivas. Tomaram ódio por mim e passaram às ofensas. Um dia dou o nome das duas. Mas isso não vem ao caso agora. O que eu penso é que, quando vamos passando dos 45 anos não devemos nos desesperar, que podemos estar no melhor momento de nossas vidas. Que a história  das rugas e, eventualmente, da morrinha só se instalam mesmo na terceira idade, lá pelos 80 anos. E tem mais: isso não é uma característica de mulheres. Homens, igualmente, ao verem a idade se aproximando desesperam-se e buscam um certo elixir da juventude procurando ninfetas. E tudo isso para quê? Medo, pavor, de quê? Acho que todos os momentos da nossa vida, todas as idades podem ser boas e prazerosas, cada uma delas com suas características.

Portanto, amigas, acalmem-se. Se eu não fui um bom partido  outros virão. Evitem apenas o desvio de caráter pois esse não é aceito nem numa menina de 14 anos. 

Homem

Um homem frágil se presta a qualquer papel por ciúmes.

As verdades das minhas madrugadas

A insânia (não insônia) me faz levantar à noite, com certeza madrugada, e voltar os olhos para o teu retrato. Sim, não se surpreenda, mas seu retrato está aqui, observo-o diariamente. E não pedi outros porque esse me basta como me bastam recordações. O bastar de recordações não tem a ver com passado, uma espécie de ‘viver do passado’. Não, nada disso. Simplesmente volto atrás para resgatar coisas agradáveis, coisas que me alimentam a vida, lenha em minha caldeira. Estar dessa forma na tua presença é estar inteiro, presente, absoluto. Não tenho hoje outras maneiras para o absolutismo que optei como forma. Um engano tolinho é confundir. Achar que o mutismo é absolutismo: não é. Todas as coisas são diferentes, estamos colocados ou nos colocamos aqui e ali de acordo com o que desejamos e meu desejo, no momento, é esse. São momentos, fragmentos e só posso pensar assim porque a vida é complexa e fugidia demais para caber em um pensamento apenas. Vou aos poucos escrevendo como posso, na minha velocidade, no meu tempo e com a esperança que você esteja juntando tudo, que você perceba que é muito mais do que uma carta, é um tratado de opções de vida. Um contrato perante as deusas, anterior ao cristianismo. Talvez com as Moiras. Prevejo teu olhar reticente, teu descontentamento com os que não chegam lá, com os que te percebem objeto. Procuro criar um espécie de teia que, de alguma forma, te proteja das moscas errantes e, ao mesmo tempo, não te aprisione. Sou um tecelão do absurdo? Talvez, mas o que tem? Somos mesmo sempre alguma coisa. Assim como viajo no espaço e te vejo ressonar quase imperceptivelmente quando teu corpo, por fim, se entrega à doce inconsciência que repousa, que diminui a angústia, a tensão provocada por todas as coisas. Quando você volta a ser apenas você, sem persona, sem garras, no momento em que os ataques não te alcançam.

Vagueio pela casa sem acender as luzes, feliz com a sombra de luz que o luar propicia como a me mostrar que tudo me é concedido, que uso coisas irrelevantes, digo outras tantas perfeitamente dispensáveis, que o mundo se basta. Meu cigarro, percebo agora, queimou sozinho, a taça de vinha está vazia e meu corpo pode saltar como se não houvesse gravidade. Sim, devo estar num mundo à parte, talvez um sonho, talvez no interior do Aleph, talvez possuído por uma força outra, dessas que dizem vagarem em cima como um inconsciente coletivo (que resgato exclusivamente para mim). Sim… você pode ter razão se diz que não me explico bem, que penso alto e meu pensamento é fragmentado, descontínuo. Coisas que não me interessam muito. Vou até o relógio e vejo as horas.

Desencontros

Parte você, partem as pessoas. Pareço ouvir o barulho da proa, do casco sobre as ondas retas. Penso na retidão e sinto-me enjoado, enojado. O que chamam, afinal, de retidão. Não sou reto, sou o da encruzilhada, da dúvida, o que morre soterrado em interrogações. Meu bar é meu escritório ou o contrário. O uísque deve ser farto, como farta a leitura e a escrita. A prosa? Não sei, depende muito, depende de quem, com quem, para quem. Presumo um certo infantilismo até que me provem o contrário. Gosto de colocar e ser colocado à prova, gosto de desafios e não abdico de nada se perco. Se perco, repito, sou um real perdedor, um honrado cavalheiro que cedeu por motivos vários. Me conte apenas, não precisa explicar, porque levantou de nossa mesa, do café que tomávamos trocando olhares? O que nos dissemos por carta que não se realizou em nosso encontro? Sou indesejável? Soberbo? Fétido? Creio que não. Nem você, mas, repentinamente, uma névoa turvou seus olhos e, antes da lágrima derramar-se, você levantou e saiu. Atônito segui a linha reta que você marchou até o passeio e depois te perdi. Em casa, à luz do meu candeeiro, vou te escrever uma carta – que sabe acerto o endereço – perguntando ou contando meu desassossego.

A Completude de K.

Faço uma provocaçãozinha em K. e essa menina mais que demais me enche de afagos. Realmente “amigo é pra se guardar do lado esquerdo do peito” que é exatamente onde ela está. Eu nem ia falar nada não, mas não posso deixar de dizer uma coisa: K. é dessas meninas “meteoro” que atravessam a vida da gente assim, de repente, sem mais nem porquê com sua radiante luz própria incendiando o céu na nossa noite acostumada a comezinhas estrelas sem sal. Durante todo esse tempo eu só recebi carinho dessa menina que tem a metade da minha idade e me ensina diariamente um milhão de coisas da vida. Aliás, não exagero em dizer que passei a perceber a vida de maneira diferente depois que conheci K. Muito bom as pessoas que não têm medo de mostrar, escancarar todo o carinho que possuem. Quando eu envelhecer mais, serei como ela.

Meta

Tantas necessidades e tantos desejos, tantas questões a serem fechadas ainda, tanto futuro incerto. Ela caminha naturalmente claudicante, prisioneira de vontades e cuidados. O mundo com todas as suas opções, umas concretas e outras não, se oferece bailando e risonho como uma serpente encantada. Ela observa todos esses caminhos, ofertas, possibilidades, amores, paixões como quem assiste um espetáculo ou um meta-espetácilo ou um para-espetáculo. De qualquer forma tudo é show. O homem, desde o início dos tempos, faz exibições para o objeto querido. Eu, descrente dessas coisas, digo não ao show, digo não às demonstrações e pretendo tão somente ser – modestamente – eu mesmo e procurar oferecer apenas aquilo que tenho, que sou. Tenho as madrugadas por testemunha.

Tabuleiro

Dúvidas, dúvidas, dúvidas. Pergunto-me acerca de mim e das outras pessoas, o que estimula uma coisa. (Às vezes coisas nascem!) Muitas vezes ficamos parados no meio do caminho aguardando um sinal. Às vezes ele vem, mas vem incompleto. Outras vezes não vêm. Podem também ser nagativas, mas tudo pode, tudo vale quando estamos experimentando uma coisa diferente, sentimentos novos em nós. E mesmo as negativas terminam por não machucarem por serem pronunciadas pelos eleitos. Os seres humanos e seus jogos!

O show da vida

O convencimento é um expediente tremendamente fraco. Em qualquer atividade em que estamos envolvidos não devemos nos convencer, devemos comprovar. Não me convenço de nada e não pretendo convencer ninguém. Posso sim mostrar o que rola, como rola e o que isso nos traz. Às vezes tenho a impressão que existe por trás de mim um mundo muito maior, muito mais complexo e completo e que esse mundo está escondido atrás de um espelho. Olho e vejo apenas meu reflexo e não seu tamanho e possibilidades. Não consigo (nunca!) permitir que exista algo grandioso e prazeiroso sem que eu vivencie. Não quero nada dessa vida: apenas vivenciá-la o máximo possível. É bem verdade que às vezes nos aparecem encruzilhadas: para cá ou para lá, mas isso não é, absolutamente, um fim. É um início, é o momento em que, por ser humanos, eu consigo experimentar tudo. Pessoas foram feitas para viverem tudo, ousarem, compreenderem que o mundo não é preto ou branco, sim ou não, isso ou aquilo. Não! Assim, seria pequeno demais existir, a vida não teria graça, não seríamos movidos por emoção. Só é concebível sermos viventes se a emoção, a paixão reger toda a existência. Não fosse assim, seríamos uma pedra e como tal, permaneceríamos séculos no mesmo lugar. Apesar de algumas coisas poderem ficar quietas (conveniências mil nossas), cada dia traz a surpresa de novos sentimentos e experiências. É esse o show da vida.

Ponta cabeça

Meio descansado. O descanso me cansa. Amoz ÓZ hoje. Na veia. Estudando muito para ‘dar uma decisão no grupo de estudos que coordeno’. Existe um sentido libidinoso e amoroso em todas as coisas que escrevo e, principalmente nas que faço. Sim, tenho amor aos livros, mas ainda me divido entre amor e livros. Ela pode estar longe, bem sei. Não me importa muito. Afinal, o que é estar perto? Passei a dormir bem, comer bem e trazer em mim uma paz diferente, uma paz que, ao mesmo tempo que foi conquistada, foi-me dada também. Faço esforço para explicar tudo, mas tenho certeza que não é preciso. Determinadas coisas a gente sente. Eu sinto, você sente, ela sente. As coisas que vão dentro de mim são muito mais fortes do que meus discursos e, como tenho preguiça de falar… Afinal, eu sempre falei e repeti que nadamos muito para chegar a um porto seguro e ele é seguro (muito), masmo que aparentemente não aparente. Talvez eu esteja uns passos adiante, talvez tenha corrido demais no passado (ou agora), os porquês não me interessam. Ela ama e dorme, ama e dorme aproximando duas coisas boas: o amor e o sono. Eu não saberia fazer melhor, mas sempre acreditei que não passo de um aprendiz e quero morrer assim. Quero aprender com as expectativas da vida, com as surprezas da vida. Quero, enfim, algo saudável. Como o amor de uma criança – ou de uma mulher – ou os dois! Tudo porque chove na praia, chove em cima dor mar e, olhando, percebo uma simbologia: não adianta você me dizer que não poderia porque já está dentro d’água. Te mostro que sempre é possível chovendo em você. Essa é a parte adorável do mundo, a parte que não devemos abrir mão nunca porque é a magia de receber de ambos os lados e em cima e embaixo. É ficar de ponta cabeça e se encher de amor.

O que somos

As coisas acontecem assim mesmo, não se assuste. Os caminhos se trançam, as pessoas aparecem e vêm carregadas de querer, de olhar de remanso, de busca, de só se dar. É uma expressão humana, demasiadamente humana, firme, um tanto libidinosa como são as relações de homem e mulher. O melhor é não nos assustarmos, deixarmos um pouco a timidez de lado e vivermos o que é para ser vivido, pois assim a vida dispõe. Tudo o que é feito em nome do desejo, do querer não é errado porque o desejo sempre é o resultado da expressão mais íntima, mas sincera e mais doce. É claro que nos confundimos, claro que nossos sentimentos entram em turbilhão e nosso corpo aquece. Essas coisas não são esperadas, são surpresas do acaso, da possibilidade de amar, da realidade de sermos simplesmente humanos.


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"A descoberta do Prozac criou um universo de eunucos felizes"

"É-nos impossível saber com segurança se Deus existe ou não existe. Por isso, só nos resta apostar. Se apostarmos que Deus não existe e ele existir, adeus vida eterna, Alô, danação! Se apostarmos que Deus existe e ele não existir, não faz a menor diferença, ficamos num zero a zero metafísico" Albert Camus

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""Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia. E, no entanto, o leitor se desgasta, se esvai, em milhares de livros mais áridos do que três desertos."
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