Não ouso com uma barata. Não quero pessoas-baratas nem baratas-pessoas. “A Metamorfose” me causa engulhos, a possibiliade de…
O banheiro é o lugar onde o sangue mais mais aparece. Cinema. Menstruação nunca se inicia no banheiro. Somente tiros e facadas, somente personagens escondidos embaixo da banheira antiga ou ainda imagens que aparecem no espelho enquanto ela se observa. Grito. Fade com trasição de 20 frames. Tudo fica óbvio porque mulheres muito brancas tem visíveis veias roxas – como uma flor que nunca lembro o nome – (acho que uma é hortência). Me parece que suspense no cinema prega mais sustos do que na literatura. E concluímos cedo que o cinema usa planos fechados das ‘vítimas’ exatamente para não percebermos quem está escondido, de tocaia. E na hora: susto. Claro que a trilha sonora é fundamental (e livros não têm trilhas sonoras). Mas não adianta: o livro é sempre melhor.
O livro mexe com nosso consciente e com o inconsciente, com a dor e a necessidade premente como se ‘fora do tempo’: o livro está ali. Os escrevinhadores são seres desalmados que não se penalizam de nada nem ninguém e colocam para fora, no papel, todos os surtos, todos os estados catatônicos, toda a sujeira da mente exposta à crianças de quarenta anos.
O escrevinhador é um deus que joga dados conosco o tempo todo e jamais deixa de vencer, jamais se abala (com todos os seus dentes cariados e feios, seu mau hálito, suas badalhocas). Galopo no cavalo negro em busca de albergues, de pousadas vagabundas de beira de estrada e o céu pode ser vermelho.
Disseram