Memória vazia

Recebi um e.mail com as estatísticas do blog em 2010. Números interessantes muito embora simples se comparados com outros sítios. Ainda mais porque não escrevi aqui duraante não sei quanto tempo. Anos, acredito. Não me aconteceu nada digno de ser narrado durante o ano, estive retirado, em casa, sem atividades nem literárias nem de outra espécie. Talvez o blog seja mesmo o lugar onde se contam coisas, fatos, atividades e, se não acontece nada, não há material para a narrativa. Normalmente o blogueiro é um livre memorialista – pelo menos me vejo assim. E quando não há nada na memória… E… é verdade… nenhuma perspectiva….

Medo?

O suor escorre mesmo nessa baixa temperatura. Como se a febre consumisse tudo o que vai em mim. As drogas consentidas que rolam no meu sangue. Sangue inócuo, apagado, frágil. A mulher atravessa a rua e eu observo apesar da neve. Bela e fugidia. A neve não me incomoda mais. A mulher segue em frente num passo apressado de quem não quer se molhar, de quem tem frio, de quem tem medo. Medo. Medo. Minha gente tem medo, minha gente corre com medo mesmo sem saber exatamente de quê ou exatamente porque acredita saber em quê.

púcaro

Engraçado essa coisa de eu passar a vida escrevendo a minha história…. descobri que eu não sou esse ente que umas poucas pessoas conhecem. Não, sou um personagem criado por uma abstração, por um lapso de deus, que me deixou nascer e chegar a quase decrepitude. Mentira. Cheguei à decrepitude ainda antes dos trinta anos, mas não tinha consciência exata.
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Era uma coisa vaga, um sentimento estranho, um frio na barriga e uma vontade de fugir para uma outra dimensão que não conseguia explicar nem ao papa. Depois a coisa foi piorando e os analistas faziam juntas médicas para tentarem compreender. Não adiantou nada. Nem poderia.
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Quando você trata com uma não pessoa, com um ser que está sendo escrito por outro, quando você trata com uma alma fugida do Purgatório de Dante tem que estar atento para entender as reviravoltas que a história pode dar. Freud dançou feio nessa e seus seguidores até hoje rodam feito baratas tontas aplicando soporíferos aqui e ali sem conseguir um resultado palpável.
Seria preciso uma conjunção de teóricos de várias vertentes com médicos, pais de santo, eruditos, prostitutos, padres e freiras lésbicas, todos juntos, estudando um personagem, seguindo os meandros da história e tentando captar-lhe a essência.
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O problema é que personagens mal escritos por espíritos impuros normalmente não têm essência o que acaba tornando tudo mais difícil. Acho que Guimarães Rosa poderia entender isso um pouco melhor, mas não existem mais “Guimarães Rosas” dando sopa por aí. Para esse caso seria necessária a entrada do pai de santo que faria uma consulta ao Senhor das Esferas e, em transe, tentaria contato com o escritor.
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Ainda assim acho que não daria certo. A ala politicamente correta ia ser do contra e coisa ia acabar em nada, acabar num banho de banheira com hidromassagem e creolina. Tudo isso porque eu tentei explicar para outrem o verdadeiro motivo de eu ter revelado a estada de Nadja na minha casa, uma estada breve, diga-se de passagem, que acabou numa gritaria danada com vizinhos na janela e ameaças de chamarem a polícia. Por aqui existe a cultura de se ameaçar chamar a polícia (o que, de fato, nunca acontece porque todo mundo sabe que não adiantaria nada, que a desordem aumentaria).
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Me falta alguma coisa, tenho certeza. Vergonha na cara pode ser uma delas, mas me faltam outras coisas, coisas banais que todo mundo tem (e nem sabe!). À partir de amanhã vou sair em buscas dessas coisas, vou de loja em loja, de mafuá em mafuá, de bairro em bairro. Tudo isso porque tem uma voz renitente que não pára de gritar na minha cabeça insistindo sempre e em vários tons que sou um púcaro sem tampa, púcaro sem tampa!

ilusões perdidas

QUANTO MAIS eu caminho pela vida, em muitos momentos, parece que minha experiência é menor por acreditar ainda em duendes. Passoas duendes não deveriam mais estar no meu rol, mas acabam entrando inclusive com a minha facilitação. São os mendigos, as moças bonitas que passeiam nas avenidas ao entardecer, são as pessoas que falam de uma determinada experiência qualquer ou de toda a experiência de toda a sua vida. Os meios, as aparências e as histórias variam, mas estão todos lá cumprindo seus papéis de atores fracassados e eu, de espectador mais fracassado ainda, que BATO PALMA PRA MALUCO DANÇAR. Solução? Não há nenhuma dúvida que a solução deve estar em mim e não no outro, no parceiro. Insistindo na teoria que a vida imita a arte, estou certo que a resposta pode estar na literatura, que certamente está lá, mas é quase impossível acharmos o livro certo para ler. Livros certos são aqueles que escrevemos, aqueles em qua ditamos regras e pontos finais a personagens. Mesmo que não vendam nenhum exemplar.

… dos carnavais…

 TIVE uma profunda relação com o carnaval quando trabalhava com o arlindo rodrigues. ele era um mestre diligente em seu processo de criação, minimalista às vezes. foi na prancheta dele que esbocei meus primeiros desenhos de planos de imagens. ele discutia meus story boards, desenho por desenho. tinha paciência infinda em me ouvir explicar o porquê das posições das câmeras.

tempos depois o haroldo costa me revelava bastidores da montagem do orfeu, do vinícius porque eu estava roteirizando um documentário que dirigi posteriormente chamado ‘em verdade, vinícius’. o haroldo é híbrido, transita vários caminhos e se refaz depois através dos seus comentários.
no ano de 1983 eu conheci o diretor alcino diniz e pedi para produzir eventos na recém nascida tv manchete. o que eu não esperava era que desse o rolo que deu no ano seguinte, 84, quando a globo resolveu não cobrir o carnaval em oposição ao brizola e à inauguração do sambódromo.

me peguei percorrendo todo o sambódromo, fazendo o mapeamento de onde ficariam as câmeras, os comentaristas e toda a parafernália de cobertura de um carnaval. saiu na revista manchete uma foto nossa (eu e alcino) de página dupla, caminhando na pista. achei engraçado. daí eu sentei numa sala de reunião com o jaquito e o alcino (tinham mais pessoas que não lembro, ah, o geraldo matheus!) e ficou acertado que cobriríamos todos os bailes importantes da cidade e o desfile das escolas.

a manchete não tinha todos os recursos e a gente saía muito na porrada pra conseguir as coisas. fizemos camisas amarelas para a equipe e crachás rodados na gráfica da revista (que imprimia também na época os folhetos da loteria esportiva, olha que doideira…)… a coisa tomou rumo e, muito antes do carnaval, eu já estava dirigindo um programa chamado ‘esquentando os tamborins’ que cobria os barracões e os ensaios na quadra das escolas. nesse programa tinha outro diretor: o jacy campos.

em paralelo, o roteirista eloy santos me propôs fazermos uma documentário sobre o Zé Ketti na TVE. daí eu me aproximei do zé ketti também e passei o pão que o diabo amassou com ele que começava a beber no início das filmagens e numa hora lá eu tinha que parar porque o zé estava bêbado. um dia, estava gravando um quadro com o zé, ele se embriagou e foi dormir na casa de uma mulher num subúrbio… no dia seguinte estávamos no estúdio gravando o quadro (que tinha continuidade). nos ensaios o zé declamava e cantava e eu sentia que havia uma coisa muito errada, mas não descobria o que era.

aquilo me encucou demais. comecei a gravar logo na tve porque à noite eu ia dirigir a filmegem da manchete numa quadra de escola com o joãosinho 30. foi aí que eu percebi! o zé ketty esqueceu os dentes postiços superiores na casa da mulher!…. os sambistas que andavam com ele começaram a telefonar para todas as mulheres pra saber em qual casa a dentadura tinha ficado…o zé não lembrava. o tempo passava, meu horário de estúdio ia terminando e acabei sendo obrigado a gravar com o zé de qualquer jeito. botei uma grua porque, enquadrado por cima, se percebia menos a ausência dos dentes.

nesse programa tinha uma cantora que me deliciava, andávamos juntos para cima e para baixo. um dia o alcino mandou eu chamar uma comentarista, historiadora e tal (não era a maria augusta) para uma reunião. pois essa mulher era homônima da cantora… putz… a mulher (cantora) atendeu a convocação e chegou na sala. o alcino me fuzilou com os olhos rs… chamei a pessoa errada….

poucos dias depois eu tive que sentar numa mesa de bar com o pamplona. era tudo regado a muito uísque e o pamplona esbravejava contra o sambódromo, o niemayer e o brizola. mas ele tem um carinho paternal por mim e foi lá ser o comentarista nos desfiles.
montaram uma estrutura enorme no estúdio B da praia do rússel e lá estávamos nós, em frente à mesa de corte e às comunicações entre caminhões de externa na avenida, pequenas unidades nos clubes, mais o controle mestre da rede…. um rolo só.

acontece que o adolpho bloch, já que era dono de tudo, resolveu chamar a família e amigos para assistirem a transmissão justo de lá, do corte. toda a equipe de operações, técnicos, produtores e diretores… e a platéia do adolpho atrás, falando, comentando, dando palpites.
a gente tinha que prestar atenção a muita coisa ao mesmo tempo e aquela balbúrdia atrás era uma coisa de louco, mas o adolpho era o dono!

eu e o alcino nos falávamos pelos fones, cada um pilotando lá sua geringonça, ele o diretor geral, claro. ele me olhava desesperado, indagando o que podíamos fazer naquela situação. alcino me disse entredentes: eu não tô aguentando mais, garotinho…. falei pra ele se acalmar.
quando a primeira escola se posicionou na concentração, quando ia começar o desfile, para surpreza geral, o alcino levantou, socou a mesa, disse que assim não dava e mandou o bloch sair com toda aquela gente.

todo mundo ficou branco. pronto! estávamos todos, a começar pelo alcino, demitidos por justa causa! foram segundos de um silêncio sepulcral… ouvíamos o coração do outro pulando…
o adolpho levantou, chamou o grupo todo e saiu da sala de corte. o desfile estava começando e ele não podia fazer nada, era a inauguração da manchete!!!

pensei que ao final do carnaval o adolpho ia demitir todo mundo, mas ele fez exatamente o contrário: nos contratou por anos para dirigir sempre os carnavais da manchete (que foram mesmo memoráveis)

Eco

Meu primeiro contato com o italiano Umberto Eco foi através do romance O NOME DA ROSA. Naquela época eu não sabia que aquele homem era um intelectual vigoroso, grande em seu estudo da semiótica, das artes, da história da Idade Média. Não sabia nada, portanto. Depois, pouco a pouco, vim tomando conhecimento de ensaios, textos, palestras, etc. do autor. Ele não era mais aquele homem que me escrevera um livro policial autêntico passado em plena Idade Média. Tratava-se, eu ia vendo, de um intelectual raro, fino, verdadeiro. Desses semi-deuses que raramente chegamos perto fisicamente (academicamente nem se fala!). E foi lendo dezenas de livros de Eco que comecei a entender o que era tudo aquilo, quem eu lia e porquê eu lia, bem como percebia cada vez mais a fineza do livro O NOME DA ROSA. As coisas iam-se  juntando e eu compreendendo um pouco mais de cada vez. Não é fácil ler Umberto Eco, não é fácil compreendê-lo e sinto muitas vezes enorme falta de uma preparação acadêmica para que eu o alcance em toda a sua plenitude. Agora é tarde e devo apenas me esforçar e entender um pouco mais e outro pouco aqui e acolá. Compreender esse intelectual com certeza nos ajuda um pouco (não, muito !) a entender a vida.

Se der, filhos e netos e nada mais

De vez em quando sou tomado por uma bobeira. De vez em quando por duas. De vez em quando sou tomado por QUATRO bobeiras. Porque existem várias maneiras da gente se comunicar com as pessoas e o telefone é uma delas (talvez não a mais importante) e o telefone é um meio e não uma pessoa.E por que escrevo isso assim, tão de repente num meio de sábado ensolalarado? Porque eu tenho merda na cabeça é a resposta mais objetiva e verdadeira que me vem, mas tem outras.

Meu filho mais novo,a essa hora está em plena enseada de botafogo, num veleiro com o velho marujo, vendo a disputa de aviões. Meus filho mais velho está com sua mulher nas colinas de Minas Gerais preparando-se para fazer contato comigo via internet. Os dois estão por aqui, pertinho e eles, somente eles, me importam dessa forma total que só os filhos nos importam.

“Filhos? Melhor não tê-los… mas se não os temos, como sabê-los?”

Ter filhos, ter a coragem e a capacidade de ter filhos é uma das coisas mais maneiras do mundo. Eu seria, sem dúvida, outra pessoa, se não tivesse esses dois caras que eu tenho, que me enchem a vida de novidades, que povoam minha cabeça de idéias novas, de pensamentos que, sozinho, eu não teria.

Às vezes fico pensando que uma pessoa sem filhos não pode ser igual a uma pessoa com filhos.

Na verdade eu tava falando de companhia, pensando em companhia. Tem horas que eu não quero, que detesto companhia,tem horas que eu quero companhia Vá entender ! Me entender? Desista, eu já desisti há muito tempo.

Mas o que importa é que, se eu não morrer logo, vou ter netos e aí eu enlouqueço de alegria de vez. Não é todo mundo que chega aos 55 anos. Penso nisso quando estou dando uma volta no quarteirão, por exemplo. Quando tem um explosão de sons e luzes na minha cabeça. Ou quando eu piro. Quem não pira? Existem várias maneiras, né?

Porque você pode pirar com educação, pode pirar de uma maneira agradável…  pode pirar até com uma baita sorriso no rosto, não é mesmo?  Pois aí está lançada a campanha: Dê uma pirada, mas seja normalzinho ! Ah Ah Ah

 

P.S.  K. já sei que a senhorita é do contra, tem esses dois milhões de motivos para não, mas trate de colocar essa mãozinha alva na consciência.

Nossos processos

2001 e 2002 foram os anos em que eu mais produzi nos blogs. Parece que o negócio ainda estava começando por aqui e a vontade era grande. Depois a nossa vida vai se enquadrando e a gente vê quanta coisa já contou… E agora? Contar o quê? Os achaques da velhice? Os livros que estou lendo e os muitos que não consigo ler? Uma das coisas mais tristes de relatar é a perda da capacidade intelectual, a perda de assimilação do que se conhece, do que se lê. A confusão mental e a falta de memória sobre aquilo que se conhece ou o que se lê. Mas não é drama. Acontece mesmo. E aí vêm os remédios que, se por um lado melhoram algumas coisas, por outro acabam de destruir outras. Tudo passa a ser relativo…..a relatividade do conhecimento, do lazer, da capacidade de ter sentimentos, etc etc.

Começamos a padecer desses males que antes, bem antes, víamos como algo infindavelmente distante de nós. Eram os males dos “velhos” – dizíamos muitas veses sorrindo. Mas o tempo passa e aqui não vai um pensamendo depreciativo nem deprecivo. Nada disso. São as mudanças invernais que a vida vai nos mostrando e a nós submetendo, como um Sísifo. Essa vidinha que corre aplica suas regras a todos, indistintamente. Em 2010 produzo menos e, portanto, escrevo menos que em 2002. Coisas da vida.

revigorando o rio

A Lapa está está crescendo horizontalmente. Há quatro anos atrás eu morava numa rua, distante o suficiente do “agito” para viver no silêncio mesmo nas madrugadas de sábado. Em muito poucos anos a coisa vem mudando. Próximo aos Arcos não há mais espaço para os novos bares que vêm vindo mais para cá, em minha direção. E com eles o som das músicas, o barulho. Bem verdade que ainda é distante, baixo, mas já ouço. Nesse ritmo, em mais dois anos terei uma casa de shows na minha esquina !

Itararé

“De onde não se espera nada… é de lá que não sai nada mesmo”

K.rocodilo

Mítiga noite. Eu e você e a história misteriosa da parada no tempo. Não sei bem como acabou por acontecer, mas aconteceu. Duas paredes. Dois quadros iguais em duas paredes diferentes de localidades diferentes. Como pode? Claro que não sei. Os calendários até mudam, mas nós estamos no mesmo lugar, no mesmo ponto de um nada tão profundo e tão cheio de “tudos” e, ainda assim, eu não me espanto.

Verdade que minha caverna ficou mais escura ou mais profunda (questão de ponto de vista), mas a xícara está ali. Meu liquidificador ficou mais silencioso, mas continua “liquidificando“. A vida vai passando como esse rio magro, com essa água ora barrenta, ora límpida. Como o crocodilo, posso estar submerso, com olhos na tona. Olhos sempre voltados para dentro porque é em mim que tudo está guardado. Como um caracol de Java. Um caracol marcado à ferro e fogo pelas noites de sedução dessa menina. Esse cativar infindo, essa certeza absoluta. Olha que me dar certeza absoluta não é mole não.

Pensando bem, não são dois quadros iguais. São dois quadros que se completam porque assim foi e assim será. E ainda assim é a Incompletude***, esse estado pleno, que transborda, que chove, que perdura para nos esvairmos como uma veia da américa latina.

Porque o tempo passa e nada muda. Jamais.

cigarro…

Não é apenas ficção, não é apenas o que eu colho nas resenhas de livros nem em livros ou entrevistas. É importante estar à margem das atividades comezinhas, estar “em seu lugar” sem dar satisfações nem falar. Assim como o escritor verdadeiro, eu não tenho nada a dizer sobre nada, não quero aparecer, não quero nada. Quero a quietude, o negror da noite eterna iluminada por minha luz, minha vela, minha lâmpada. O que escrevi não foi nada, portanto não sou nada, não tenho nada e, muito menos, quero nada. Sou um curioso de mim mesmo, é o que interessa. Olho-me no espelho e nada vejo. Olho então com os olhos voltados para dentro. Um velho  claudicando e só. Percebo pela janela que um sol frio aparece,  desses que nos dizem que a chuva está vindo, que a tempestade se aproxima. Estou absolutamente só com minha xícara de café e meu cigarro.                                        

Invernal

Existem alguns momentos em que as pessoas não reconhecem sinais, signos. Atitude perigosa. Não sei quais são as boas atitudes, mas sei que são necessárias embora, nesse momento, eu esteja com dificuldade de tomá-las. O de sempre, pra bom entendedor. A cana de açúcar, o sorvete, o chocolate. Liguei pra Raquel, minha livreira predileta. Mais Pierre Michon; na veia!!! Aliás alguns escritores são isso mesmo, ‘na veia’. Dizem o que a gente não sabe dizer (ou sabe?). Não sei se eu sei. Nunca tentei. Meus caderninhos são guardados à sete chaves. Leio uma crônica do José Castelo sobre Ana C. Não encontro em nenhum sebo o livro do Moriconi, o texto sobre ela. Essa mulher é um enigma e minha amiga querida fez mestrado sobre ela. Não li ainda. Alô, Anne ! Por fim, não sei para onde me viro.

Mas não é toda a verdade. No fundo sempre fui assim e agora escrevo como se fosse novidade. É porque não quero falar das mazelas da minha cidade, do meu Estado. Prefiro enfiar a cabeça na terra e não ver. Prefiro ler João do Rio, por exemplo. Se sou um covarde? Avalie você! Não penso nas pessoas (e nem em mim) como bravas ou covardes. Pessoas são o que são, são pessoas com seus mundinhos, uns mais, uns menos medíocres. Não estou chamando ninguém de medíocre, pelo amor de deus ! Digo que a vida é que é banal e ordinária. E tem gente que leva a vida à sério. Não, não é pra ficar feito um pateta rindo de tudo. É apenas para entender de uma vez por todas que tudo isso não vale à pena.

Chove. Sempre chove e alô alô depressão! Não dá pra ninguém escapar. Fica esse ar taciturno, esse olhar irreal para coisas (que são) irreais também. Penso às vezes que não vivo propriamente, mas que sou eu mesmo um resto de monotonia que ficou como o último trago amargo de um garrafão já sem a rolha. Se eu sou o fim? Talvez, talvez… Outras pessoas podem falar melhor. Não era nada disso. Tudo isso é porque vem mais um volume de um autor interessante. Pelo menos penso que sim. Chove mesmo. Parece que nunca mais verei um céu azul e um sol daqueles. Quando está calor demais eu também reclamo. Por outra: eu sou um chato.

Essas observações invernais, no fundo, pretendem mais esconder do que revelar a personalidade. É um jogo de espelhos falsos, uma brincadeira de mau gosto.

hoje

Por um tempo entendemos as coisas equivocadamente. Esse tempo não é mensurável (na verdade, é) porque tratamos de tempos em descompasso, o que anda para o fim da vida e o que corre para trás, o da morte. Nesse hiato coloco-me sem ter certeza do epílogo, embora perceba as probabilidades. Eu percebo, diria, muito mais do que dou a entender, muito mais do que permito que vejam. Não porque eu seja diferente, mas porque a humanidade é cega.

Não dito…

É como se os neurônios fossem grãos de feijão mal conzidos. E assim fosse tudo bem. Quando deixa de ser assim, torna-se praticamente inenarrável. Meu cérebro abriga uma massa grudenta onde não existem individualidades, não existe memória. A retirada das substâncias tornam tudo pior, o desespero muito maior. Não existem vantagens… apenas o bem estar de antes desaparece. Não percebo absolutamente nenhuma melhora com a retirada disso ou daquilo. Continuo com a mesma deficiência, talvez maior – ou igual – dá no mesmo. É uma pasta neuronal, nada tem fixação, nada. Essa percepção de mundo eu perdi completamente. E ainda por cima meus óculos ficaram uma merda. Ou seja: “decididamente não vejo mais nada”. Meu olhar está feio, triste sem glamour.

Por outro lado me dou conta de que as pessoas somem, as pessoas somem mais e mais. Olho para os lados e nada, não percebo nada. Muito menos à frente a atrás vejo pontos na neve, muito distantes. Peço uma alternativa, uma solução aos alquimistas e eles só me falam em retirar e eu tento e continuo essa zona: não sei mais se não fixo as coisas ou se, em verdade verdadeira, não sinto o desejo de guardar, de ler, de observar. De uma maneira ou de outra há a constatação de que não estou caminhando, que não está dando certo. Nem isso aqui está bem explicado.

Mas não poderia ser de outra forma ou colocaria tudo a perder.

KD V ?

by K.

fragmento

 “Cada bebedeira era para mim como um ensaio geral, uma retomada das formas decaídas da Graça; pois a Escrita, pensava eu, viria em sua hora assim, exógena e prodigiosa, indubitável e transubstancial, transformando meu corpo em palavras como a embriaguez o transformava em puro amor de si, sem que segurar a pena me custasse mais do que levantar o cotovelo; o prazer da primeira página me seria como o arrepio ligeiro do primeiro copo; a amplidão sinfônica da obra acabada ressoaria como os cobres e os címbalos da embriaguez maciça, quando copos e páginas são inumeráveis. Arcaico meio, grosseiro subterfúgio de um xamã camponês!”

Pierre Michon

Corre

A violência de raios e trovões não diminuem minha visão pessimista do flautista desajustado que mora ao lado (sempre mora ao lado). A percepção de que não há o centro porque estou aqui e “meus lados” são a renúncia e a própria exaltação de verdades e dúvidas. Sou. Sou. Sou? E então baixa o pano com certa violência (veludo vermelho já meio gasto pelo tempo e as disciplinas). Minha tendência é deixar esse tempo um pouco para trás, deixar a corrente que me leva (e eleva), deixar que tudo simplesmente seja. Quem é o flautista? Por que um velho? Por que um velho padre? Não poderia eu mesmo ser um velho padre que caminha por avenidas e ruelas sempre rumo ao norte, ora num veículo, ora marchando? Sou eu… Sou? Como, se está na casa ao lado? Tudo está sempre ao lado e para não perder meu centro, busco um mundo em outra dimensão (sempre eu atrás dos espelhos). E essa dimensão estranha e irreconhecível me trás até aqui como o monge que provou a maçã enfeitiçada. Sou eu mesmo o feitiço do homem de cabeça branca, de barba branca, de dentes amarelados de lentes grossas… Sou eu mesmo esse flautista que rodopia em frente ao espelho de zeros? Como separaram os uns dos zeros? Com que intenção? O que se pretende disso tudo aqui? Uma novelinha piegas? Pois a têm! Templários que ostentam relógios desproporcionalmente grandes. (Como) o Coelho de Alice. Como cheguei a isso, me diga mulher confusa ! ! !

..substantivo…..

substantivo feminino

1

Rubrica: clínica médica.meio e modo de se examinar um doente, esp. de se verificarem os sinais e sintomas; propedêutica, semiótica, sintomatologia

2

(sXX) Rubrica: semiologia.para Ferdinand de Saussure (1857-1913), ciência geral que tem como objeto todos os sistemas de signos (incluindo os ritos e costumes) e todos os sistemas de comunicação vigentes na sociedade, sendo a lingüística científica o seu ramo mais proeminente

3

Rubrica: semiologia.para L. J. Prieto, estudo de todos os sistemas de representação que têm a comunicação como função, privilegiando o funcionamento dos sistemas de signos não lingüísticos (numeração de ruas, de quartos em hotéis, códigos navais etc.)

4

Rubrica: semiologia.para Roland Barthes (1915-1980), estudo das significações que podem ser atribuídas aos fatos da vida social concebidos como sistemas de significação: imagens, gestos, sons melódicos, elementos rituais, protocolos, sistemas de parentesco, mitos etc.

5

Rubrica: semiologia.nas artes, estudo de fatos literários, teatrais, cinematográficos, artísticos, vistos sob o prisma de sistemas de signos

Gide na saleta

O encontro tardio com Gide se dá de maneira tumultuada, quando eu ainda estou sob o estado de choque pela tardia leitura de Beckett. Tardia, tardia, tardia. Sou uma pessoa tardia. Busquei as coisas de forma atabalhoada (?) e agora pago o preço… vil, indigesto, símbolo de fracasso. Símbolos, símbolos, quantos símbolos eu vejo e me mostram minha inoperância (fraqueza mesmo!) diante deles! O mundo é um símbolo (ou vários) e a vida é um símbolo. Sim, reconheço que ainda estou assustado, sob a marca do espanto do elemental que é despejado sobre minha fronte com raros cabelos brancos. Cada instante é um momento sujeito ao espanto, à loucura que se instala, mas não se assume. São as vozes que falam, mas não mostram seus rostos (nem embrulhados em véus). Minha veia aberta esguicha um sangue estranho, como se não fosse o meu. Aliás o sangue não deve mesmo ser unicamente meu??… deve haver uma miscigenação violenta, mas aí já é assunto para os antropólogos. Hoje é o instante, é o momento, é o grito contido, a lâmina que corda o ar, a água que não apaga o fogo, fogo que vence. Fausto. Pena de Fausto. Gide, esse homem que se apresenta a mim, que senta na poltrona em frente à mim. Esse contador de histórias que eu tanto necessito…

Deleuze ….. ?

Imagino que talvez um dos maiores pensadores atuais seja Deleuze. Talvez não seja em relação a… mas pra mim é. Claro, ler filosofia sem um orientador é uma situação árdua. E muito provavelmente eu aproveite 80 ou 50% do que leio. Não importa nesse momento. A leitura importa em todos os momentos, mesmo nos mais deprimidos. Absolutamente não é querer auto-elogio. Bobagem isso. Já disse que ainda estou de chupeta e fraldas descartáveis. Estou apenas caminhando, apenas buscando as pessoas que sabem para que eu possa entender um pouquinho nas relações ou, somente, às minhas relações. E o que são minhas relações? Um emaranhado de mim. Em muitos momentos, tal como um esquizofrênico espiritual, eu me afasto do pensamento do outro, não por não aceitar, mas por não compreender. A Filosofia, nesse aspecto, é uma leitura simplesmente subjetiva, apenas uma espécie de óleo para a engrenagem dos relacionamentos.

Não acho totalmente interessante estar nessa torre olhando o horizonte. Não me cabe bem esse mutismo existencial (que às vezes parece esnobe e não é). A excentricidade é uma condição colocada pelo outro e não por mim mesmo. É uma visão dos outros, que corre de boca em boca e me rotula de alguma coisa que, na maioria das vezes, não sou de fato.

O que me parece ocorrer é que as pessoas esperam de nós uma certa normalidade (da normalidade tal como ELES o entendem). A filosofia pra mim é ferramenta….ferramenta que não sei utilizar corretamente, não sei. Fico nos filósofos mais compreensíveis, um pouco mais palatáveis como para que “falem para mim”. Enfim, falo de Deleuze porque estou lendo “Deleuze, a Arte e a Filosofia” de Roberto Machado. Um PHD que teve o próprio Deleuze como orientador. Muito bem, eu tento um pouco mesmo assim. Mas estou muito distante dos filósofos. Estou muito mais presente (ou ela em mim) na literatura. Necessito de história, muitas histórias para que eu possa continuar no meu projeto “sísifico” de me reescrever. Agora sigo adiante (sempre mais ou menos descontroladamente. Por isso vêm aqui apenas alguns poucos amigos de muito boa vontade. No fundo, eu quero dar continuidade à leitura de Gide, de Beckett, de Camus (seu lado literário e não filosófico) porque não quero me meter nessa história da briga de Camus com Sartre. Sartre, de esquerda, recusava-se a perceber os erros da esquerda, só metia o pau na direita e esse fato irritou Camus. Enfim… não é o propósito desse post e agora, no final, percebo que ele é inútil. Escrevi e não disse nada. Viva Josué Montello.

Meu gari

Ela me pergunta o que resta. Restam essas cartas, todas abertas, todas fora dos seus envelopes, todas queimando minha mão inconsciente. Passeio aqui nessa madrugada onde só meus companheiros lixeiros – ou garis ? – fazem seu trabalho esteticamente perfeito. Muitas vezes tenho vontade de deixar o livro um pouco de lado e descer, conversar com os meus garis. Olho as palmas das mãos (minhas) e pergunto-me quem mexe mais no lixo. Claro que eu sei a óbvia resposta.

Procuro o caminho novo ou a palavra exata e frustro-me por não encontrá-los, sequer saber se existem e eu, distraído, não os vi. Sei que a madrugada é a hora do recreio da alma e penso em “Faze-mes falta”. Quantos portugueses! Eu devia estar em Portugal e não aqui. Devia estar ali ou deveria estar acolá. Aqui o tempo engana, parece faltar. Tolice. Pois eu mesmo sou prisioneiro desse meu tempo! Quantas garrafas de vinho? Quantos bules de café? Quantos cinzeiros abarrotados? Meu espírito, minha pele, meus ossos. Minha expectativa… quanta!

A hora se vai. Esvai. Um mundo de secretárias eletrônicas, de cafeteiras, de micro e macro-ondas, bandas e sinapses largas (que não são). Meu tempo é a morosidade. Nunca cheguei a acompanhar meu pensamento (insano?). Por onde anda Mr. Almost?, Por onde andam minhas pessoas? Eu mesmo (o que fui), por onde ando? Em que encruzilhada tomei o caminho do labirinto e hoje dou voltas inúteis? E por quê essa caneta, esse bloco, esse livro? Para quê?? De longe, a Terra lembra o núcleo de um espermatozóide e isso me agrada. Tem lógica. Rompante de idéia logo afogada pela quantidade do borbulhante…

Palavras…

Palavra e Sombra” é um livrinho raquítico que pode passar desapercebido pelo leitor. Não passou desapercebido a José Castelo que fez sua resenha semanal sobre ele. Confio muito na resenha de Castelo e comprei o livro  É de Arthur Nestrovsky, um livro em que ele reúne magistralmente crônicas a livros brasileiros e estrageiros com acuidade, com erudição e com uma maneira de escrever agrável. A maioria dos livros que Arthur resenha eu já li e, como uma explosão um tanto utópica, me pergunto se eu percebi “tudo aquilo” em cada livro ou se é melhor reler. Porque os livros que eu leio (já que estou tão atrasado em tantas e tantas leituras) vêm de notas, comentários, resenhas, etc. Agora estou um pouco mais aliviado – com minha volta aos sebos (ainda que virtualmente). Bem, se eu pudesse esse seria um livrinho que eu recomendaria – embora ainda não tenha lido “Professor Catavento” de Henrique Vila-Matas….Penso a Literatura como a busca incerta da palavra certa numa vida outro tanto incerta.

Escrever…

Cai essa chuvinha ‘xuxu” (com X mesmo), coisa de paulista, coisa meio assim. Não me sinto no Rio. Mas estou. Estou abrigado de todo esse mau tempo, de toda essa patacoada que rola por aí. Estou como sempre sozinho e, como sempre, não sendo entendido (já desisti). E a questão sexual? Nossa Senhora, Virgem Maria me proteja, sou amaldiçoado à cada esquina, à cada pixel. Ontem li numa só tacada a biagrafia de Antônio Maria. Não gosto do Joaquim Ferreira dos Santos, das suas crônicas, mas a biografia é bacana. Bom, do Antônio Maria, né?

 

O que mais dizer? Dizer que me desdobro em atenção aos meus livros (hoje morreu o José Mindlin, um homem que amou os livros de forma arrebatadora). Acho que meu sonho de consumo era ser um centésimo do que foi Mindlin. Mas não faz mal. A gente cultua mesmo nossos ídolos. Tem gente que prefere o talentoso Zeca Bagodinho. Uns pra lá, outros pra cá.

Não quero mais escrever

OHHHHHhhhhhhhhh

Por que falta H2 OHH

 

 no Rio de Janeiro??

O rato que peida

No princípio achei que era apenas uma posição errada do carregador. Depois que ele me entregou os livros percebi que não; era corcunda. Aliás um estranho tipo de corcunda, dessas que parecem crescer diariamente como um morro em suas costas. Difícil explicar. Ele recebeu e saiu deixando-me um cartão da loja.

Abri os volumes. Eram três livros em péssimo estado para uso considerando-se que a obra foi há pouco tempo editada pela milésima vez.O preço não era justo. Telefonei então para o livreiro e disse que não estava satisfeito com a compra e desejava desfazê-la; O homem não reclamou. Depois da consulta com meu velho alquimista, fui ao livreiro e desfiz a compra sem problemas. Quando saía, percebi uma enciclopédia (edição bem antiga – de 40 anos, no mínimo) exposta no próprio chão da loja. De imediato me lembrei do conto de Borges (ou Bioy Casares?) e abri logo o volume correspondente. Ali estava o verbete que eu sempre estivera buscando sem sucesso. Perguntei ao livreiro se havia outro exemplar completo da mesma enciclopédia e ele me disse aliviado que sim, tinha e apanhou-a para mim. Como no conto, peguei o mesmo volume e, ávido, abri. Sim, o verbete não estava lá. – Nesse caso não é importante qual o verbete e sim o fato da existência do verbete numa edição da enciclopédia e a falta do mesmo numa edição mais recente (Ok, uma cidade peruana, antiga, que não existe mais – Pelo menos nos mapas – ).

Claro. De imediato comprei a enciclopédia mais antiga, a que continha o tal verbete e exigi que me entregassem a compra ainda no mesmo dia. Acompanhei o processo de pegarem a enciclopédia e amarrerem com groso cordão. Em casa, após espanar rapidamente a poeira que veio com os livros, busquei o volume com o verbete e, assustado, vi que o verbete não estava lá. Mas eu tinha certeza de têlo visto NAQUELA enciclopédia! Telefonei mais uma vez ao livreiro e perguntei se, numa distração minha, algum volume havia sido trocado por engano. O homem estranhou e me afirmou, como eu mesmo tinha acompanhado, que a enciclopédia era aquela, a que eu escolhera. Apesar do velho não ter lá muitos bons bofes, pedi encarecidamente que ele procurasse o verbete na enciclopédia que ficara na loja. Ele procurou (com enfado, imagino) e me informou que não, não havia tal verbete. Fiz uma nova busca e nada: o verbete desaparecera.

Leitor, não imagine que eu esteja sendo original. Li essa mesma avenura num conto de Borges (ou Casares, não lembro). Mas ali era ficção, um conto, e aqui falo realidade. Sentei e tomei um litro do meu refrigerante predileto. Eu suava muito e parecia que o ventilador de teto esquentava mais o ambiente do que refrescava. Procurei o verbete na internet e ele não existia. Enfim…. existira para mim no livreiro e desaparecera por completo depois? Não é possível uma coisa dessas, precisamos de lógica. Adoro, amo a lógica, muito embora eu me reconheça , na maioria das vezes, bastante ilógico.

Para hoje, aguardo a visita de uma  mulher mística (conhecedora da obra de Casares e de Borges). Por telefone, um tanto exasperado (apesar de haver ingerido potes debarbitúricos), falei com a mulher, Srta. F que me socorra em mais esse delírio que me acomete (como o do rato branco que peidava alto).

Máscaras

A proximidade (do carnaval) me lembra sempre a história dos mitos e das máscaras. Máscaras que, no fundo, são nossas personas, nossos avatares, nossos inúmeros “eus” (mesmo para aqueles que não entendem ou não acreditam em nada disso. O carnaval ‘coisifica’ o que fazemos o ano inteiro de maneira discreta). Através do trabalho, do estudo, das relações, da leitura e da escrita vamos experimentando máscaras que possam se amoldarem melhor à persoonalidade, ao instinto em que estamos no dia. Parece meio incompreensível ou falso, não é verdade? Mas é assim mesmo – até nos que não têm consciência dessas coisas que, num primeiro momento podem parecer uma espécie de engano ou aparentar  alguém de caráter claudicante. Mas não é isso. Somos todos assim, eu repito. O que incomoda é que existem pessoas que fazem mudanças enormes, drásticas, draconianas do seu “eu”. Na minha opinião é razoável que mudemos, que estajamos sempre nos reconstruindo como já disse inúmeras vezes aqui. Mas não podemos chegar ao absurdo, à troca frequente de acordo com humores porque a troca excessiva de humores nos encaminham ao paradoxo. A mudança em-si dificulta a compreensão do outro ou, pior, faz com que o outro não se dê atenção àquilo que o companheiro deseja exprimir. Esse desgaste é quase metafísico, vai além do nosso controle racional (e acho impossível a relação descontrolada, ainda que seja absurda). Nada contra o absurdo, nada contra o susto, nada contra o mar revolto. Tudo é aceitável – até mesmo o desconhecido, a surpresa – mas dentro de parâmetros em que não estejamos dentro de um… como um minotauro manso. O carnaval é a época apropriada para usarmos diversas máscaras por dia, trocarmos de hora em hora com o intuito de assustar aquele que pensava ter visto… e não viu, viu outra coisa. Exatamente para iso existem três dias de carnaval. Prefiros os mascarados de Veneza.

Mundo cão

POR QUE UM CADERNO OU UMA AGENDA DE PAPEL RECICLADO CUSTA MAIS CARO DO QUE OS DE PAPEL COMUM? RECICLA E FICA MAIS CARO??

Srta. K. ou Doce Kastor

Não sei realmente porque falei de Updike com você. Claro que tive um motivo na hora, mas realmente esqueci (e do que eu me lembro na vida?). Acuso o recebimento da nota de falecimento da Mara. Uma pena, eu também gostava muito dela. Tanto bandido ruim pra morrer por aí… Mas não existe mesmo controle sobre mortes ou nascimentos e muito menos ‘acontecimentos’. Por isso insisto sempre em ir além do Filósodo quando diz que “Deus morreu”. Não, ele nunca existiu. Mas não quero esse papo existencial. Não hoje.

Não estou trabalhando tanto como você, K.  – Assustadoramente há na minha frente um volume (um tijolo) de Dickens – A Casa Soturna -Meu momento é de projetos futuros e uma certa forma de repensar e reconstruir como sempre. Enfim, não foi uma carta agora (te mando um e.mail depois).

Beijos

G.

dor de dente

Não sei através de que reveses na vida ou o uso continuado de substâncias, drogas lícitas, cheguei ao ponto de perder-me em meu ínfimo escritório. O fato é que aconteceu. Tentei pedir ajuda pelo telefone (é para isso que ele serve – eu achava) e não consegui porque atendiam-me sempre de uma livraria, um sebo desses do centro da cidade). Verdade verdadeira que os livros que andei lendo ultimamente contribuíram um bocado para esse estado de pseudo (?)-loucura em que me encontro. Porque a verdade verdadeira é que trato-me com um alquimista que está muito preocupado com seus experimentos gasosos.

Três telefones celulares, duas agendas, quatro livros confusos, o computador, uma calculadora de camelô, dois cinzeiros abarrotados, maços de cigarros amassados, cédulas de pequena monta, potes de medicamentos de manipulação, um microfone fálico, um copo vazio e uma taça com sorvetes de chocolate amontoam-se como se quisessem me engolir – e tenho a impressão de que falta mesmo pouco. E tudo isso por quê? Porque sim. Porque procuramos o nosso botão, nossa manivela própria para desconectar e o primeiro sinal é quando a caneta tinteiro começa a vazar.

Claro que as estantes me ameaçam da mesma forma como eu ameaço (e cumpro!) castigar os volumes que insistem em esconderem-se de mim.. Quando termino por encontrá-los vão direto para uma pequena estante, algo como uma “solitária” que todos já conhecem e não gostam nada. Ficam ali, em destaque… dias… de castigo. Esse texto, aliás, foi proposto pelo jovem que veio aqui e se espantou da maneira que eu conseguia sobreviver nesse monta de papéis –  lixos uns, preciosidades outros… – tudo ali misturado como a engolfar-me ou me levar aos abismos que somente  Borges proporia… Calvino? Não sei

retalho

Não ouso com uma barata. Não quero pessoas-baratas nem baratas-pessoas. “A Metamorfose” me causa engulhos, a possibiliade de…

O banheiro é o lugar onde o sangue mais mais aparece. Cinema. Menstruação nunca se inicia no banheiro. Somente tiros e facadas, somente personagens escondidos embaixo da banheira antiga ou ainda imagens que aparecem no espelho enquanto ela se observa. Grito. Fade com trasição de 20 frames. Tudo fica óbvio porque mulheres muito brancas tem visíveis veias roxas – como uma flor que nunca lembro o nome – (acho que uma é hortência). Me parece que suspense no cinema prega mais sustos do que na literatura. E concluímos cedo que o cinema usa planos fechados das ‘vítimas’ exatamente para não percebermos quem está escondido, de tocaia. E  na hora: susto. Claro que a trilha sonora é fundamental (e livros não têm trilhas sonoras). Mas não adianta: o livro é sempre melhor.

O livro mexe com nosso consciente e com o inconsciente, com a dor e a necessidade premente como se ‘fora do tempo’: o livro está ali.  Os escrevinhadores são seres desalmados que não se penalizam de nada nem ninguém e colocam para fora, no papel, todos os surtos, todos os estados catatônicos, toda a sujeira da mente exposta à crianças de quarenta anos.

O escrevinhador é um deus que joga dados conosco o tempo todo e jamais deixa de vencer, jamais se abala (com todos os seus dentes cariados e feios, seu mau hálito, suas badalhocas). Galopo no cavalo negro em busca de albergues, de pousadas vagabundas de beira de estrada e o céu pode ser vermelho.

sobre as coisas

Lendo, lendo e lendo. Coisas boas e más… O queridinho da hora é Martim Page, o modernoso de livros curtos e simples. Francês. Li todos. São livros bastante leves e até engraçados. Não os levaria para uma ilha deserta simplesmente porque precido de Trama e DRAMA. É um equívoco: viver só (e evitar pessoas) não é só neurastnia. A Excentricidade muitas vezes advém do existencialismo e não, necessáriamente, do niilismo – como as vezes é confundido. A referência que tenho mais forte é a solidão no líquido amniótico. Lá pode e aqui não? Por que? Por quê “lá” é normal e aqui neurose? Parece que é simples: o ser humano não consegue assumir todas as responsabilidades pelo que faz e diz e, quando em grupo, dissolve esse “peso”, essa “cruz”… Isso é traduzido em vários signos e símbolos, como o casamento, os amigos do peito, os simplesmente amigos e os colegas. Grupo. Homem: ser essencialmente social. E se você não quer fazer parte dessa tribo meu irmão… você é doente e excêntrico. Se afastam (o que não é ruim) de você e, um tempo depois, você é deletado do inconsciente pessoal e coletivo. Você não existe. O mesmo com o ateísmo. Parece que você chegou aqui para incomodar os outros. E não nego. Mas incomodar não é a palavra certa.

Se eu espermatozóide venci a corrida, tenho o direito de criar a minha vida, vivenciar meus momentos da maneira que mais me agradar e ser -MUITO  responsável por mim mesmo. O Existencialismo bate nessa tecla: você é responsável totalmente pelo que faz. E se a vida é o jardim (feio ou bonito) da minha casa/vida, planto então o que quero e bem entendo. Imagino que seja bastante chato conviver com pessoas assim. Chato não: conveniente ( por isso Borges, Calvino, etc.). Em nome do “social” os homens “camkinham” vagarosamente aceitando tudo que a vida e deus acham certo. Como gado indo feliz para o abatedouro. Não pertencer a essa fila é como ser um marciano (obviamente verde). A irrelevância das coisas comezinhas da vida não são levadas em consideração. O homem comum não se apercebe da impossibilidade da “normalidade”. Normal? Normal é gado? É a crucificação de quem “se atreve” a pensar com seus próprios neurônios (sejam poucos ou muitos). Daí toda a filosofia e antropologia do filme MATRIX, por exemplo (pena que deram continuidade fazendo o 2 e o 3 duas belas porcarias).

São flores roxas em jardins etéreos, verdadeiras holografias de um mundo que se reparte um milhão de vezes e mantêm sua unidade, o seu todo. Ou seja: sou o todo repartido um milhão de vezes. Os milhões ou bilhões de pessoas que optam por essa alternativa, já que a vida é única e finita, não são  astronautas catatônicos nem elfos ou pirilampos de uma amazônia nórdica. Somos a realidade que, como a areia fina, escorre entre nossos dedos. – ...e junta-se mais adiante….

P.S. Não esquecer do livro de Philip Roth em que ele conversa com Primo Levi, Isaac B. Singer, Milan Kundera, Saul Below – saudade ! – e muitos outros.

do front

Olhando por determinado prisma (sim, esférico) reconheço que 2009 foi para mim um “ano Não”. Desses anos que não deviam existir assim como não existem décimos terceiros andares em alguns prédios americanos. Foi tudo muito confuso e creio que cansarei vocês com um número mínimo de posts suficientes para explicar tudo. Assim, proponho uma anistia. Nem me perguntam nem eu conto nada sobre 2009. Na verdade não há nada de muito errado, nada escatológico, nada digno de nota. Como disse: “UM ANO NÃO”.

Estou em dívida com a minha eterna musa, a Kastor, com O Pior Homem do Mundo e outros poucos sobreviventes que ainda vêm aqui. E a verdade é que têm encontrado somente escombros. Em 2009 eu não escrevi e nem li uma única linha. Brabeira. Na verdade estive preso do outro lado do espelho (sem lamentações). Como a pane foi relativamente grave tive que me reconstruir em grande parte e em lugares sensíveis. Mas consegui. Consegui sorrir de mim mesmo, consegui perceber melhor ainda o nascer do sol… Continuo uma pilha inenarrável de dúvidas. Continuo sem saber como estão totalmente as coisas,  muito menos como será amanhã. Mas admito o amanhã. Os atores que tentaram me dar uma rasteira foram todos devidamente defenestrados, detonados, o que me deu enorme alegria. Mas nada de vinganças pueris. Eles chegaram ao fim e eu renasci. Em breve mando notícias do front.

Meus Caros Amigos

Eu sou pleno de felicidade por saber que tenho poucos, mas fiéis amigos. E amigo é aquela coisa única, não é verdade?

E por um tempo eu sumi. Não de propósito ou seguindo algum planejamento. Sempre disse que eu me construo e me desconstruo. Essa, me parece, é uma dessas fases.

Resolvi dar uma descida ao fundo do poço para ver como andavam as coisas por lá… no extremo do meu íntimo e, de certa forma, do meu inconsciente.

Passei um tempo grande sem ler também (não conseguia me concenttrar na leitura (agora estou relendo O MUNDO DE SOFIA).

Parece que encontrei tudo em ordem em mim mesmo e, ainda assim, resolvi por uma desconstrução e uma nova construção. Estou nesse processo. Minha saúde está boa. Minha mente está o que sempre foi: claudicante.

Mas está tudo bem.

Beijos

… do Olimpo

Cavernas existem para serem exploradas. Morcegos existem para serem enfrentados. Não agimos assim na vida. Deixamos os buracos escuros em pedra para os mais valentes – que não aparecem nunca. E daí a imortalidade milenar das cavernas. Pois dessas cavernas existe muito em nós, bem naquele cantinho que fingimos desconhecer, aquela reentrância quase secreta (nada é secreto) que carregamos como se, de fato, não existisse. O atavismo da caverna remonta ao atavismo do homem bruto que existe em cada um de nós. Esse universo pré-histórico que temos mais ou menos visível. Como um plácido camponês aproxima-se de nós uma besta fera – que muitas vezes nos devora e só tomamos conhecimento quando já fazemos parte das suas entranhas. Nos debatemos então num mar de suco gástrico que corroi nosso discernimento, nossa visão mais romântica da vida. Habitamos então o gigante verde de um só olho e não nos debatemos diante da carnificina que virá em seguida. O humanismo é deixado de lado pelo próprio humano (ou ilusão do humano que temos). Às vezes penso que somente Dom Quixote foi realmente plenamente humano. Mas tudo não passa de sonhos, bem sei. O sonho é a realidade que tenho em mim, o sonho me livra do inferno, da danação. Assim consigo me manter junto aos meus “iguais” porque eles também sabem o que são e, igualmente, se utilizam dos sonhos, se utilizam das artes para amortecer o que queima tanto por dentro. E temendo a autofagia que mora em nós, distraio-me com plantas e flores, automóveis ou metralhadoras, qualquer coisa que tire a mira que tenho em mim mesmo, solerte que sou. Acabamos alçando vôo e aí aparecem nossas asas negras de fuligem, nossas  verdades não aceitas e o desejo de todos de chegar ao Olimpo.

Parangolé de mim

A relação com seres humanos é nociva até para seus iguais e só vence mesmo a barata. Tento me reenquadrar socialmente e o que acontece é o caos, é um misto de anti-apocalipse ou implosão de apocalipse como se a Terra fosse engolida pelo seu próprio buraco negro. Me assusta essa antropofagia de terror cibernético e me refugio numa espécie de plataforma virtual onde tenho a possibilidade de jogar o game ancestral assim como deus joga dados. Fujo da merda jogada por catapultas mediavais e subitamente me torno um templário do terceiro milênio, um soldado ferido que ficou para trás na Segunda Guerra e encontrou uma enfermeira que cuida de suas feridas aparentes sem ver o interior minado, doente, podre.

Caminho errante um um Portugal cheio de armadilhas intelectuais e bejo,  um feliz Fernando Pessoa de barro. Tudo é felicidade no vinho, na música, no colorido das roupas da moça de aldeia, no gentil cavalheiro de chapéu de palha vistoso. Não tenho muito para onde me movimentar e percebo que enfim a terra é um tabuleiro de jogo antigo, a Terra transborda porque não é mesmo redonda, porque não existe Rotação e exitem figuras sem cor – cinza sobre cinzxa respeitando apenas tonalidades diferentes da não cor. Folheio Josué Montello e choro pelo tempo que não vai voltar, pelo que fui e pelo que não sou. Caminho perdido entre enormes peças de xadrez como num labirinto mental, numa idiossincrasia própria a mim e a mais ninguém. Decepciono-me um pouco mais com homens que conheci e levaram meu cavalho malhado, deixando-me de pé nessa chuva torrencial.

Torrencial é o espaço-vida em que me aventuro mesmo sabendo o resultado, o Fim de Jogo de Becket, mesmo sabendo a cor dos que saem de dentro da mina de carvão, mesmo sabendo que o céu, o sol e a chuva são tão somente efeitos das artes produzidas em videografismo, brincadeiras de um pintor pós-moderno. O sol vai se apagar e talvez seja a hora de lentamente, retirar minha roupa de dândi tropical (afinal os parangolés pegaram fogo e os homens erraram de novo a meu respeito).

… determinadas ilusões

O rosa do amanhecer me lembra a boneca de pano da minha avó, a boneca de pano que somos todos, fantoches de ilusões ilusórias. Entendo melhor avatares do que pessoas, bonecas do que avós, soldados de chumbo do que empreendimentos. Não fui empreendedor nesse sentido comezinho da palavra. Deixei cantar o rouxinol, dei ouvidos às corujas, me destemi diante de crânios já descarnados e javalis prontos para o abate. Não me adaptei à solidão do campo, não vi sinceridade em todas as lágrimas e, talvez por isso, não tenho lágrimas em meus olhos mesmo nas adversidades. Os motivos para as lágrimas são os mesmos dos suicídios e o querosene é inflamável e veloz porque assim convencionei.

Hoje percebo que, se ofereci pouco no passado, ofereço muito menos hoje, hoje sou efêmera folha de papel virtual, sou uma possibilidade que está no espaço (de zeros e uns) e só é percebida por nós. (Uma árvore enorme que cai numa floresta totalmente deserta faz algum barulho?) O que não percebo não é. E se o outro não me percebe é simplesmente porque não sou e não poderia ser de outra maneira ===> outra maneira seria minha negação, seria minha eterna diáspora que não reencontra porto seguro, não vê continente nem luz (nem a das estrelas) e se vou em frente, da mesma maneira não é por valentia ou espírito desbravador e sim pela dúvida entre o profano e o sagrado

Susan

“As idéias perturbam a regularidade da vida….

E o que é ser jovem durante anos e de repente despertar para a angústia, a premência da vida?

É ser alcançado, um dia, pelas reverberações daqueles que não acompanham, escapar da selva aos trambolhões e cair num abismo.

É, então, ser cego aos erros dos rebeldes, ter ânsias dolorosas, completas depois de todos os opostos da existência da infância. É o ímpeto, o entusiasmos frenético, imediatamente submerso numa enxurrada de autodepreciação. É a consciência cruel da própria presunção… (…)

É a retratação do sentimento pela própria família e por todos os ídolos da infância. É mentir…. e o ressentimento… e depois o ódio… (…)”

Sontag

Pensando alto

O conhecido me pergunta porque deixei o blog de lado. Por um momento pensei em contar-lhe a verdade, mas deu para me conter à tempo e fazer cara de árvore. Finalmente (nessa terceira idade) aprendi a me conter, controlar minha língua em muitas situações (o que me dá uma sobrevida (linda palavra) menos conturbada). Angústia é o que me passa, o que se passa e os motivos são igualmente variados e únicos. De brincadeira fala-se de uma certa excentricidade, mas é só mesmo brincadeira. Muitas vezes percebo que a coisa é muito mais séria (outro problema se apresenta: não tenho mais nenhuma paciência com problemas, com situações difíceis, etc, etc).

Os livros estão ali, naquela quina de parede vermelha. É uma pilha razoável de autores interessantes. Falta tempo, falta o hoje, falta a capacidade desses olhos cansados buscarem luz e lentes para decifrar letras, umas colocadas atrás das outras, nessa esperança de recriar o universo, de recriar você, de recriar-me, por fim.  Ou somos a criação do que está ali, naquela pilha? Sei que tudo pode ou tudo “dá”, mas falta algo, alguma coisa parecida com a ânima universal ou coisa parecida. Tem a necessidade de produzir alguma coisa rapidamente já que o tempo entrou em desabalada correria no enfraquecimento da emoção. E me desfaço, me assusto e me refaço outro, diferente, incomparável com o ontem… com os sonhos e as letras desse mistério,  principalmente esse ‘ontem mais distante’…

Talese

Hoje mais ou menos entusiasmado com os livros de Gay Talese como em priscas eras me entusiasmei com outros jornalistas (começando por Capote, claro). Verdade quando dizem que me entusiasmo ora por esse, ora por aquele, que sou dado a “paixonites” literárias independente do calibre dos escritores. Sim, tudo verdade. Sou assim desde muito jovem, desde os primeiros livrinhos de aventuras escritas pobremente e, depois por Meigret. Coisas do tempo, coisas que todos nós temos (ou tivemos) bem antes de entrarmos no modernismo. Coisas de antes de Euclydes, de antes, muito antes… Por falar em jornalistas, não esqueçamos Wolf... Mas não importa: agora é Talese. É bom conhecer um pouco do submundo que habitam esses homens que transformam fatos às vezes corriqueiros em grandes histórias.


Ela…

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"A descoberta do Prozac criou um universo de eunucos felizes"

"É-nos impossível saber com segurança se Deus existe ou não existe. Por isso, só nos resta apostar. Se apostarmos que Deus não existe e ele existir, adeus vida eterna, Alô, danação! Se apostarmos que Deus existe e ele não existir, não faz a menor diferença, ficamos num zero a zero metafísico" Albert Camus

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""Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia. E, no entanto, o leitor se desgasta, se esvai, em milhares de livros mais áridos do que três desertos."
Nelson Rodrigues

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