Arquivo para 9 de setembro de 2007

Os domingos mais uma vez

Nada me convence do contrário e volto a dizer que o domingo é um dia insuportável, um não-dia, são horas e horas que a gente fica fazendo essa e aquela futilidade, essa e aquela coisinha desnecessária, tudo pra ganhar tempo, pra ver as horas caminharem (e elas não passam!), empurrando sempre pra frente a expectativa da segunda feira. Segunda feira que é tal mal vista por muitos, mas esses talvez não percebam como o domindo é deplorável. Eu tenho pressa em que tudo aconteça de uma vez, tudo role como tem que rolar pra eu deixar isso aqui e ir em frente, seguir mais e mais, seguir caminhos que estão me aguardando, coisas a serem feitas, sabe?

Essas coisas que eu vou sempre empurrando pra frente, sempre dizendo que ‘amanhã eu faço’ e esse amanhã não chega porque eu não deixo, eu manipulo todas as possibilidades de amanhã que me aparecem. Aliás, quando eu me olho bem,  percebo um manipulador de mim mesmo. Não me imcomodo, de qualquer forma. Quando a gente não tem o que fazer toma Coca Cola e quando não tem o que escrever, conta que tomou. Mas não é verdade, brincadeirinha. Aqui eu tenho pra dizer sim, essas coisas que a gente precisa dizer como quem faz um laboratório teatral.

É isso. Minha vida é um psicodrama, tudo com roupagens de teatro, mas que tem implicações psicológicas e filosóficas (o que sempre termina me deixando numa saia justa). Eu começo, entro de cabeça nas questões e depois fico choramingando  pelos cantos, acho que com um certo e saudável dó de mim (sim, pode existir sim) porque começo a buscar as saídas e a não encontrar. Deixo o livro por instantes de lado e dou uma navegada por aqui. A maioria do que encontro é lixo. A internet tem lixo demais, realmente eu não me conformo.

Bem verdade que não sou obrigado a ler nada por aqui, posso ler livros ou jornais (mesmo velhos) porque as coisas não se alteram muito. Mas eu fico fuçando pra ver o que fazem, manda minha curiosidade, mas minha decepção é sempre grande

Trocas

Na hora de mudar de template peço ajuda a quem eu confio. Me sinto mais seguro assim. Parece bobagem ( e é), mas é assim mesmo. Vou ver como funciona a história por aqui. Já quanto ao banner houve discordância. Nesse ponto não estou bem certo. Preciso pensar um tempo. Usarei para ler poesia (que é como canja de galinha – nunca faz mal).

Dorian Gray

Parece que acontecem muito poucas coisas nesses espaços de tempo que chamamos ‘dias’. Imagino que um dia seja uma medida bastante grande de tempo (transforme em segundos!) para o que acontece nele (dia). Muitas e muitas vezes não acontece nada, e cada vez que olho o relógio, vejo os ponteiros andando em direlção anti-horária, quer dizer, se o relógio anda para a frente, meu tempo está andando para trás, não é verdade? E quando você chega ao término de um livro, o que acontece? É menos um livro, foi mais um tempo que você gastou, mais um período creditado na sua conta.

Isso (em mim) pode estar muito associado ao medo de morrer que as pessoas vão começando a sentir depois de uma certa idade, depois que passa a euforia juvenil do ‘super-homem’. E, muito provavelmente, eu devo ter medo de morrer. Eu sempre disse que não, que era bobagem e que eu não tinha medo nenhum porque morrer é simplesmente voltar ao pó. E é. Mas quem disse que eu estou com vontade agora de ser pó? Eu posiciono as coisas em retrospectiva e fico avaliando possibilidades de vivência profunda. E acho que não me saio de todo mal, apesar das minhas limitações, eu tenho minhas investidas boas.

Mas vai chegando o tempo das doenças se instalarem, as deficiências, do organismo inteiro não responder mais como antigamente, das coisas irem ficando mais difíceis, mais pesadas de serem levadas. Isso é um fato inqüestionável e é mentira fingir que não, que está tudo bem, que as coisas não estão fora do lugar. Estão, vão ficando pouco à pouco, tudo na gente vai se alterando muito vagarosamente e, quando abrimos os olhos, pimba! Tá lá, instalado! E se é assim com todo mundo é meio ridículo a gente querer que não aconteça o mesmo em nós, mas aí é que está: nessas horas esquecemos o ridículo ou o deixamos de lado!

Eu já disse aqui que dá muita agonia saber de todos os livros que ainda não foram lidos, todos os filmes e peças teatrais que não foram assistidos, da curiosidade pelas coisas tecnológicas que vão rolar daqui a dez anos, sei lá. São muitas coisas que nos passam na cabeça, muitas coisas que deveríamos ter feito no momento oportuno e deixamos aquele momento passar e ele não vai voltar mais, pelo menos não como foi daquela vez… Uns me dizem que isso tudo é doideira, mas a maioria se cala, pensando em si mesmos.

Essas expectativas são angustiantes normalmente, agora quando você tem outros elementos envolvidos, outras coisas que te prendem ainda mais, aí a coisa fica meio séria, fica angustiante demais e a gente coloca então o cérebro pra funcionar e acaba um teórico não no sentido de erudição, mas no sentido simples mesmo, de pensar nas coisas e avaliar todas as possibilidades em torno de um idéia (que pode ser boa ou má). Mas isso é uma outra história que, oportunamente, eu falo.

Já escrevi exatamente tudo isso aqui com outras palavras… Acredito que, vez por outra, eu precise exorcizar meus demônios, precise tentar me desfazer do Dorian Gray que (nos) me habita.

Minha expectativa em alterar o estabelecido pensando numa nova ordem para as coisas

Muitas vezes me pergunto que caminho estou realmente trilhando. Tenho várias respostas pra isso, mas não me satisfazem, não estou de acordo com um determinado ineditismo que sinto em meu espírito, uma coisa nova, dessas que a gente vai sentindo quando chega numa cidade desconhecida. Li em algum lugar sobre o prazer de chegar a uma cidade desconhecida. Eu não sinto nada disso, prazer algum. Prefito mil vezes saber que se eu andar um pouco vou ver os Arcos da Lapa e se andar mais ainda verei o parque do Flamengo com sua água poluída sim, mas de uma beleza incomensurável no conjunto da obra. E o que vale é o conjunto da obra.

Faço a mesma pergunta a mim mesmo: eu sou o que sou nas coisas pequenas, nos atos e atitudes cotodianos ou sou um conjunto de obra, ou seja, só posso me analisar e me perceber como um todo, um conjunto de fios invisíveis que se trançam, mas têm lógica e redundam no produto EU, essa coisa tão indivisível, tão complexa que não só, muito amiúde, os outros não entendem como eu, ao me observar no espelho para fazer a barba, também não entendo?

Mas as coias me incomodam, me grilam, me deixam com raiva como agora que saiu o último livro do Philip Roth e a crítica mete o pau. Eu vou comprar e ler e sei que vou gostar porque, ao lado de John Updick e Saul Bellow, Roth é o melhor escritor americano do momento. Não entendo muito como Roth ainda não ganhou o Nobel de Literatura (deve ser cheio de jogadas e interesses, essa história de Nobel – pronuncia-se Nobél com agudo no E). Então essa critica me irrita. Pode até ser que o livro não seja o melhor dele, mas crítico brasileiro é muito chinfrim, é incapaz de escrever uma linha e fica metendo o pau nos outros, mesmo em pesos-pesados como Roth (José Castelo não está nessa lista, é um excelente crítico). Eu só sei que essa história é boba, chata e não se sustenta.

Aliás, essa história de sustentação é engraçada porque ela me disse que eu escrevo minhas paranóias e preparo toda a sustentação, a argumentação para elas. Fiquei pensando nisso um pouco e concluí que ela tem razão. Eu falo as coisas e faço a tese que poderá sustentar o que eu digo. Deve ser, com certeza, insegurança minha. Imagino que aconteça o seguinte na minha cabeça: se eu não estou dizendo o óbvio, dizendo sim alguma coisa que vai de encontro ao estabelecido, essa coisa vai ser qüestionada e tal e então já faço logo minha defesa, a sustentação do que eu disse. Deve ser isso. Resta saber se eu estou dizendo coisas minimamente coerentes ou não. Eu até acho que não, que não são coerentes, mas que podem ser idéias diferentes.

Ter idéias diferentes não é pecado, não é para ‘aparecer’, é simplesmente, deixar a cabeça voar, deixar outros pensamentos entrarem, ou propostas que vão de encontro ao já estabelecido, que mexem com a cabeça de gente, nos fazem pensar e tal. Mesmo que seja uma bobagem. Me perguntaram se eu não canso de ficar pensando em coisas diferentes, ‘remando contra a maré’. Não, não canso. Me canso é de ficar assistindo tudo na galeria, como se eu estivesse no mundo à passeio. Não estou. Verdade.

Não quero também ser diferente nem polêmico, não é isso, eu quero poder pensar, entender as coisas como elas se dão e como as pessoas chegam a conclusões que viram ‘cláusulas pétreas’, tipo é porque é. Eu não acho. Não acredito em nada que tenha a explicação do ‘é por que é’. Essa resposta sempre me deixa ansioso em estudar aquela história e pensar à partir de um ponto contrário a ela. E se não fosse assim, se fosse o contrário? Daí vou pensando (e muitas vezes me convencendo) e acabo eu sozinho com aquela argumentação toda, com aquela ‘nova verdade’ no meu colo, como se fosse uma bomba prestes a explodir. O que eu faço? Jogo a bomba longe, em direção a todas as pessoas de forma a que elas também tenham que pensar. Pode ser isso. Pode não ser.

Disseram que é uma simples mania minha. É possível, não nego. Posso ser uma pessoa meio do contra e atribuo isso a uma série imensa de experiências que tive ao longo da vida, experiência agradabilíssimas e experiências terríveis, daquelas que dá vontade da gente saltar do mundo. Acho que sou feito de todas essas partes, de todas essas possibilidades. Eu hoje tenho certeza de que não sou um monolito sólido como o do filme 2001. Não. Sou maleável e blá. Briguento muitas vezes, mas sempre pronto a voltar atrás no que eu disse, repensar as coisas e, se for o caso, pedir desculpas (que raramente são aceitas, mas aí já é uma outra história).

De vez em quando sinto necessidade de fazer uma auto-crítica e explicar mais ou menos como as coisas se dão em mim, porquê chego a determinadas conclusões e porquê é desesperador ter sempre gente do contra, gente esperando eu falar pra criticar

 


Ela…

Ela...

Trocas

e-mail



Mini blog



"A descoberta do Prozac criou um universo de eunucos felizes"

"É-nos impossível saber com segurança se Deus existe ou não existe. Por isso, só nos resta apostar. Se apostarmos que Deus não existe e ele existir, adeus vida eterna, Alô, danação! Se apostarmos que Deus existe e ele não existir, não faz a menor diferença, ficamos num zero a zero metafísico" Albert Camus

Visite:
wwwgeraldoiglesias.blogspot.com

""Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia. E, no entanto, o leitor se desgasta, se esvai, em milhares de livros mais áridos do que três desertos."
Nelson Rodrigues

Do que se gosta?

  • Nenhum

Tempo…