Arquivo para 13 de março de 2007

o dia se encerra não quando se encerra, mas quando…

o dia se encerra não quando se encerra, mas quando tomo os barbitúricos que vão me fazer adormecer, um sono de início pesado que vai se fluidificando com o passar das horas… imagino que um sono ideal seria com um soro na veia que administrasse gota a gota barbitúricos regularmente pelo período de horas que eu quisesse…. talvez eu optasse por dormir seis horas… ou 24…ou 48

pensei em escrever alguma coisa sobre o dia de hoje, mas não tem nada. estou completamente vazio. não produzi nada, tampouco. a personagem do livro que estou finalizando, informada do câncer no seio e da porcentagem de chances de sobreviver, diz que não deu o devido valor aos dias, às horas… é um pensamento estranho esse (que deve ocorrer mesmo), mas se sabemos que a morte virá de qualquer maneira, por que então não vivenciamos a plenitude de cada minuto? por que isso só acontece quando o médico informa quanto tempo teremos realmente de vida? não sei.

tá…. prenderam o cara que estuprou uma menina de…

tá…. prenderam o cara que estuprou uma menina de um ano e sete meses… e agora? faz o quê?

posso ser encontrado também rabiscando meu guardan…

posso ser encontrado também rabiscando meu guardanapo de papel

o fim anunciado

claro que eu posso estar errado, mas acho que minha mãe está muito, mas muito próxima da morte. inclusive é assim: ela resolveu se matar. resolveu que não quer mais viver. simples assim: não quer mais.
o psicótico, quando é suicida, comete o ato dessa ou daquela maneira e o fato da morte se consuma ou não. quando não morre, depois de tratadas as feridas auto-impostas, interna-se o psicótico numa instituição especializada e faz-se o tratamento necessário com anti-depressivos associados a anti-psicóticos como o haloperidol, por exemplo.

depois do equívoco acadêmico da década de 70 de condenar o eletrochoque, hoje em dia os médicos e cientistas têm claro que, para os casos de depressão resistente à via medicamentosa, a terapia com os eletrochoques é extremamente bem sucedida. depois da série de choques o paciente se recupera e volta ao convívio social. ponto final.

a doença da minha mãe enveredou por um outro caminho, muito mais perigoso por ser técnicamente mais ‘sublime’, subliminar, tortuoso. ela não corta os pulsos nem jamais cortará. apenas decidiu não viver mais. e uma decisão dessas dificilmente pode ser impedida, eliminada. principalmente depois da morte da minha tia, há dois anos, minha mãe foi parando tudo, aos poucos, de maneira muito singular, invisível mesmo ao olhar de um profissional psiquiatra.

ela vai às consultas com o médico, aceita o dignóstico e se compromete a tomar a medicação. Mais: ela toma toda a medicação de anti-depressivos o que, em tese, ‘ajusta sua serotonina’. os médicos não perceberam que, ao longo dos meses e anos, ela foi colocando em prática o seu plano de não viver.
deixando de freqüentar pessoas, lugares, dormindo um pouco mais, perdendo a capacidade cognitiva, diminuindo muito gradativamente a alimentação e outras coisas mais… médicos, amigos e conhecidos foram atribuindo toda essa sintomatologia à tristeza natural da perda de um ente querido somado à sua idade avançada.

o que ninguém percebeu é que minha mãe não vivia simplesmente. ela vivia na minha tia. sua vida estava equilibrada na medida em que ela falava com a minha tia por 2 minutos ao telefone ou passava 3 horas de uma tarde de fim de semana em sua companhia. nem isso era necessário, ela se bastava em pensar na minha tia, em pensar no que diria quando estivessem juntas. só esse pensamento, a possibilidade de… já era suficiente para o seu equilíbrio psiquiátrico.

minha mãe morreu no mesmo dia que a zilka morreu. na mesma hora. sem ela, deixou de existir a possibilidade de estar viva. e assim ela, muito sorrateira e gradativamente foi deixando de lado todas as coisas que mantém uma pessoa viva. tudo feito com muito vagar. ela não deixou de ir a cardiologistas, por exemplo, nem de fazer exames nem de tomar os medicamentos de rotina comuns à sua idade. nada. ela apenas deixou a essência da vida de lado.

em dois anos, depois de muita psicoterapia, muita psicálise e caminhões de anti-depressivos, ela hoje é um mulambo, uma velha acabada que parece ter o dobro dos 80 anos que tem. ela agora deixa de ir a rua comprar comida, deixa de comer, beber, vai deixando tudo. a amiga vizinha leva comidinhas pra ela, leva ela a um cineminha de vez em quando, eu converso longamente todos os dias com ela. tudo em vão. ela não quer mais.

já pensei numa atitude mais extrema como interná-la para tratamento com eletrochoque, mas não é possível por causa da sua idade avançada. todo mundo tentou tudo (apenas o meu irmão não tomou conhecimento, apesar dos meus avisos, mas ele não se envolve de maneira nenhuma) e a verdade é que ninguém conseguiu. ela está seguindo o que resolveu há dois anos atrás no dia da morte da zilka (e dela).

hoje é dia da entrega do prêmio de teatro zilka sallaberry. os organizadores desse evento desde a primeira hora envolveram minha mãe de todas as formas. ela compareceu na cerimônia de criação, do lançamento do prêmio.
hoje eu falei com ela no telefone. trato de vários assuntos como a violência no rio, o calor que anda fazendo, meu envolvimento com novos trabalhos, etc. ela ouve calmamente, responde à tudo. por fim, ela me diz que a entrega do prêmio é hoje e eu falo com naturalidade que será legal e tal, que pelo menos ela vai se emocionar no evento, etc.. ela aguarda o final do telefonema para me dizer que não está com vontade de ir, que certamente não irá (embora tenha companhia).
por entendê-la, digo então que é isso mesmo, que se não sente vontade, que não vá.

diante de tudo, desejo então que ela encontre a morte de forma rápida, que não fique sofrendo nas UTIs, ligadas naquela aparelhagem toda. que sua vontade se realize e ela morra em paz.
fim.

a patética fadinha dos blogs

eu estou fazendo um trabalho em outros blogs, como tenho anunciado, nada de importante, mas a possibilidade de espalhar algumas coisas necessários por aí, quando fui surpreendido pelo e.mail de um amigo. Eu na verdade, como sou tolinho, nunca percebo nada: quem vem aqui, quem vai, quem transita e o que faz. não sei de nada mesmo. não sei nem quantas pessoas entram e blábláblá…. sei apenas dos e.mails que recebo, comentando esse ou aquele escrito.

pois este preâmbulo é para contar que, de fonte segura, sei que a titular do SubRosa (pronto, se quer propaganda, aí está!), tem andado por aqui. para quem não lembra exatamente, mas tem ainda na cabeça, trata-se de uma velha que, por anos, zanzou na internet, nos tempos que esse era um espaço menos democrático, de mais difícil acesso com um blog que reproduzia essa ou aquela poesia e fazia lá suas críticas.

a tal velha falava de sua posição cultural, de querida no meio acadêmico, ‘pendurando’ na internet títulos de professora disso e doutora naquilo (acho que era de literatura alguma coisa – não era comparada não)… enfim, não lembro direito, mas a tal velha fez muitos conhecimentos, passou a se relacionar com algumas pessoas por email, a telefonar para outras tantas e assim foi ficando. daí aconteceu de outras mulheres com seus blogs criarem uma espécie de rede de amigas onde trocavam informações, receitas de pudim e poesias. e ela, a pessoa de quem falo se denominava ‘a fada dos blogs’.

bom, se está chato demais, pule para outro post ou outro blog que eu vou entender perfeitamente :)
essa velha era chata pra caramba, completamente por fora de tudo e se metia na vida alheia que era uma beleza. ensaiou comigo e eu mandei ela tomar no cú inúmeras vezes.
essa mulherzinha absolutamente desinteressante falava em alto e bom tom que sofria de um câncer terminal, que sofria muito e blábláblá… com isso, acredito que as pessoas ficassem penalizadas e a tratassem com a deferência que todo paciente terminal merece.

e agora, um belo dia recebo um e.mail de uma amiga dizendo que a velha tinha morrido. pronto, morri de arrependimento por ter xingado no passado e tal e coisa. a notícia se alastrou pela net causando mesmo uma certa comoção entre os poucos amigos do seu círculo. logo depois outro e.mai e a comprovação de que a mulher não morreu coisa nenhuma, estava fazendo um showzinho na esperança de angariar alguma notoriedade. eu coloquei a boca no mundo aqui e várias pessoas colocaram.

claro que não ganhou notoriedade alguma, apenas o escárnio das pessoas que, num primeiro momento, acreditaram na tal morte. e, como ela em vida já não era ninguém, ressuscitada então foi um fiasco! agora, rediviva (talvez ela seja uma espécie de zumbi patético!) anda por aí, fantasma velho e sem dentes, arrastando as correntes do seu fracasso e deixando suas pegadas com o seu IP 201.9.195.110.

insepulta, visita um e outro sorrateiramente, tolinha, jeka, patética. um nada que pretendeu através da mentira ser uma coisa e não conseguiu. criou então outra mentira, maior, mais comovente e também fracassou sendo desmascarada. não imagino o quê, mas talvez ela esteja se sentindo beneficiada de alguma forma… o que eu fico pensando é que não se faz mais câncer terminal como antigamente…


Ela…

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""Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia. E, no entanto, o leitor se desgasta, se esvai, em milhares de livros mais áridos do que três desertos."
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